sábado, 17 de outubro de 2020

Em 1814, uma enchente de cerveja matava 8 pessoas em Londres.

 EM 1814, UMA ENCHENTE DE CERVEJA MATAVA OITO PESSOAS EM LONDRES

O episódio causou um desastre pelas ruas de Londres, mas foi entendido como um "acidente divino"

GIOVANNA DE MATTEO PUBLICADO EM 17/10/2020

A população após o dilúvio de cerveja
A população após o dilúvio de cerveja - Wikimedia Commons

Era 17 de outubro de 1814, quando Londres se viu tomada por ondas de cerveja enchendo suas ruas. De início, parece impossível, no entanto, a onda de cerveja infinita acabou provocando diversos problemas na cidade: desde embriaguez coletiva até mortes. 

dilúvio de cerveja de Londres, na verdade, foi um incidente na casa de Meux & Co Horse Shoe Brewery. Uma das enormes tinas de fermentação da cervejaria Meux estourou, arrastando os outros barris em um efeito dominó. Um verdadeiro caos.

Horseshoe Brewery, Londres / Wikimedia Commons


Por volta das 4h30 da tarde, George Crick, o caixeiro do armazém de Meux, se deparou com um problema envolvendo uma das estruturas de ferro ao redor de um tanque, que havia se deslocado. Crick não se preocupou, e ao contar ao seu supervisor, ouviu não haver possíveis riscos de danos. Leve engano. 

Uma hora depois, o barril com toneladas de cerveja porter estourou. A força da onda que se formou destruiu a parede do local, vazando diretamente para as ruas. Alguns dos tijolos da parede posterior caíram sobre os telhados das casas ao redor. O resultado? Ondas que chegaram a 4,5 m de altura. 

A onda atingiu a New Street, destruindo duas casas e danificando outras duas. Em uma dessas residências, o impacto foi forte o suficiente para levar pelas ruas uma menina de quatro anos, Hannah Bamfield, junto de sua mãe e seu irmão. A criança, infelizmente, foi a primeira morta após o acidente.

Na segunda casa destruída, a onda interrompeu bruscamente um velório que estava sendo realizado por uma família irlandesa em memória a um menino de dois anos. Anne Saville, a mãe, e quatro outras pessoas foram mortas.

A empregada Eleanor Cooper foi pega de surpresa na Great Russell Street enquanto lavava panelas no pátio de um pub, presa sob a parede que se desmoronou da Meux & Co. 

Nos porões do local do acidente, a cerveja escoava, e com drenagem insuficiente, ela enchia o local, fazendo com que as pessoas tivessem que subir em cima de móveis para evitar o afogamento. Todos os funcionários da cervejaria sobreviveram, embora alguns deles tenham se machucado, sendo resgatados dos escombros e levados para o hospital.

O historiador Martyn Cornell afirma que a imprensa da época não testemunhou a folia ou a morte posterior; Ao contrário, esconderam as consequências e noticiaram que a população dali se comportara bem. 

A área ao redor atingiu um "cenário de desolação [que] apresenta uma aparência das mais horríveis e terríveis, igual àquela que um incêndio ou terremoto podem supostamente ocasionar", conforme relato do Morning Post. Os corpos enlutados foram dispostos em um quintal; o público por si só mostrava condolências às famílias e fazia doações para seus funerais.

A cervejaria até passou por um inquérito, mas o acidente foi dito como "divino", fazendo com que a Meux & Co Horse Shoe Brewery escapasse de pagar indenização.

fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/almanaque/ha-206-anos-uma-enchente-de-cerveja-matava-oito-pessoas-em-londres

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