O calendário egípcio
Antes do aparecimento da escrita, os egípcios dispunham de poucos meios para contabilizar o tempo. Mesmo com poucos recursos, os antigos egípcios foram os responsáveis pela concepção do primeiro calendário solar conhecido e que, ainda hoje, é utilizado genericamente.
Os antigos egípcios usavam um calendário com 12 meses de 30 dias cada, para um total de 360 dias por ano. O ano correntemente utilizado pelos egípcios nos documentos administrativos é o ano dito “civil”, composto de três estações (derivadas das lunações) de quatro meses cada uma, ou seja, doze meses de trinta dias, aos quais se acrescentam cinco dias suplementares.
O número de dias do ano egípcio teria sido primitivamente calculado, muito provavelmente na Época Pré-Dinástica, ou através do cálculo da média do registo sistemático dos dias impostos pela observação lunar, ou, então, pela observação do intervalo entre dois aparecimentos de uma estrela de referência, que, veremos, deveria ser Sírio.
Esta contagem era independente das estações (ter) em que se subdividia o ano solar, que eram três e tinham uma existência precisa, marcada exclusivamente de acordo com as suas necessidades agrícolas: Akhet (período da inundação, que pelo calendário juliano ia de meados de Julho a meados de Novembro), Peret (período do crescimento das plantas, de meados de Novembro a meados de Março, ou estação do Inverno) e Chemu (período da colheita, de meados de Março a meados de Julho, ou estação do Verão).
Cada estação tinha quatro meses (abed) de trinta dias (heru) cada, numerados de 1 a 30, completando 360 dias, ao que se acrescentavam cinco dias, considerados fora do ano e numerados de 1 a 5, a que os gregos chamaram de epagómenos. No fim dos 365 dias se celebrava “A abertura do Ano”, isto é, o Ano Novo. Dia de Ano Novo foi sinalizado pelo heliacal anual da estrela Sothis ( Sirius ), quando poderia ser observado no horizonte leste, pouco antes do amanhecer em pleno verão.
Fruto das preocupações relacionadas com a produção de alimentos, o mais antigo calendário egípcio era baseado em observações lunares combinadas com o ciclo anual das inundações do Nilo, medidas através de sistemas que designamos por nilómetros.
A cada mês era atribuído um nome, geralmente o nome do festival que se realizava nessa ocasião e, simultaneamente, o nome da divindade festejada. Isto está comprovado para o Império Médio, na região de Mênfis: o 1 .° mês da Inundação designava-se por Tekhi, o 2.° por Menekhet, o 3.° por Khenethuthor, o 4.° por Nehebkau; o 1.° mês do Inverno (5.° mês) por Chefbedet, o 2.° (6.`) mês) por Rekehaá, o 3.° (7.° mês) por Rekehnedjés, o 4.° (8.° mês) por Renenutet; o 1.° mês do Verão (9.° mês) por Khonsu, o 2.° (10.° mês) por Khenetkhetyperetj, o 3.° (11.° mês) por Ipethemet e o 4.° (12.° mês) por Upetrenpet.
No Império Novo a maior parte destas designações foi alterada (veja a imagem abaixo) , sobretudo por reflexo da supremacia dos festivais realizados em Tebas. Os nomes dos meses apareciam principalmente em listas de festivais ou em cartas privadas, sendo raros nos textos comuns.
Aqui, quando queriam registrar a data de um acontecimento, faziam-no em função de uma datação fixa da seguinte forma: «Ano 6 (i. é, número de ano de reinado), 2 Inverno 12 (i. é, segundo mês da estação de Peret, Panepamekheru, dia 12), sob a majestade do rei do Alto e do Baixo Egipto (nome de coroação do faraó reinante)».
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