quarta-feira, 20 de maio de 2020

Como a pandemia de gripe espanhola afetou a educação brasileira em 1918.


PANDEMIA
A pandemia de coronavírus afeta a vida de estudantes de todo o Brasil. Escolas e universidades estão de portas fechadas e o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) acaba de ser adiado. Essa situação pode ser extraordinária, mas não é nova. Em 1918, a gripe espanhola causou transtornos semelhantes para a educação brasileira.
Assim como agora, instituições de ensino foram fechadas Brasil afora para tentar conter o avanço do vírus influenza, há pouco mais de cem anos. Com o objetivo de combater a doença e amenizar seus efeitos, os parlamentares da época apresentaram uma série de projetos. Uma das propostas determinava a aprovação automática de todos os estudantes brasileiros, sem a necessidade dos exames finais.
Citando sua própria experiência como professor da Escola Politécnica (atual escola de engenharia da UFRJ), o então senador Paulo de Frontin (RJ) foi um dos defensores do projeto. "O momento em que se exige do estudante o máximo esforço são os últimos três meses do ano letivo, quando ele se prepara para o exame final. Exatamente nessa época, grande parte dos alunos foi atacada pela epidemia reinante e muitos falecerem. Na Escola Politécnica, choramos a perda de mais de um. Aqueles que se salvaram estão em uma convalescença que se pode considerar longe de ser completa", afirmou na época. 
A gripe espanhola não afetou somente os estudantes. "Só na minha escola, mais de 35 professores não têm podido dar as suas aulas por motivo de saúde", disse o senador Mendes de Almeida (MA). Com o ano de 1918 chegando ao fim, o presidente interino Delfim Moreira achou mais prudente não esperar as votações do Senado e da Câmara e baixou em dezembro um decreto definindo que nenhum aluno repetiria o ano letivo.
A pandemia de gripe espanhola de 1918 foi a mais letal da história, matando 50 milhões de pessoas em todo o mundo. Ao todo, houve 500 milhões de infectados, cerca de um terço da população do planeta na época. No Brasil, a doença causou cerca de 35 mil mortes.

Imagem: Instituto Federal de Goiás/Reprodução

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