domingo, 2 de fevereiro de 2020

Elizabeth II e a única visita ao Brasil, durante a ditadura militar.

ELIZABETH II DE HAVAIANAS: A ÚNICA VISITA OFICIAL DA MONARCA AO BRASIL OCORREU DURANTE A DITADURA MILITAR

A viagem durou 11 dias, e a monarca visitou cidades como Salvador, Brasília, Rio de Janeiro, Campinas e São Paulo
DANIELA BAZI PUBLICADO EM 02/02/2020

Elizabeth II inspecionando as tropas brasileiras em Brasília
Elizabeth II inspecionando as tropas brasileiras em Brasília - Arquivo Público do Distrito Federal

Durante a Ditadura Militar, no dia 1 de novembro de 1968, a rainha Elizabeth II e o príncipe Philip desembarcaram no Aeroporto de Guararapes, no Recife, sendo recebidos pelo então presidente, o general Costa e Silva. Essa foi a primeira e única visita da soberana ao Brasil. Foi também a primeira vez em que um monarca britânico desembarcou na América do Sul.
O casal passou boa parte do dia em uma recepção feita no Palácio do Campo das Princesas, oferecida por Nilo Coelho, governador da cidade, onde se encontraram com o autor Gilberto Freyre, o Arcebispo de Olinda Dom Hélder Câmara, e com o político Marco Maciel, antes de embarcarem num iate, a caminho de Salvador.
Na cidade baiana, Elizabeth e Philip assistiram a uma apresentação do cantor Ápio Patrocínio da Conceição, com um samba de roda em homenagem ao casal real. Além disso, participaram de outra recepção, organizada pelo governador Luís Viana Filho, em que contou com a presença do autor Jorge Amado e do artista plástico Carybé.

Recepção em homenagem à Rainha Elizabeth II no Palácio da Aclamação / Crédito: Arquivo Público do Estado da Bahia


Para partirem ao próximo destino, os britânicos foram até o Rio de Janeiro abordo do Britannia, e pegaram um avião no Aeroporto do Galeão rumo à Brasília. Às 12h15 do dia 5 de novembro a rainha do Reino Unido desembarcou na capital do Brasil, tornando a viagem com caráter de Estado.
Lá, participou no Supremo Tribunal Federal de uma sessão solene, recebeu homenagens de Costa e Silva com um banquete no Palácio do Itamaraty, e falou com deputados e senadores.

A Rainha Elizabeth II e a primeira-dama do DF, Maria Helena Gomide / Crédito: Arquivo Público do Distrito Federal


Os Windsor deixaram Brasília no dia seguinte, e foram direto para São Paulo, onde visitaram o Edifício Itália e Monumento do Ipiranga, e receberam um banquete do governador Abreu Sodré no Palácio dos Bandeirantes, com a apresentação de artistas como Jair Rodrigues, Wilson Simonal e Elza Soares.
Um dos eventos oficiais de Elizabeth e Philip na maior cidade do Brasil foi a inauguração daquele que se tornou um dos principais centros de arte do país, o Museu de Arte de São Paulo (MASP), na Avenida Paulista, no dia 7 de novembro.

Elizabeth durante a inauguração do MASP / Crédito: Domínio Público


Sua penúltima parada foi em Campinas, onde conheceram o Instituto Agronômico, e foram introduzidos as pesquisas e fizeram um passeio a cavalo na Estância Santa Eudóxia antes de se encaminharem para o Aeroporto de Viracopos a caminho do último destino, o Rio de Janeiro.
Na cidade carioca, ofereceram um jantar para 50 convidados a bordo do Britannia em sua primeira noite. No dia seguinte, Philip foi visitar o Estaleiro Mauá, enquanto Elizabeth conhecia alguns dos principais pontos turísticos do Rio. Durante a tarde, o casal se reencontrou e a rainha marcou, simbolicamente, o início da construção da ponte Rio-Niterói.
Em 10 de novembro, no penúltimo dia da realeza britânica no Brasil, participaram de uma homenagem no Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial. Em seguida, o casal almoçou no Britannia e, às 17h, se encaminharam para o Estádio do Maracanã, onde assistiram um jogo de futebol de Santos contra o time carioca Botafogo. Ao final da partida, Elizabeth entregou a taça ao rei Pelé.

Elizabeth entrega taça à Pelé após jogo no Maracanã / Crédito: Arquivo Nacional


A rainha do Reino Unido e o príncipe Philip embarcaram em um avião da Real Força Aérea no dia 11 de novembro, deixando o Brasil com rumo ao Chile. 1 mês depois da visita oficial, o governo implantou o AI-5, que foi responsável por radicalizar o que já era uma ditadura. Desde então, Elizabeth nunca mais voltou ao país, mas já enviou outros membros da família real para visitas oficiais em seu nome.

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