ENIGMA NÓRDICO: THOR EXISTIU NA VIDA REAL?
Artefatos ligados ao filho de Odin geram grandes descobertas sobre os povos nórdicos que o adoravam
VANESSA CENTAMORI PUBLICADO EM 09/07/2020
Um deus andando na Terra. Assim como os cristãos acreditam que Jesus Cristo viveu entre os humanos, poderia esse ser o caso de Thor, o deus do trovão da mitologia nórdica?
Se ele realmente existiu, não vá logo imaginando o corpo escultural de Chris Hemsworth e os cabelos loiros que o ator exibe nos filmes da Marvel. Esse é apenas um estereótipo para a cor das madeixas dos Vikings.
Claro, pela origem, a arqueologia sabe que esses guerreiros vinham de locais de procedência loira — só que eles se misturavam muito com outras culturas e etnias, que chegavam até a Escandinávia. Por isso, até hoje não se sabe com 100% de certeza como era a aparência desses povos nórdicos.
No entanto, sabemos que alguns cultuavam o deus Thor. E vários machados dele foram encontrados em sepulturas vikings na Europa Setentrional. Todavia, será que os instrumentos eram realmente usados pelo poderoso filho do deus Odin?
Artefatos misteriosos.
Em 2010, a Revista National Geographic divulgou um estudo feito por arqueólogos da Universidade de Chester, no Reino Unido. A pesquisa foi feita por uma dupla de pesquisadores, Eva Thäte e seu colega, Olle Hemdorff.
Para resolver o mistério da divindade do trovão, eles escavaram dez túmulos e numerosos artefatos viking na Escandinávia e na Islândia, provenientes da Idade do Ferro (cerca de 600 d.C a 1000 d.C). Uma grande surpresa foi quando descobriram inusitados instrumentos de pedra na forma de martelos.
Alguns deles eram até 5.000 anos mais velhos do que as sepulturas dos mortos. Todos eram bem pequenos e arredondados. O que fascinou mais, no entanto, foram os artefatos da Islândia, já que esses não eram comuns por lá, mas sim na região escandinava, isto é, na Dinamarca, na Suécia ou Noruega.
Logo, Hemdorff acredita que as pessoas, vindo dessas regiões, importaram os martelos de Thor até a Islândia. "Essas pessoas devem ter se esforçado para trazer esses produtos da Noruega, em uma viagem de barco extremamente perigosa", apontou.
Ainda segundo o pesquisador, não existe explicação racional que justifique o porquê das pessoas enfrentarem essa travessia perigosa. Uma fé no deus Thor pode tê-las mobilizado."Isso mostra que essas pedras tinham um significado muito especial e sugere que essas pessoas eram altamente supersticiosas", disse.
Com isso, já dá para perceber que o deus do trovão foi somente uma inspiração — e não o dono dos pequenos martelos de pedra. A notícia é desanimadora para os fãs de Thor, mas, a suposição é que o panteão dos deuses dos mitos nórdicos era apenas simbólico. Não há portanto, evidências de que o filho de Odin existiu.
O machado sempre retorna
Ainda assim, isso não significa que a arqueologia não mais faça revelações surpreendentes sobre o deus lendário. Graças a ele, muito mais se sabe sobre os povos nórdicos. Em 2016, um estudo feito no sul da Islândia, no vale de Þjórsárdalu, voltou a encontrar amuletos de Thor com a forma de machado.
Os pesquisadores sabem que a ilha foi ocupada em 874 por noruegueses e outros nórdicos. Além disso, eles viram que os amuletos datavam principalmente dos períodos de introdução do cristianismo naquele território.
De formato mais parecido com uma cruz, os itens podiam ter não só influência monoteísta, mas o mais interessante — eram uma forma dos crentes em Thor ainda mostrarem terem orgulho das lendas nórdicas, conforme resistiam à entrada da religião cristã.
Aqueles que acreditavam nos deuses nórdicos defendiam que o machado de Thor era mágico e que ele sempre retornava quando arremessado. Como os amuletos dos pagãos era maneira de resistir, ironicamente, é como se a religião também voltasse para eles, como fazia o machado.
O instrumento de Thor se chamava Mjölnir e era uma arma temível, capaz de mover montanhas. Os trovões, na mitologia, seriam o deus usando o instrumento. Para honrar essa ideia, os fiéis fabricavam os amuletos, acreditando que eles teriam também propriedades flamejantes. As pedras tinham bordas lascadas, como "prova" de que caíram do céu.
Visto isso, os arqueólogos jamais encontraram magia de verdade, mas pensamentos mágicos e fascinantes. "A missão de Thor era proteger deuses e pessoas contra o mal e o caos", disse Hemdorff, em um comunicado. "Acreditava-se, portanto, que as rochas de Thor protegiam casas e pessoas".
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