EM UM PERÍODO DE INCERTEZAS, QUARENTENA FOI CRUCIAL PARA DIMINUIR O IMPACTO DA PESTE NEGRA
As medidas de isolamento foram imprescindíveis para que a doença que assombrou a Europa na Idade Média tivesse um fim
PENÉLOPE COELHO PUBLICADO EM 06/05/2020
Em 2020, a vida tem sido outra desde que a pandemia do novo coronavírus se alastrou, afetando milhares de pessoas ao redor do mundo. Mesmo que a geração atual não esteja acostumada com o apelidado lookdown, essa não é a primeira vez que um vírus põe em cheque a história do planeta e a vida das pessoas.
Algumas doenças como a SARS e a Gripe Espanhola deixaram uma marca sombria na história da humanidade. No entanto, a maior delas aconteceu durante o século 14 e ficou conhecida como Peste Negra.
O vírus mortal era originário de uma bactéria disseminada através de pulgas, carregadas por ratos em embarcações, e resultou na morte de cerca de 50 milhões de pessoas de maneira agressiva e rápida; Levando o infectado a óbito em no máximo cinco dias.
Mas, afinal de contas, as medidas tomadas para que essa pandemia tivesse um fim foram eficientes?
Sistema de quarentena.
Na idade média o método de isolamento social era precário e levou muito tempo para acontecer, por isso, foi uma luta de anos na tentativa de que a doença parasse de agir com tanta força.
Na Europa as medidas de quarentena foram pioneiras, cada cidade estipulou um estilo de organização baseado nas informações e condições estipuladas na época. Tornando-se uma espécie de referência.
A cidade italiana de Veneza, por exemplo, foi a primeira a definir medidas de isolamento em uma tentativa de controlar o vírus. Inicialmente, os venezianos determinaram o fechamento de seus portos para os navios que chegavam.
Quando a tripulação chegava na idade, era obrigatório que se cumprisse um período de 30 dias em isolamento, o que logo se tornou 40 dias, dando origem para a palavra quarentena, como conhecemos hoje.
Além disso, alguns cemitérios foram feitos de última hora para enterrar especialmente as vítimas do vírus. Anos depois, uma escavação realizada na cidade, em 2007 — revelou mais de 1.500 esqueletos de pessoas que suspostamente pegaram a peste.
Veneza também determinou uma ilha para quarentena em Lazzaretto Vecchio, o local abrigou um hospital feito especificamente para cuidar das vítimas do vírus.
Essas medidas ajudaram a diminuir alguns impactos da doença, sem elas, eventualmente, mais mortes ocorreriam. Porém, cerca de 100 mil pessoas faleceram em decorrência do vírus na cidade italiana.
Londres.
Outra cidade europeia que aderiu a algumas medidas de contenção foi a capital da Inglaterra. No ano de 1377, a população local foi brutalmente dizimada pela doença. Isso porque, naquela época, as medidas tomadas não foram o suficiente para controlar a peste.
Com tantas mortes na época, as autoridades locais aprenderam a lição e buscaram uma nova forma de se comportar nos anos seguintes, quando a doença voltou a assolar Londres.
Em 1563, quando a praga atacou novamente a cidade, o prefeito ordenou que estruturas de cruz na cor azul fossem colocadas nas portas das casas que tivesse pessoas portadoras da doença.
Além disso, os habitantes foram obrigados a permanecer em casa por um mês, após a morte de alguém próximo. Só quem não tinha nenhum tipo de contato com pessoas infectadas conseguiram permissão para sair de casa, com objetivo de comprar mantimentos e afins.
O método para comprovar que aquela pessoa, em específico, não fora afetada pela peste era carregar algo branco consigo. Eles seguiam a regra: quem se esquecesse de levar era multado no ato e até mesmo preso.
Algumas medidas de proibição de migração também foram tomadas, viajantes de regiões contaminadas eram proibidos de entrar na cidade. Embora as medidas de contenção não tenham sido suficientes para evitar mortes, os impactos foram menores.
Levou mais de 200 anos até que a Europa conseguisse se restabelecer após as inúmeras perdas causadas pelo vírus. Atualmente, essa versão da doença não existe mais. Contudo, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde, OMS, entre os anos de 2010 a 2015, 3.248 mil casos da peste foram registradas no mundo, com 584 mortes.
Todavia, devido ao avanço da medicina a doença se tornou mais fácil de controlar, facilitando também o seu tratamento. O risco por contágio ainda existe, apesar de ser pequeno. A maioria dos casos aconteceram na República Democrática do Congo e no Peru.
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