sábado, 20 de março de 2021

A Série: The Lost Pirate Kingdom. (O Reino Perdido dos Piratas)


A Série: The Lost Pirate Kingdom. (O Reino Perdido dos Piratas)

 

O conceito de piratas, nos remete que são aventureiros e foras da lei, que trouxeram desordem e medo nas águas do Caribe. Para alguns, são apenas mitos ou lendas. Para Hollywood são ficção, mas para os historiadores, eles existiram e ainda existem.

A série da Netfilx não conta apenas com a superprodução baseada em fatos reais, mas apresenta comentários de historiadores e estudiosos do assunto.

A Europa esteve em guerra por 12 anos. Ocorria a Guerra de Sucessão Espanhola. A Espanha tinha se aliado a França para se tornarem uma superpotência e isto, por ser uma ameaça, não era bem visto pelos olhos dos outros impérios europeus: Inglaterra, Holanda e Áustria.

O Novo Mundo era a fonte de riqueza da Espanha pela exploração de ouro e prata. No início a Espanha dominava grande parte da América. Após um tempo, ocorre a chegada de outros impérios europeus. Começando pelos ingleses nas ilhas da Jamaica, Barbados, Bermudas e Bahamas. A Espanha considerou uma invasão aos seus territórios. Os ingleses fixaram uma base na Jamaica e isso gerou uma guerra contra a Espanha, mas esta não tinha verbas para sustentar uma frota no mar. Ocorria uma guerra entre a Inglaterra e a Espanha, que na qual a Inglaterra saiu como vencedora.

A Espanha ainda era um dos impérios em ascensão, assim como outros impérios na Europa. E numa fatídica noite, perdeu uma frota de ouro. Toda a riqueza foi parar no fundo do mar e isso poderia falir o seu poder, pois dependia desse dinheiro para pagar os custos da guerra e sair do vermelho em que se encontrava. A notícia logo se espalhou, atraindo marinheiros desonestos e desempregados que navegavam pela costa das Américas. Assim, surgem os chamados corsários, nome mais formal para o termo “piratas”.

O conceito de corsário significa que o indivíduo recebia uma carta de corso. Era uma licença oficial, uma permissão, através do governo, que o corsário estava autorizado a pilhar e saquear embarcações de outras nações. Sabe-se que mais ou menos, 1.622 cartas foram concedidas através de almirantes ingleses, para que roubassem navios espanhóis. Os corsários lutaram contra os espanhóis com o consentimento e a permissão da Inglaterra.

Durante a guerra de sucessão espanhola, os corsários ganharam muito dinheiro. A Inglaterra venceu a guerra, mas o Rei George I, tinha gasto muito e almejava a paz. O rei proibiu os corsários de atacar os navios espanhóis.

 


Porto Royal, Jamaica, 1714.

Os corsários deveriam parar de roubar os navios espanhóis, mas os espanhóis continuaram atacando navios mercantes ingleses. A guarda costas, eram corsários empregados pelo governo espanhol nas Américas, para proteger os interesses comerciais. No entanto a pilhagem continuou nos navios ingleses que vinham da Jamaica.

Os corsários ficaram à deriva, sem motivos, sem pilhagens, sem destinos, sem aventuras e principalmente sem dinheiro. Na condição de desempregados. Eles não sabiam fazer outra coisa e não tinham chances de mudar de profissão. Sentiram-se descartados e traídos, sem pagamento de indenização ou pensão pelos serviços prestados.

Os corsários contratados pelos ingleses queriam sair de Porto Royal para se libertarem da coroa e da proibição do rei. Assim, poderiam fazer o que sabiam e ficariam ricos pilhando os navios mercantes espanhóis.

  

Os piratas do Caribe mais famosos são: 

Edward Thatch “Barba Negra”. Era da Jamaica, e doou suas terras de herança para a família. Foi oficial de navios mercantes. Culto, educado e rico, gostava de poesia, sabia ler e escrevia em um diário. (talvez o mais conhecido deles)

Black Caesar, parceiro de Edward Thatch. Era cheio de histórias, foi príncipe africano antes de ser capturado e vendido como escravo. Não se sabe muito sobre ele.

Benjamin Hornigold, inculto, mero mercador comerciante e depois se tornou corsário.

Henry Jennings, de família rica das plantations nas Bermudas e da Jamaica. Era um mestre cruel nas plantations e sabia como tratar os escravos. Foi capitão dos corsários.

Sam Bellamy “Black Sam”, inculto, marinheiro pobre, foi abandonado pelos ingleses, deixado em Massachusetts, na América, sem dinheiro e sem trabalho. Apaixonado por Mary Hallet, de Eastham, Cape Code. Nobre de família, impedida pelo pai, de casar com um vagabundo. Sam era honesto, mas ao conhecer Mary, se tornou um dos mais importantes piratas da história, uma lenda da pirataria.

Paulsgrave Williams, era filho do procurador geral de Rhode Island e a mãe era descendente dos plantagenetas da Inglaterra.

Charles Vane, cresceu com a brutalidade e crimes das ruas da cidade de Londres.

O Capitão William Kidd foi um dos primeiros piratas lendários. Morreu enforcado nas docas de Londres quando Charles Vane tinha 11 anos.

Anne Bonny, chamada de bastarda e menosprezada, era de família rica da Irlanda, teve uma educação difícil, forçada a se vestir de menino, pois o pai advogado encobria muitos casos. O pai veio para a América do Sul e se tornou sr. de fazendas e ela com 12 anos virou patroa porque a mãe faleceu. Na primeira oportunidade, casou com James Bonny e foi para Nassau com 16 anos.

Jack Rackmam, foi parceiro de Anne Bonny, foi capitão do navio de Vane e capitão de seu próprio navio.

 

Porto Royal, Jamaica.

Hornigold tinha como rival Jennings. Hornigold sugeriu irem para o meio das Bahamas, um local próximo aos territórios espanhóis e de fácil ataque pela rota que eram obrigados a passar por ali. A cidade de Nassau, na Ilha da Providência, era um vilarejo que ficava na rota dos navios que teriam qeu passar pelas ilhas do Caribe. A Guarda costas espanhola foi chamada de piratas pelo General Jennings, que precisava de uma frota e uma carta de corso da coroa inglesa. Archibald Hamilton escolheu Jennings para ser patrocinado pelos comerciantes. Os espanhóis já tinham destruído Nassau, e os ingleses tinham abandonado o lugar. Hornigold foi com o seu grupo de corsários desempregados para Nassau.     

 

Nassau, O Covil Pirata.

Os poucos moradores não gostaram da invasão de piratas jamaicanos. Hornigold e seus homens começaram a pilhar navios espanhóis. (Aqui pode se ter registro de uso da bandeira negra e da bandeira de caveira nos navios piratas). Os colonos de Nassau ficaram apavorados e com medo de novamente serem atacados no vilarejo. Thomas Walker, oficial de Nassau ficou preocupado. Ele pediu socorro por carta para os ingleses e a notícia foi parar na imprensa, no Jornal The Bofton News-Letter. Isso atraiu mais a pirataria.  

Os piratas acreditavam em liberdade, igualdade e eram contra a escravidão. Eles se tornaram o terror dos impérios europeus da era moderna. 

 

Diário: 23/07/1715.

Uma frota de 11 navios espanhóis saiu de Havana, em Cuba, carregada de ouro e prata, extraídos das colônias na América do Sul. A Espanha precisava desse dinheiro, para sair da falência da guerra de sucessão. Eram mais ou menos 14 milhões de pesos. A maior carga em valor que navegou pelo Atlântico, estava na direção de uma grande tempestade. Era época de furacões na costa da Flórida. O tesouro foi todo para o fundo do mar, próximo a Vera Beach. A notícia se espalhou. Benjamin Hornigold estava mais próximo e encontrou uma parte.

Jennings, ganhou a sua carta de corso para que liderasse uma frota de defesa e roubasse dos piratas. Assim, não seria visto como uma agressão a Espanha, dona do tesouro. Hamilton ajudou Jennings com esse poder e liberdade total. Na sua tripulação estava Charles Vane. O tesouro espanhol se tornou alvo de muitos. Bellamy foi atrás, porque queria se casar com Mary e Paulsgrave procurava um marinheiro, além de ter o dinheiro para chegar até lá. Jennings foi ao acampamento onde estava o tesouro protegido. A costa da Flórida era território espanhol. A Espanha e a Grã-Bretanha estavam em paz e isso era motivo para iniciar um conflito.

 

Nassau.

Jennings foi a Nassau e se desentendeu com Hornigold. Assim começou a rivalidade entre dois líderes. Hornigold conheceu Edward Thatch, que quis se juntar ao bando. Jennings partiu para a Jamaica no navio de Hornigold. Foram criados vários povoados piratas no Caribe, mas Nassau foi o mais importante.

Jennings ficou rico roubando os espanhóis. A Espanha pediu a prisão de Jennings e seus homens. Jennings voltou ao mar para roubar navios piratas de Hornigold, até melhorar a situação na Jamaica.

Mary ficou grávida e o pai a expulsou de casa.

Sam virou “Black Sam Bellamy”, içou a bandeira negra e atacou o primeiro navio inglês que viu pela frente.

Jennings não respeitava nenhum acordo e atacava qualquer navio que cruzasse o seu caminho, fosse: inglês, espanhol, francês, entre outros. Se o navio tivesse canhões, melhor ainda, pois era um indício de que transportava ouro ou qualquer carga muito valiosa. Encontrou-se com Bellamy que foi tomar o navio francês “Saint Marie”. De lá foi em busca do 2º navio francês “Mariane”. Bellamy encontrou com Benjamin Hornigold. Bellamy retornou para encontrar Jennings. Jennings foi ao encontro de Hornigold, mas o perdeu de vista. Na volta para o “Saint Marie”, Jennings percebeu que tinha sido enganado por Bellamy e Paulsgrave. Jennings recebeu ordem de prisão e retornou para Nassau encontrar com Hornigold. Soube que o rival também tinha recebido ordem de prisão. No encontro, Hornigold fez um discurso, dando a ideia de um Código de Piratas, onde os artigos diziam sobre a conduta, as desigualdades e a divisão dos lucros. As ideias democráticas revolucionaram e criaram uma república de piratas na terra e no mar. Nassau foi declarada República Pirata. Todos os piratas se aliaram. Hornigold se juntou a Anne e iniciaram um relacionamento. Ele não queria atacar navios ingleses, por ter origem inglesa. Bellamy atacava qualquer um e por isso se tornou famoso, enfraquecendo a popularidade de Hornigold.

Dentro do navio cada indivíduo tinha direito a um voto, e juntos poderiam destituir o capitão e escolher um substituto se não concordassem com o comando.

Bellamy se tornou famoso e Mary soube através dos jornais.

Anne começou a se relacionar com Edward Thatch. Ele estava reconstruindo a frota de Hornigold. Usava uma argola na orelha esquerda (primeiro registro da argola na orelha como símbolo pirata). Hornigold tornou Thatch capitão. Havia violência, mas Bellamy e Thatch não tiveram registros de mortes.

A escravidão impulsionava o comércio nas Américas. Pegavam os negros na África e levavam para as colônias americanas. De lá abasteciam os navios com produtos das colônias e levavam para a Europa. Um comércio triangular. Havia o comércio do açúcar, tabaco, as plantations, entre outros. Todos os impérios europeus tinham colônias no exterior que produziam algum produto.

Bellamy recebeu o conteúdo de um navio e quando viu ... eram escravos. Não sabendo o que fazer, lhes deu a liberdade. A vida de pirata era melhor do que a vida de escravo. Assim, aumentou a quantidade de gente na frota de Bellamy.

Humphry Morice, membro do parlamento inglês, queria acabar com a pirataria e contratou um ex-corsário, o Capitão Woodes Rogers, que queria se vingar dos piratas. O plano de Rogers era expulsar os piratas das Bahamas, se instalar como governador e reestabelecer as leis e a ordem nas colônias.

Entre 1713 e 1717, piratas ingleses atacaram navios mercantes ingleses. Hornigold mudou de opinião e resolveu pilhar qualquer navio independente de ser inglês. Hornigold e Edward Thatch tomaram o navio inglês “Bonnet”.

O bebê de Mary morreu. Ela foi presa e acusada de tê-lo matado.

Bellamy foi atrás do navio “Whydah”, a novidade da marinha inglesa, que voltava da colônia cheio de ouro. Bellamy ficou com o belo e veloz navio. Bellamy decidiu ir atrás de Mary. Mary foi presa, açoitada e banida da cidade.

Entre as crendices piratas, as superstições mais famosas diziam que:

- Sal sob os ombros, mantém o diabo longe.

- Ratos saindo do navio, era hora de desembarcar.

- Assobiar a bordo, trás tempestade.

- Perturbe os deuses, e será arrastado para o fundo do mar.

O maior inimigo era o clima.

 

Diário: 26/04/1717.

Uma tempestade cobriu a frota de Bellamy com o “Whydah” que levava 160 pessoas e um enorme tesouro. A correnteza o levou para a costa de Cape Code. Bellamy, com 28 anos, não sobreviveu ao naufrágio e assim terminou a história de “Black Sam”.

Cotton Mather foi o padre que condenou Mary. Ele queria acabar com a pirataria. Foi responsável por promover o maior enforcamento de piratas da história de Boston, com os sobreviventes homens de Bellamy. Mary, amada de Bellamy, enlouqueceu e ficou conhecida como a “Bruxa de Eastham”.

Thatch queria vingança pelos homens de Bellamy. Reaparece um grande pirata Steve Bonnet. Ele estava machucado por ter feito um ataque mal sucedido, a um navio espanhol. Thatch queria o navio que Bonnet construiu e o chamou de “Vingança”. Bonnet era conhecido por ser “cavalheiro”, porque era de família rica. Bonnet precisava que alguém assumisse seu navio. Thatch começou a atacar ingleses também. Ficou doente e descobriu que tinha sífilis, pois além da condição de marinheiro, andava com muitas mulheres e estava apto a contrair uma doença. A sífilis provoca muita dor e pode alterar a condição mental, causando mudanças de personalidade. Assim, Thatch se autodenominou “Barba Negra”. Andava com tantas mulheres que supostamente tinha se casado umas 14 vezes, uma em cada porto que parava. Além disso, estava se tornando o horror dos ingleses.

Na Inglaterra, Rogers foi contratado para acabar com os piratas, por ter a experiência de um corsário e marcado no rosto com cicatrizes de um tiro que despedaçou a sua mandíbula. Bolou um plano que iniciou com um perdão real e isso causaria uma discórdia entre os piratas. O perdão real era uma alternativa para sair do caminho da pirataria. A oferta era muito boa, pois o indivíduo poderia voltar a civilização, ficar com tudo que havia roubado e receberia o perdão de tudo.

Jennings e Hornigold, fizeram as pazes e aceitaram o perdão. Jennings largou a pirataria, se aposentou como rico proprietário de plantations nas Bermudas.

O Capitão Vincent Pears da Marinha Real aportou no covil pirata de Nassau. Charles Vane, pediu perdão, mas não foi aceito e foi preso por Pears.

Barba Negra estava levando o terror ao comércio de escravos dos ingleses.

Anne Bonny e Calico Jack Rackham se apaixonaram.

Charles Vane fugiu com um navio, virou capitão e iniciou ataques a navios mercantes nas redondezas de Nassau. Era cruel e violento com seus reféns.

Pulsgrave foi para Madagascar, na costa da África.

Barba Negra foi para a América do Norte onde tinham colônias que não pertenciam a nenhuma coroa. Eram colônias próprias administradas por investidores. Lá passou de libertador de escravos a vendedor. Aceitou o perdão e fez um acordo com o governador local, Charles Eden. Continuou a pirataria e pagava lucros ao governador. Espiões do Governador da Virgínia se infiltraram na tripulação de Barba Negra.

Em Nassau, Vane fugiu para o alto mar. O Capitão Rogers desembarcou como o novo governador e escolheu Hornigold para caçar Vane.

Vane foi atrás de Barba Negra, mas não conseguiu uma parceria e voltou para o mar. A tripulação destituiu Vane e escolheu Jack Rackmam como capitão. Ele voltou para Nassau para comprar a liberdade de Anne. Rogers mandou chicoteá-la, mas ela o rendeu com um punhal no pescoço. Anne e Jack foram para o mar onde ela, se tornou a pirata que tanto queria.

O Tenente Maynard foi contratado por Spotswood, Governador da Virgínia para caçar Barba Negra. Seu barco encalhou e Barba Negra decidiu ataca-lo. Maynard deu um tiro em Barba Negra e degolou-o, arrancando sua cabeça e pendurando-a na proa de seu navio como um troféu. A morte de Barba Negra selou o fim da Era de Ouro da Pirataria.

Vane foi capturado em Port Royal e executado na forca.

Hornigold virou corsário novamente e desapareceu.

Anne e Jack foram capturados. Ele não a defendeu e tentou se esconder, mas também foi pego. Ambos foram condenados à morte pelas forças britânicas, mas ela recebeu o perdão por estar grávida. Alguns dizem que ela foi para a Carolina do Norte.

Fim da série de 6 episódios.

Alguns aspectos históricos estão presentes na trama, mas outros aspectos são parte da ficção para entreter o telespectador na aventura.

Bom divertimento.


Por: Vanessa Candia.

Prof. Historiadora e Arqueóloga.

Me. em Cultura Africana.

Esp. em Fósseis, Dinossauros, Múmias e Piratas.

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