RODRIGUES ALVES: O PRESIDENTE BRASILEIRO QUE MORREU VÍTIMA DA GRIPE ESPANHOLA
Apesar de não ter tratado a doença como "fantasia", Alves não sobreviveu ao episódio que matou mais de 30 milhões de pessoas
GABRIEL FAGUNDES PUBLICADO EM 14/03/2020
Há 100 anos, o mundo presenciou uma realidade totalmente distinta tomada por enfermidades e batalhas. Dos destroços da Primeira Guerra Mundial, surgiu uma praga que chegou a ser comparada a Peste Negra: a Gripe Espanhola. Ela teve tamanha força que conseguiu se propagar por toda a Europa, dizimando inúmeras pessoas.
O primeiro caso foi em 4 de março de 1918, no Kansas, Estados Unidos, onde vitimou um soldado em local de treinamento. Porém, esse registro foi apenas o estopim do que estava por vir, pois, passados seis meses o vírus destinou-se as terras brasileiras, sendo o Nordeste sua primeira hospedagem. A região que foi afetada com milhões de mortos, sendo os jovens adultos os mais contaminados.
Foi devido ao navio inglês Demerara, vindo de Lisboa, no qual posteriormente passou pelos portos de Recife, Salvador e Rio de Janeiro, que em 23 de setembro, despontou a notícia de 55 marinheiros infectados com aquilo que na época foi denominado de dengue e até tifo, que poderiam ter vindas do porto de Dakar, durante as intervenções de guerra na costa da África. Com isso, os marinheiros levaram a epidemia para outras localidades portuárias. Resultando na proliferação, em poucas semanas, de novos casos do Nordeste e em São Paulo.
Houveram muitas incertezas para aceitar que todos aqueles casos seriam consequências diretas da Gripe Espanhola, até porque, na época, os serviços públicos de saúde eram precários e o saneamento básico inexistente. Por isso, o problema foi capilarizado de forma sem igual. Não houve acepção de pessoas, inclusive porque um presidente da república foi vitimado por ele.
É o caso de Francisco de Paula Rodrigues Alves, presidente da República eleito em 1º de março de 1918 para ocupar o cargo pela segunda vez. Sua condecoração estava marcada para ocorrer em novembro, mas foi postergada em razão da contaminação sofrida pelo vírus do tipo Influenza A, da subcategoria H1N1 – da Gripe Espanhola.
Alves, infelizmente não sobreviveu para continuar sua carreira política. Mas, como a constituição determinava na época, houve uma nova eleição em decorrência da vacância ocorrida antes da metade do mandato.
Quando olhamos para o governo que Rodrigues desempenhou nos deparamos com uma política higienista feita no Rio de Janeiro — então capital nacional — por meio da nomeação do prefeito Francisco Pereira Passos, que realizou um “bota-abaixo” na cidade. O período em questão era o momento da política do café com leite, em que lideranças políticas de Minas Gerais e São Paulo se intercalavam na presidência.
Além disso, outros aspectos também foram marcantes da sua administração, como a anexação do Acre no território nacional, a crise econômica enfrentada em razão da baixa dos preços do café e a Revolta da Vacina, onde a população se insurgiu com a obrigatoriedade da vacinação imposta pelo governo. Alves, foi o último presidente paulista eleito para a Presidência da República antes de Jair Bolsonaro.
Como já foi dito anteriormente, a incidência da Gripe Espanhola foi generalizada, pois acometeu líderes governamentais, celebridades, figuras de todos os matizes sociais pelo mundo. O Brasil foi apenas um dos países que foram vitimados pelo surto.
Outro locais também tiveram o distúrbio, um exemplo disso foi com o rei Afonso XIII, da Espanha, que cooperou para a fama da pandemia. Além disso, o avô de Donald Trump e principal construtor do império da família, Friederich, foi também mais uma das vítimas. Ele faleceu aos 50 anos no dia 30 março de 1918 – poucos dias depois da eleição de Rodrigues Alves.
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