História do Dinheiro no Brasil – 1ª parte.
A criação do sistema monetário provincial
para o Brasil, em 1695, não repercutiu no Estado do Maranhão. Ali, o meio
circulante era constituído pelo- algodão em fio e tecido. (Dinheiro do Brasil -
Museu do Banco do Brasil).
Figura das 4 moedas....
Finalmente, em 1748, atendendo aos
reclamos da falta de numerário, foi decretado que se cunhassem, em Lisboa,
moedas de ouro, prata e cobre para aquela região. A fim de atender à população
das Minas Gerais, que se mostrava insatisfeita com a absorção de todo o seu
ouro pela Metrópole, foram batidas em Lisboa, para que corressem naquela
Capitania, moedas de cobre de XL e XX réis com a legenda AES USIBUS - APTIUS
AURO ( "O cobre para os usos é mais conveniente que o ouro" ).
Proibido o emprego do ouro em pó ou em pepitas como moeda, foram criadas, no
século XVI11, as Casas de Fundição de Vila Rica, Sabará, Serro Frio, Rio das
Mortes, São Paulo e Cuiabá. Nesses estabelecimentos, deduzido o quinto -
imposto de 20% cobrado pela Coroa - o metal era fundido em barras. Estas,
acompanhadas de guias comprovadoras da legítima posse, eram posteriormente
restituídas ao seu portador.
Durante o reinado de D. José 1, de 1750 a
1777, apareceram as moedas de prata nos valores de 600, 300, 150 e 75 réis.
Eram conhecidas como da "Série J", por trazerem em destaque a inicial do monarca. Cunhadas na
Bahia e no Rio de Janeiro e destinadas ao resgate do ouro em pó, tiveram
circulação restrita às comarcas mineiras. A moedagem de ouro no reinado de D.
Maria1compreendeu duas fases: uma, de 1777 a 1786, em que a soberana aparece
acompanhada de seu esposo, D. Pedro 111; outra, de 1786 a 1805, após o
falecimento do Rei, quando passou a ser retratada sozinha, com véu de viúva e,
mais tarde, com toucado e jóias. As moedas de cobre que aqui circularam nessa
época foram fabricadas pela Casa da Moeda de Lisboa. Em 1799, por economia de
metal, o governo ordenou a redução de tais moedas à metade do seu peso.
Tornando-se precário o estado de saúde da Rainha, seu filho, o Príncipe D.
João, assumiu o governo em 1799, na qualidade de Príncipe Regente. As emissões
com esse título, no entanto, começaram somente em 1802. A mudança da corte
portuguesa para o Rio de Janeiro em 1808 acarretou grandes gastos. Isso levou-a
a tomar medidas visando ao aumento das rendas e ao equilíbrio das finanças.
Autorizou por exemplo a aplicação de contramarca nos pesos hispano americanos
de 8 reales, aumentando o seu valor de 750 para 960 réis.
Figura das moedas de D. João V e outro
(Dinheiro do Brasil - Museu do Banco do
Brasil)
A partir de 1810, como surgissem muitas
falsificações de tais carimbos, aquelas moedas passaram a ser aproveitadas na
recunhagem da nova moeda de prata de 960 réis, o chamado "patacão".
Ainda em 1810, as moedas de prata da "Série J" passaram a receber um
carimbo de "escudete" que lhes aumentava o valor, permitindo que
circulassem por toda a colônia. Tal carimbo foi também aplicado nas antigas
moedas de cobre, a fim de duplicar - lhes o valor. 0 ano de 1811 marca o
surgimento de um novo valor em cobre: o de LXXX réis. 0 valor máximo até então
atingido por moedas desse metal tinha sido o de quarenta réis. A passagem do
Brasil à condição de "Reino Unido a Portugal e Algarves", ocorrida em
1815, foi comemorada no ano seguinte, quando foram batidas em ouro, prata e
cobre, as moedas da chamada "Série Especial". Entretanto, só a partir
de 1818,com a aclamação e coroação de D. João VI (1818/1822), surgiram moedas
com o título e as armas do Reino Unido. Nessa época, com circulação restrita a
Minas Gerais, foram cunhadas, no Rio de Janeiro e Vila Rica, moedas de cobre de
75 e 37 1/2 réis para resgate dos bilhetes de permuta do ouro em pó. A moeda de
37 1/2 réis ficou conhecida como "vintém de ouro" por corresponder a
0,112 gramas daquele metal.
BRASIL IMPÉRIO.
Durante o reinado de D. Pedro 1
(1822/1831), não se alterou, em sua essência, o sistema monetário então
existente, constante de moedas nacionais ou "fortes" e de provinciais
ou "fracas". Visando a realçar o espírito nacionalista decorrente da
Proclamação da Independência, o governo providenciou em 1822, a criação de uma
moeda brasileira para as cerimônias de sagração do Imperador. Assim, chegaram a
ser cunhados 64 exemplares da chamada "Peça da Coroação", que não
foram, contudo, postos a circular. Sua confecção foi suspensa por ordem do
monarca, a quem não teriam agradado a falta da palavra
"Constitucional" na legenda e a sua efígie de busto desnudo, laureado
à romana. Trata-se da mais valiosa moeda da coleção de numismática brasileira.
Moeda de D. Pedro II
(Dinheiro do Brasil - Museu do Banco do
Brasil)
Também naquele ano procedeu-se à
aplicação, nas moedas de cobre coloniais, de carimbos de 80 e 40 réis com as
armas do novo Império. Ocorrendo a abdicação de D. Pedro I em 1831, subiu ao
trono o seu filho D. Pedro II. Durante o extenso reinado desse monarca,
ocorreram três sistemas monetários entre nós. O primeiro foi uma continuação do
existente no Reinado anterior, compreendendo moedas gerais e locais. Já no
segundo, o padrão ouro foi unificado, passando-se a lavrar moedas de 10$000
réis. Foi batida, em prata, a denominada "Série de Cruzados". Nesse
período - mais precisamente, a partir de 1832 - a cunhagem passou a ser feita
exclusivamente na Casa da Moeda do Rio de Janeiro, a Capital do Império. A
circulação de grande quantidade de numerário falso de cobre, que prejudicava
acima de tudo o comércio, resultou na aplicação de contramarcas nas moedas
coloniais e imperiais nas Províncias do Maranhão e Ceará. Assim, reduzindo-se o
valor das moedas, desestimulava-se a ação dos falsificadores.
Se fez uso da aplicação de carimbos
durante movimentos revolucionários em lcó, na Província do Ceará (1829/1832),
no Pará (1835) e na chamada República de Piratini, no Rio Grande do Sul
(1835/18451. Quanto ao terceiro sistema monetário, nele começaram a circular as
moedas de 40, 20 e 10 réis em bronze, além das de 200, 100 e 50 réis em
cuproníquel. Durante o Primeiro e o Segundo Reinado, a falta de moeda
divisionária nas Províncias gerou a cunhagem, por parte de fazendeiros, negociantes,
companhias e casas comerciais, de grande número de moedas e contramarcas
particulares.
BRASIL REPÚBLICA
O advento da República, em 1889, não
trouxe modificações imediatas no sistema monetário: alterou-se apenas o aspecto
externo, surgindo novos tipos e legendas com símbolos criados pelo Governo
Provisório. Até 1922 cunharam-se moedas de ouro nos valores de 20.000 e 10.000
réis. Ocorreram também, nessa fase da nossa história, algumas séries
comemorativas: a de 1900, pelo Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil; a
de 1922, pelo Centenário da Independência - que incluía moedas de 2.000 réis em
prata, e de 1.000 e 500 réis em bronze - alumínio; a de 1932, pelo Quarto
Centenário da Colonização do Brasil e, no período de 1936 a 1938, a série em
homenagem a brasileiros ilustres. Transformação importante ocorreria em 1942:
pelo Decreto Lei 4.791, de 5 de outubro, o padrão monetário brasileiro, o mil
réis, foi substituído, dando lugar ao cruzeiro.
Foram lançadas então as moedas de 5, 2 e 1
cruzeiros, e as divisionárias de 50, 20 e 10 centavos. A partir de 1956 um novo
metal, o alumínio, passou a ser empregado na nossa moedagem. Posteriormente,
após a criação do Banco Central do Brasil em dezembro de 1964, o Decreto - Lei
n.° l, de13 de novembro de 1965, instituiu o cruzeiro novo, que valia mil vezes
a unidade anterior.
Moeda Comemorativa.
Em 1972, em comemoração ao
Sesquicentenário da Independência, cunharam-se moedas de 300 cruzeiros, em
ouro, de 20 cruzeiros, em prata e de 1 cruzeiro, em níquel. Três anos depois,
em homenagem ao décimo aniversário do Banco Central, cunhou-se a de 10
cruzeiros em prata. Na mesma época, participando do Plano Numismático da F.A.O.
(Food and Agriculture Organization), órgão vinculado à Organização das Nações Unidas,
o Brasil lança as moedas de 5, 2 e 1 centavos em aço inoxidável. Entretanto,
alguns anos mais tarde, através do Decreto - Lei 7.214, de 15 de agosto de
1984, os centavos têm decretada a sua extinção. Depois, no ano seguinte, surge
nova família de moedas: de 1, 5, 10, 20 e 50 cruzeiros que, alteradas no
tamanho ou no aspecto, vêm substituir as antigas de mesmos valores. A essas,
acrescentam-se mais duas, de 100 e 200 cruzeiros, que vêm ocupar os lugares das
cédulas correspondentes. As moedas de 1 e 5 cruzeiros sofrem leve alteração:
inscreve-se nas mesmas a frase "Alimentos para o mundo".
(Dinheiro do Brasil - Moedas do Brasil República - Museu do Banco do
Brasil)
Por Vanessa Candia.
História do Brasil.
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