terça-feira, 19 de maio de 1992

História do Dinheiro no Brasil – 1ª parte.

 

História do Dinheiro no Brasil – 1ª parte.

 

A criação do sistema monetário provincial para o Brasil, em 1695, não repercutiu no Estado do Maranhão. Ali, o meio circulante era constituído pelo- algodão em fio e tecido. (Dinheiro do Brasil - Museu do Banco do Brasil).

 

Figura das 4 moedas....

 

Finalmente, em 1748, atendendo aos reclamos da falta de numerário, foi decretado que se cunhassem, em Lisboa, moedas de ouro, prata e cobre para aquela região. A fim de atender à população das Minas Gerais, que se mostrava insatisfeita com a absorção de todo o seu ouro pela Metrópole, foram batidas em Lisboa, para que corressem naquela Capitania, moedas de cobre de XL e XX réis com a legenda AES USIBUS - APTIUS AURO ( "O cobre para os usos é mais conveniente que o ouro" ). Proibido o emprego do ouro em pó ou em pepitas como moeda, foram criadas, no século XVI11, as Casas de Fundição de Vila Rica, Sabará, Serro Frio, Rio das Mortes, São Paulo e Cuiabá. Nesses estabelecimentos, deduzido o quinto - imposto de 20% cobrado pela Coroa - o metal era fundido em barras. Estas, acompanhadas de guias comprovadoras da legítima posse, eram posteriormente restituídas ao seu portador.

 

Durante o reinado de D. José 1, de 1750 a 1777, apareceram as moedas de prata nos valores de 600, 300, 150 e 75 réis. Eram conhecidas como da "Série J", por trazerem  em destaque a inicial do monarca. Cunhadas na Bahia e no Rio de Janeiro e destinadas ao resgate do ouro em pó, tiveram circulação restrita às comarcas mineiras. A moedagem de ouro no reinado de D. Maria1compreendeu duas fases: uma, de 1777 a 1786, em que a soberana aparece acompanhada de seu esposo, D. Pedro 111; outra, de 1786 a 1805, após o falecimento do Rei, quando passou a ser retratada sozinha, com véu de viúva e, mais tarde, com toucado e jóias. As moedas de cobre que aqui circularam nessa época foram fabricadas pela Casa da Moeda de Lisboa. Em 1799, por economia de metal, o governo ordenou a redução de tais moedas à metade do seu peso. Tornando-se precário o estado de saúde da Rainha, seu filho, o Príncipe D. João, assumiu o governo em 1799, na qualidade de Príncipe Regente. As emissões com esse título, no entanto, começaram somente em 1802. A mudança da corte portuguesa para o Rio de Janeiro em 1808 acarretou grandes gastos. Isso levou-a a tomar medidas visando ao aumento das rendas e ao equilíbrio das finanças. Autorizou por exemplo a aplicação de contramarca nos pesos hispano americanos de 8 reales, aumentando o seu valor de 750 para 960 réis.

 

Figura das moedas de D. João V e outro

(Dinheiro do Brasil - Museu do Banco do Brasil)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A partir de 1810, como surgissem muitas falsificações de tais carimbos, aquelas moedas passaram a ser aproveitadas na recunhagem da nova moeda de prata de 960 réis, o chamado "patacão". Ainda em 1810, as moedas de prata da "Série J" passaram a receber um carimbo de "escudete" que lhes aumentava o valor, permitindo que circulassem por toda a colônia. Tal carimbo foi também aplicado nas antigas moedas de cobre, a fim de duplicar - lhes o valor. 0 ano de 1811 marca o surgimento de um novo valor em cobre: o de LXXX réis. 0 valor máximo até então atingido por moedas desse metal tinha sido o de quarenta réis. A passagem do Brasil à condição de "Reino Unido a Portugal e Algarves", ocorrida em 1815, foi comemorada no ano seguinte, quando foram batidas em ouro, prata e cobre, as moedas da chamada "Série Especial". Entretanto, só a partir de 1818,com a aclamação e coroação de D. João VI (1818/1822), surgiram moedas com o título e as armas do Reino Unido. Nessa época, com circulação restrita a Minas Gerais, foram cunhadas, no Rio de Janeiro e Vila Rica, moedas de cobre de 75 e 37 1/2 réis para resgate dos bilhetes de permuta do ouro em pó. A moeda de 37 1/2 réis ficou conhecida como "vintém de ouro" por corresponder a 0,112 gramas daquele metal.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

BRASIL IMPÉRIO.

 

Durante o reinado de D. Pedro 1 (1822/1831), não se alterou, em sua essência, o sistema monetário então existente, constante de moedas nacionais ou "fortes" e de provinciais ou "fracas". Visando a realçar o espírito nacionalista decorrente da Proclamação da Independência, o governo providenciou em 1822, a criação de uma moeda brasileira para as cerimônias de sagração do Imperador. Assim, chegaram a ser cunhados 64 exemplares da chamada "Peça da Coroação", que não foram, contudo, postos a circular. Sua confecção foi suspensa por ordem do monarca, a quem não teriam agradado a falta da palavra "Constitucional" na legenda e a sua efígie de busto desnudo, laureado à romana. Trata-se da mais valiosa moeda da coleção de numismática brasileira.

 

Moeda de D. Pedro II

(Dinheiro do Brasil - Museu do Banco do Brasil)

 

Também naquele ano procedeu-se à aplicação, nas moedas de cobre coloniais, de carimbos de 80 e 40 réis com as armas do novo Império. Ocorrendo a abdicação de D. Pedro I em 1831, subiu ao trono o seu filho D. Pedro II. Durante o extenso reinado desse monarca, ocorreram três sistemas monetários entre nós. O primeiro foi uma continuação do existente no Reinado anterior, compreendendo moedas gerais e locais. Já no segundo, o padrão ouro foi unificado, passando-se a lavrar moedas de 10$000 réis. Foi batida, em prata, a denominada "Série de Cruzados". Nesse período - mais precisamente, a partir de 1832 - a cunhagem passou a ser feita exclusivamente na Casa da Moeda do Rio de Janeiro, a Capital do Império. A circulação de grande quantidade de numerário falso de cobre, que prejudicava acima de tudo o comércio, resultou na aplicação de contramarcas nas moedas coloniais e imperiais nas Províncias do Maranhão e Ceará. Assim, reduzindo-se o valor das moedas, desestimulava-se a ação dos falsificadores.

 

Se fez uso da aplicação de carimbos durante movimentos revolucionários em lcó, na Província do Ceará (1829/1832), no Pará (1835) e na chamada República de Piratini, no Rio Grande do Sul (1835/18451. Quanto ao terceiro sistema monetário, nele começaram a circular as moedas de 40, 20 e 10 réis em bronze, além das de 200, 100 e 50 réis em cuproníquel. Durante o Primeiro e o Segundo Reinado, a falta de moeda divisionária nas Províncias gerou a cunhagem, por parte de fazendeiros, negociantes, companhias e casas comerciais, de grande número de moedas e contramarcas particulares.

 

 

 

 

BRASIL REPÚBLICA

 

O advento da República, em 1889, não trouxe modificações imediatas no sistema monetário: alterou-se apenas o aspecto externo, surgindo novos tipos e legendas com símbolos criados pelo Governo Provisório. Até 1922 cunharam-se moedas de ouro nos valores de 20.000 e 10.000 réis. Ocorreram também, nessa fase da nossa história, algumas séries comemorativas: a de 1900, pelo Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil; a de 1922, pelo Centenário da Independência - que incluía moedas de 2.000 réis em prata, e de 1.000 e 500 réis em bronze - alumínio; a de 1932, pelo Quarto Centenário da Colonização do Brasil e, no período de 1936 a 1938, a série em homenagem a brasileiros ilustres. Transformação importante ocorreria em 1942: pelo Decreto Lei 4.791, de 5 de outubro, o padrão monetário brasileiro, o mil réis, foi substituído, dando lugar ao cruzeiro.

 

Foram lançadas então as moedas de 5, 2 e 1 cruzeiros, e as divisionárias de 50, 20 e 10 centavos. A partir de 1956 um novo metal, o alumínio, passou a ser empregado na nossa moedagem. Posteriormente, após a criação do Banco Central do Brasil em dezembro de 1964, o Decreto - Lei n.° l, de13 de novembro de 1965, instituiu o cruzeiro novo, que valia mil vezes a unidade anterior.

 

Moeda Comemorativa.

 

Em 1972, em comemoração ao Sesquicentenário da Independência, cunharam-se moedas de 300 cruzeiros, em ouro, de 20 cruzeiros, em prata e de 1 cruzeiro, em níquel. Três anos depois, em homenagem ao décimo aniversário do Banco Central, cunhou-se a de 10 cruzeiros em prata. Na mesma época, participando do Plano Numismático da F.A.O. (Food and Agriculture Organization), órgão vinculado à Organização das Nações Unidas, o Brasil lança as moedas de 5, 2 e 1 centavos em aço inoxidável. Entretanto, alguns anos mais tarde, através do Decreto - Lei 7.214, de 15 de agosto de 1984, os centavos têm decretada a sua extinção. Depois, no ano seguinte, surge nova família de moedas: de 1, 5, 10, 20 e 50 cruzeiros que, alteradas no tamanho ou no aspecto, vêm substituir as antigas de mesmos valores. A essas, acrescentam-se mais duas, de 100 e 200 cruzeiros, que vêm ocupar os lugares das cédulas correspondentes. As moedas de 1 e 5 cruzeiros sofrem leve alteração: inscreve-se nas mesmas a frase "Alimentos para o mundo".

 

         (Dinheiro do Brasil - Moedas do Brasil República - Museu do Banco do Brasil)


Por Vanessa Candia.

História do Brasil.

 

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