domingo, 10 de maio de 2020

A múmia de Tutmés II.

CALVÍCIE, PELE ESCAMOSA E CICATRIZES: A BIZARRA MÚMIA DE TUTMÉS II

É fato que o faraó sofreu muito na mão de vândalos depois da morte; mas a vida difícil também deixou horrendas marcas em seu corpo
ISABELA BARREIROS PUBLICADO EM 10/05/2020
A múmia de Tutmés II
A múmia de Tutmés II - Wikimedia Commons
A coleção de múmias encontradas em diversos territórios do Egito Antigo é enorme. Cada uma delas possui uma delas possui uma característica marcante, que a diferenciam das demais. Elas também podem se parecer, principalmente a genética da família dos faraós, que faz com que alguns pais de pareçam muito com seus filhos.
O rei Tutmés II possui uma aparência física muito similar à de seu provável pai, Tutmés I. Os dois têm o rosto e próprio formato do crânio quase idênticos, o que faz com que a associação facilmente seja feita tanto por arqueólogos quanto por curiosos que observam as duas múmias próximas uma da outra.
A cabeça alongada e a boca proeminente são características marcantes de ambos os faraós. Os narizes dos dois também se parecem. Tutmés II, no entanto, está em condições muito mais precárias que a do governante anterior a ele — ladrões de túmulos vandalizaram o corpo mumificado, fazendo com que ele se tornasse muito frágil ao longo do tempo.
As múmias de Tutmés I e Tutmés II / Crédito: Wikimedia Commons

Muitas partes da múmia foram separadas do resto do tronco do faraó. O braço esquerdo, por exemplo, foi quebrado logo na articulação do ombro. O antebraço do mesmo membro foi desprendido da articulação do cotovelo. O outro braço não teve um destino diferente: ele foi arrancado logo depois da parte do cotovelo.
A situação não melhorava quando se observava o resto do corpo. Tutmés II teve seu peito rachado provavelmente por um machado utilizado pelos vândalos. Mais abaixo, a perna direita do cadáver mumificado também foi desagregada do resto do corpo. É fato: o faraó foi altamente debilitado depois da morte. Mas, em vida, seu corpo também teve de aguentar muitas adversidades.
“Mal tinha trinta anos quando foi vítima de uma doença da qual o processo de embalsamamento não conseguiu remover os traços. A pele é escamosa em manchas e coberta de cicatrizes, enquanto a parte superior do crânio é careca; o corpo é magro e um pouco encolhido, e parece não ter vigor e força muscular”, descreveu o egiptólogo francês Gaston Maspero.
Descoberta.
A múmia de Tutmés II / Crédito: Wikimedia Commons

Gaston Maspero foi responsável por desembrulhar a múmia de Tutmés II no dia 1º de julho de 1886. O quarto faraó da 18º dinastia do Egito Antigo foi encontrado no túmulo em Deir el-Bahri, localizado na Necrópole de Tebas, no Egito.  A tumba DB320 ficou conhecida por abrigar ao menos 50 restos mortais de faraós, rainhas e nobres do Egito Antigo, contando ainda com muitos equipamentos fúnebres dessas pessoas.
A medida drástica foi tomada durante em algum momento durante 21ª Dinastia: muitos restos mortais de importantes faraós foram levados até o local para sobreviverem, com o mínimo de segurança possível, a outros ataques causados por vândalos. Mesmo que degradadas, algumas dessas múmias somente sobreviveram às adversidades devido a essa tentativa de enganar saqueadores — que funcionou muito bem.

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