ACOLHIDA PELO CIRCO E ALVO DE ESPETÁCULOS: MYRTLE CORBIN, A MULHER DE QUATRO PERNAS
Devido a uma deformação corporal, a artista chamou a atenção de diversos circenses e ganhou os olhares público pelo seu carisma
NICOLI RAVELI PUBLICADO EM 10/05/2020
Josephine Myrtle Corbin enfrentou uma rotina conturbada desde seus primeiros minutos de vida. Em 1868, seu nascimento chamou a atenção de vários médicos. A garotinha – que veio ao mundo no Tennessee, Estados Unidos – apresentava uma deformação em sua estrutura corporal, e veio ao mundo com duas pélvis, dois aparelhos reprodutores e excretores independentes.
Todavia, o que mais se destacava eram as características externas: a criança havia nascido com quatro pernas, duas de tamanho normal e outras duas menores, mas apenas duas desempenhavam sua função corretamente.
Diante da condição, os médicos identificaram sua anomalia como síndrome de duplicação caudal. Segundo os especialistas, isso ocorre quando não há a separação completa dos óvulos fecundados, fazendo com que cresçam juntos a partir de um determinado momento, causando a duplicação dos membros e resultando em um bebê dípigo. Ou seja, o corpo de sua irmã gêmea evoluiu somente da cintura para baixo e foi incorporado a Josephine.
Os espetáculos de aberrações.
Não existem relatos sobre sua família. Provavelmente abandonada pelos familiares, acabou sendo acolhida por Phineas Taylor Barnum, um empresário que era considerado o avô da publicidade e, mais tarde, tornou-se o fundador do Ringling Brothers Circus e Coney Island, que promovia espetáculos com "aberrações".
Aos 14 anos, Corbin ganhou fama como A Mulher de Quatro Pernas. Durante as apresentações em feiras e espetáculos, conquistou o público pela forma que os persuadiam: a artista utilizava meias e sapatos em suas pernas extras - o que resultava em uma aparência atípica – e era bem recebida pela plateia.
Viajando pelo país para realizar apresentações, Myrtle passou a ganhar cerca de 500 dólares por semana, um valor que, naquela época, era considerado alto. Entretanto, devido à rotina cansativa, a circense decidiu se aposentar e dedicou-se a sua vida pessoal. Foi quando, aos 19 anos, conheceu o médico Clinton Bicknell.
O relacionamento amoroso resultou em casamento e abriu caminho para novas descobertas sobre a deformação da estrutura corporal de Corbin: Ao engravidar quatro vezes, acreditava-se que seus dois os órgãos sexuais eram funcionais.
Na época, não foi comprovado se a artista realmente havia dado à luz por meio dos dois órgãos, no entanto, a possibilidade é aceita e relatada no livro Anomalias e Curiosidades da Medicina, de George M. Gould e Walter L. Pyle, de 1896.
Seus filhos cresceram em meio a diversos rumores, mas isso não foi um problema para a família. Muito menos para Myrtle, que deixou os boatos de lado e voltou a dedicar-se a sua carreira em Nova York.
Após sua longa carreira no circo, a mulher morreu em 1928, aos 60 anos de idade, de causas desconhecidas. Mesmo sem a presença de seus pais, Corbin enfrentou as diferenças, correu atrás de seus sonhos e construiu sua própria família, que a acompanhou até seus últimos dias.
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