VALENTINA TERESHKOVA: A PRIMEIRA MULHER NO ESPAÇO
Aos 82 anos, Valentina ainda tem grandes planos: quer fazer parte do grupo que vai colonizar Marte
LETÍCIA YAZBEK PUBLICADO EM 26/06/2019
Nascida em 6 de março de 1937, em Bolshoye Maslennikovo, a cerca de 270 quilômetros de Moscou, Valentina era filha de um motorista de trator e de uma operária têxtil. Entrou na escola aos oito anos e, aos 16, começou a trabalhar com a mãe na fábrica para ajudar a família. Anos depois, se tornaria uma heroína nacional.
Por volta das 10h30 do dia 16 de junho de 1963, a nave soviética Vostok 6 entrava na órbita terrestre. Pouco mais de dois anos antes, em 12 de abril de 1961, Yuri Gagarin havia se tornado o primeiro homem no espaço, a bordo da Vostok 1, que deu uma volta em torno da Terra. Agora, era a vez de outro marco na História: no comando da Vostok 6 estava Valentina Tereshkova, a primeira mulher a ir para o espaço.
Aos 22 anos, Valentina entrou para um clube de paraquedistas amadores e passou a saltar em quase todos os fins de semana, aterrissando em terra ou no rio Volga. Na mesma época, se tornou secretária da Liga Comunista da Juventude da região, ao mesmo tempo em que trabalhava como operária.
Assim que Sergei Korolev, diretor do programa espacial soviético, anunciou que planejava enviar uma mulher ao espaço, Valentina começou a se preparar para a seleção. Foi uma das cinco escolhidas, entre cerca de 5.000 candidatas, e passou por sete meses de treinamento, que incluía testes físicos, pilotagem de jatos e isolamento completo. Ao fim, sobraram duas finalistas: Valentina Tereshkova e Valentina Ponomaryova.
A ideia do governo soviético era fazer um voo duplo, com duas mulheres indo ao espaço em naves separadas. Mas, de última hora, foi decidido que a outra nave seria pilotada por um homem – só uma das candidatas iria ao espaço. Valentina Ponomaryova, engenheira e cientista, era considerada mais preparada tecnicamente e mais estudada. Foi Nikita Khrushchev, primeiro-secretário do Partido Comunista, quem decidiu. Optou por Tereshkova, vista como a mulher soviética ideal: trabalhadora humilde e comunista devotada.
Em 16 de junho de 1963, aos 26 anos, Valentina partia a bordo a Vostok 6 da cidade de Baikonur. Ela permaneceu em órbita durante 71 horas, completando 48 voltas ao redor da Terra. Durante a viagem, relatou ter sentido náuseas, dores no corpo e desconforto psicológico.
O retorno da cosmonauta à Terra também apresentou problemas. A Vostok 6 perdeu a comunicação com o solo e, ao ser ejetada da nave e continuar a descida de paraquedas, por pouco Valentina não caiu em um lago. Em suas memórias, escreveu que, se isso tivesse acontecido, provavelmente não teria sobrevivido, pois estava sem forças para nadar até a margem.
Ao voltar em segurança, Valentina se tornou heroína. Recebeu as duas principais condecorações do país, Herói da União Soviética e a Ordem de Lenin, e seu rosto estampou selos e monumentos. Em 1969, formou-se em engenharia na Academia Militar da Força Aérea de Zhukovsky e saiu do programa espacial para entrar na vida política soviética. Tornou-se presidente do comitê de mulheres soviéticas e membro do parlamento do país.
Valentina Tereshkova nunca mais voltou ao espaço. Mas, aos 82 anos, ainda tem grandes planos: quer fazer parte do grupo que vai colonizar Marte e passar seus últimos anos de vida no Planeta Vermelho.
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