RAINHA POR 20 MINUTOS: A INFELIZ E SOLITÁRIA VIDA DE MARIA THERESA
Filha de Maria Antonieta com Luís XVI da França, a menina tinha tudo para seguir um caminho alegre e rico — mas o destino quis diferente
PAMELA MALVA PUBLICADO EM 14/03/2020
É comum imaginar que a vida dos monarcas antigamente fosse fácil, cheia de regalias e riquezas. Maria Theresa, filha de Luís XVI da França e Maria Antonieta da Áustria, com certeza, é um ponto fora da curva.
Única filha sobrevivente do casal real, a menina passou por diversos traumas desde tenra idade, ao testemunhar a morte dos seus três irmãos mais novos. Por diferentes motivos, todos os herdeiros de Maria Antonieta partiram desta vida ainda muito jovens.
Quando tinha apenas 11 anos, Maria Theresa se viu em meio à Revolução Francesa. A monarquia de sua família estava em risco e tudo poderia dar errado a qualquer momento. Naquele momento, apenas ela e seu irmão Luís Carlos estavam vivos e deveriam aprender tudo sobre a diplomacia do conflito para, no futuro, governarem.
Todavia, em julho de 1789, ela assistiu à queda da Bastilha de camarote e teve de acompanhar sua mãe e seu irmão na prisão domiciliar em que foram condenados. Todos foram enviados para o Palácio das Tulherias, onde os inimigos da coroa poderiam vigiar Luís XVI com maior facilidade. Durante o cárcere, Luís Carlos faleceu, aos 10 anos.
Em 1792, enquanto ainda estavam sob custódia, o Palácio foi invadido pela multidão. A guarda suíça não conseguiu sufocar o movimento e o povo quase colocou as mãos no rei e em sua família. Por sorte, os monarcas fugiram pelo jardim do prédio e pediram refúgio na assembleia nacional.
Pouco tempo mais tarde, a monarquia foi abolida e a família de Luís XVI foi detida na Prisão do Templo. Foi nesse momento que uma das maiores angústias e infelicidades da vida de Maria Theresa aconteceu.
Seu pai, apenas pelo posto de rei, foi condenado à guilhotina e morto em janeiro de 1793. Em outubro do mesmo ano, Maria Antonieta foi acusada de traição entre outros crimes. A rainha foi declarada culpada e morta da mesma forma que seu esposo, mesmo com a falta de provas concretas.
Durante todo o tempo no qual ficou presa, Maria Theresa não foi notificada sobre a morte de seus progenitores. Amada por seus pais desde o nascimento, a menina ficou desolada ao descobrir que o rei e a rainha teriam sido executados. De repente, ela estava sozinha no mundo, infeliz e isolada.
Em 1795 a única herdeira de Maria Antonieta foi liberta. Aos 17 anos, ela não viu outra saída se não rumar para Viena, onde foi recebida por seu primo Francisco II, o imperador do Sacro-império Romano-Germânico.
Mais tarde, ela viajou para a Lituânia. Uma vez instalada sob os cuidados do Czar Paulo I da Rússia, Maria Theresa foi prometida em casamento por seu tio, o Conde da Provença. Ela, então, descobriu que seu amado seria Luís Antônio, o Duque de Angoulême. Feliz por reconquistar o posto de monarca, ela aceitou o matrimônio de bom grado.
Filho de Carlos X, da França, o prometido nada era parecido com o pai. Enquanto o mais velho era charmoso e conhecido por sua sensualidade, Luís Antônio era tímido, gago, e impotente. As diferenças, entretanto, não mudaram a forma como Maria Theresa enxergava seu marido: ela era apaixonada por ele e se casaria mesmo assim.
Em 1799, portanto, os dois selaram o matrimônio, ainda que o casamento nunca tenha sido, de fato, consumado. A princesa tinha apenas 21 anos e, mesmo sob o novo posto nobre, Maria Theresa seguiu exilada pela maior parte da sua vida.
Por culpa da impotência de Luís Antônio, os dois nunca tiveram filhos e, dessa forma, não tinham herdeiros na linha de sucessão. Não que precisassem, já que a Revolução de Julho de 1830 na França implicou na renúncia direta de Carlos X e, por consequência, na abdicação do filho dele.
Quando seu sogro foi afastado do trono, Theresa alcançou o título de Rainha da França. Sob a pressão popular, todavia, o Duque de Angoulême foi obrigado a assinar, mesmo de forma relutante, sua abdicação. Assim, após curtos vinte minutos de reinado, o casal renunciou o poder da nação francesa.
Ao fim da revolução de 1830, quando Maria Theresa tinha 52 anos, Carlos X decidiu se mudar para Praga, a convite do imperador austríaco. Dessa forma, em 1833, toda a família acompanhou o antigo governante. Em pouco tempo, eles viajaram novamente, dessa vez para perto de Gorica, na Eslovênia.
A última infelicidade aconteceu em 1844, quando Luís Antônio morreu, aos 68 anos. Ele foi enterrado ao lado de seu pai, em Nova Gorica. Sendo assim, pela última vez na sua vida, Maria Theresa se via sozinha, abandonada por todos que já amou. Ela faleceu em outubro de 1851. Ela tinha 72 anos e, em seu testamento, perdoou todos aqueles que tornaram sua vida tão infeliz.
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