CHARLES CHAPLIN FEZ SÁTIRA A ADOLF HITLER E FOI TACHADO DE COMUNISTA
A polêmica por trás de sua obra The Great Ditactor, de 1940, uma sátira ao Nazismo de Hitler e ao Fascismo italiano de Mussolini
JOSEANE PEREIRA PUBLICADO EM 25/02/2020
No dia 16 de abril de 1889 nascia o cineasta britânico Charles Chaplin, famoso por seu humor simples e eficaz que revolucionou o cinema mudo. Chaplin foi ator, diretor, produtor e roteirista de seus próprios filmes e sua carreira durou mais de 75 anos: quando criança, já atuava nos teatros do Reino Unido da época Vitoriana, e faleceu aos 88 anos de idade.
Uma de suas obras mais famosas e controversas é The Great Ditactor, de 1940, uma sátira ao Nazismo de Hitler e ao Fascismo italiano de Mussolini. Primeira obra do cinema falado de nosso cineasta, o filme conta com o personagem Hynkel -- tirano vivido por Chaplin -- que perseguia judeus e tinha a ambição de conquistar o mundo, disputando com Benzino Napaloni a primazia na invasão de Osterlich.
Associar o líder da fictícia Tomânia a Adolf Hitler é fácil, e as semelhanças entre os dois deixam ainda mais óbvia a sátira. Além do físico franzino e do fato de ambos terem a mesma idade (nasceram em abril de 1889, com quatro dias de diferença), um detalhe consolidou de vez a piada de Chaplin: o bigodinho.
Mas o famoso bigodinho do personagem era falso: duas peças foram especialmente confeccionadas, garantindo que ninguém visse Hynkel sem pensar em Hitler. Após as filmagens, os bigodes foram dados pelo ator ao historiador francês Maurice Bessy, amigo e autor de uma biografia sobre Chaplin, que recolheu preciosidades cinematográficas durante décadas e chegou a possuir uma coleção avaliada na época em torno de 130 mil euros. Ele tinha vários objetos de Chaplin, além de outras relíquias do cinema, como o veículo lunar usado por Sean Connery em 007 – Os Diamantes São Eternos (1971).
Os bigodes foram leiloados em 2004 por quantias que superaram as expectativas. O primeiro, mais usado pelo personagem, foi arrematado pelo valor de 18 mil libras. Já o segundo, que não apareceu tanto quanto o primeiro, foi vendido por 11,9 mil libras.
Chaplin criou o roteiro para essa obra prima em 1939, quando da invasão alemã à Polônia que daria início à Segunda Guerra Mundial. O longa foi censurado em vários países latino-americanos onde havia movimentos de simpatizantes nazistas, inclusive no Brasil de Getúlio Vargas, por ser considerado “comunista” e “desmoralizador das Forças Armadas” pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). Somente após o término da Guerra ele pôde ser assistido em nosso país.
O discurso final do filme, feito pelo barbeiro judeu que trocou de posição com o Grande Ditador, foi usado para acusar Chaplin de comunista. Isso levou ao seu impedimento de morar nos Estados Unidos, o que não foi questionado pelo artista, que resolveu se estabelecer na Suíça.
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