CLÃ FUGATE: A TRISTE SAGA DA FAMÍLIA DE PELE AZUL
Durante 150 anos, essa condição genética permaneceu um mistério para a ciência
VICTÓRIA GEARINI PUBLICADO EM 09/05/2020
Nos primórdios do século 19, a triste saga do clã Fugate iniciava-se. Após membros da família nascerem com a pele azul, decidiram se refugiar no meio da floresta de Kentucky, longe do resto da civilização que pudesse os perseguir.
Segundo pesquisas científicas, várias gerações de endogamia — indivíduos geneticamente semelhantes ou com parentesco — teriam resultado nesta condição genética rara.
Origem do clã Fugate.
Em 1820, um rapaz de origem francesa chamado Martin, mudou-se para os Estados Unidos em busca de melhores condições de vida. Ao nascer com a pele azul, foi rejeitado pelos pais e, ainda recém-nascido, abandonado em um orfanato.
Já nos Estados Unidos, Martin conheceu Elizabeth Fugate, com quem teve sete filhos, sendo quatro deles de pele azul. Embora todas as crianças tivessem o gene recessivo causador dessa condição rara chamada Methemoglobinemia, todos possuíam a saúde impecável, sem outras doenças.
Naquela época, o governo dos Estados Unidos forneceu terras gratuitas para pessoas dispostas a construírem comunidades, alavancando a economia norte-americana. Desta forma, os Fugates, com a ajuda de outras quatro famílias — Combes, Stacy, Ritchie e Smith — construíram a vila de Troublesome Creek. Como a maioria dos fundadores eram casados, um dos filhos do casal, chamado Zachariah, casou-se com a sua própria tia.
Em geral, por ser tão rara, a Metahemoglobinemia deixa de se manifestar nas próximas gerações. No entanto, como o povoado era muito pequeno, parentes próximos acabaram se casando entre si, o que contribuiu para aumentar esta condição genética por mais de 150 anos.
Já as gerações futuras, em meados dos anos 1900, envergonhadas por terem a pele azul e com medo de serem alvos de experimentos científicos, passaram a viver cada vez mais nas profundezas da floresta de Kentucky, longe do resto da civilização.
Fugate e a contribuição para a ciência.
No final da década de 1950, o hematologista da Universidade de Kentucky, Martin Cawein, ficou intrigado com a história da família Fugate. Com o objetivo de estudá-los, mudou-se para Troublesome Creek em 1960 e, após meses de pesquisas e investigações, conseguiu achar o clã. A partir de então, passou a fazer vários exames na família.
O Dr. Cawein descobriu que, ao transportar oxigênio para o sangue que estava faltando, o tom da pele mudava de azul para rosa, o que deixou a família animada com a descoberta. Portanto, o médico elaborou comprimidos que pudessem suprir essa falta.
Após a descoberta, a imprensa e diretores de Hollywood passaram a contatar os Fugates, que sempre os respondiam de forma hostil. Discretos, viveram boa parte de suas vidas longe dos holofotes. Sabe-se que a última criança a nascer com o tom de pele azul foi Benjy Stacy em Lexington, Kentucky. No entanto, com a medicina ao seu lado, conseguiu diminuir a pigmentação de seu organismo, sendo assim o fim dessa linhagem genética.
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