sábado, 19 de maio de 1990

Livro: A Comédia da Marmita.


A Comédia da Marmita


Autor: Plauto



1 - Identificação do livro: sobrenome do autor, nome, título do livro, local de edição, editora, ano e número de páginas.

Plautus, Titus Maccius, A Comédia da Marmita, versão e notas de Walter de Medeiros, Editora Universidade de Brasília, Brasília, 1994. 200 pgs.

2 - Localização do autor no tempo e no espaço (pequena bibliografia/relação com a obra):

Plauto, poeta cômico latino (254 -184 a.C.), pintor, inimitável dos costumes populares, algumas de suas peças mais conhecidas, O Anfitrião, Os Cativos, O Soldado Fanfarrão e etc., tirou os assuntos dos autores gregos da comédia antiga (antífanes) ou da comédia nova (menandro). A sua poesia pitoresca e lírica denota uma inversão verbal e rítmica prodigiosa, a relação entre elas, é por serem peças teatrais cômicas da antiguidade.

3 - síntese do conteúdo:

O livro é uma peça teatral cômica, escrita com os detalhes para um espectador. A comédia da marmita mostra a vida de um pobretão chamado Euclião, que encontra uma marmita abarrotada de moedas de ouro e preocupa-se em escondê-la, para que nada possa acontecer. No desenrolar, Megadoro, que é o vizinho rico pede para Euclião, Fedra, sua filha em casamento, a moça não possui mais a virgindade e o sedutor que a pegou foi Licônides, o sobrinho de Megadoro.

A confusão é armada de tal maneira que Euclião não sabe direito como esconder a marmita e lidar com toda a situação, até porque outros personagens entram e saem da sua casa. Isto faz com que ele esconda a marmita no templo da boa fé, e depois no bosque de Silvano, onde o tesouro é roubado por Estrobilo um escravo de Licônides. O final da peça é um mistério, pois os manuscritos não foram conservados.

4 - O que chama a atenção na forma narrativa.

Descrição de cenas de um teatro com personagens pré - determinados, como um roteiro, o pequeno texto introdutório que induz ao leitor a imaginar a forma de cena se desenrolando e os diálogos que seguem. A linguagem é diversificada com expressões jurídicas, mitológicas, metafóricas e etc., o desenrolar deste processo é em forma de diálogos.

5 – Dúvida: O livro pode auxiliar a entender algum espaço e momento histórico específico ou é só ficção?

Sim, pois a obra é de um grande artista que contribuiu para a história da filosofia, como também para a história presente. Auxiliou-me a compreender mais a linguagem e a mentalidade do povo naquela época, pois a história se passa em Atenas aproximadamente no Séc. II a.C. os indícios que a leitura proporciona não confirmam a datação correta da peça.

AULULÁRIA (COMÉDIA DA MARMITA)

O AUTOR:

Tito Mácio ou Maco Plauto, nasceu na Úmbria por volta de 224 a.C. Foi para Roma em data incerta e dedicou-se ao teatro. Diz-se que representou a primeira peça aos dezessete anos. Acabou virando escravo por contrair dívidas, provenientes da magnificência com que as peças eram apresentadas. Durante o tempo de cativeiro teria composto quatro peças que acabaram por lhe render a liberdade. É então que verdadeiramente começa sua carreira de autor e Mor. Apenas vinte das aproximadamente cento e vinte peças que escreveu chegaram aos nossos tempos. Sua tendência mais profunda era a de moralista e poeta lírico, um pouco melancólico, mas disposto a agir sempre quando necessário. Aceitava com realismo o mundo à sua volta, porém lavrava seus protestos sempre que julgasse conveniente, contra as desigualdades da organização e da sorte.

Segundo Michael Grant, em seu livro, História resumida da civilização Clássica (Grécia e Roma). Plauto levou a comédia latina ao seu precoce apogeu. Seus modelos derivavam-se da Comedia Nova de Menandro, que se tomara familiar a mitos romanos cultos, devido aos contatos travados com os gregos do sul da Itália e da Sicília. Plauto modificou completamente essas peças pegas, prescindindo de suas sutilezas em favor de uma bufonaria explosiva e contagiante, e conseguindo ao mesmo tempo impor métricas pegas ao ainda rude e deselegante idioma latino. Os romanos trocavam de bom grado os pugilatos, as corridas de caros e as danças para rir daquilo que viam e ouviam nas peças de Plauto, mas também recebia dele uma certa dose de crítica social indireta. Esta assumia a forma de uma inversão carnavalesca dos padrões morais tradicionais: a reverência aos pais e a responsabilidade matrimonial eram-lhe incalculadas, bem como o tradicional desprezo por mulheres, clientes e escravos. À diferença de Névio, que havia despertado hostilidades da classe dominante, Plauto escapou à ira da classe alta, pois como seus personagens não eram romanos e sim estrangeiros e gregos, não importava que fossem ridículos e subversivos.

A OBRA

AULULÁRIA OU COMÉDIA DA PANELA (MARMITA), foi escrita, segundo os últimos estudiosos que se tem ocupado da cronologia da AULULÁRIA, no período da maturidade de Plauto, entre 195 a.C., data da ab-rogação da Lex Oppia contra o luxo feminino, e 186 a.C., ano do senato - consulto de Bacchnalibus; mais exatamente entre 194 e 191 a.C., se commutare coloniam "mudavam de colônia" verso 576, aludir à instituição de numerosas colônias em 194 a.C., e às prováveis referências aos gauleses nos versos 395 e 465- 472 se explicarem com as campanhas dos romanos contra este povo, de 196 a 191 a.C. A requintada estrutura confirmaria essa datação. A história da comédia da panela passa-se em uma praça de Atenas.

Um velho sovina, Euclião, mal acredita nos seus olhos quando encontra, enterrada na própria casa, uma marmita abarrotada de dinheiro. Trata logo de sepulta-la de novo, bem fundo; e, amarelento, transtornado, passa o tempo todo a vigiá-la. Euclião tinha uma filha, que Licônides desonrara. Entretanto o velho Megadoro, induzido pela irmã ao casamento, vem pedir para si a filha do sovina. Mal de levar o ancião resiste, mas empenha a sua palavra; e, temendo pela marmita, tira-a de casa e vai enfiá-la ora neste, ora naquele esconderijo. Até que lhe arma uma cilada o servo do tal Licônides que desonrara a moça. Mas o jovem acaba por pedir ao tio, Megadoro, que lhe ceda como esposa, a moça de que o rapaz andava enamorado. E Euclião - que, pouco depois, deslealmente, tinha perdido a marmita, vem a reencontrá-la sem contar; e, todo satisfeito, concede a Licônides a mão de sua filha, assim como o conteúdo da marmita.

PERSONAGENS:

Plauto dava nomes que explicassem seus personagens, suas características já estavam definidas quando da apresentação:

O DEUS LAR DA FAMÍLIA: que recita o prólogo, onde é feita a apresentação de como a marmita chegou à lareira de Euclião, assim como porque ela foi encontrada por ele. Fala das penúrias de Fedra, sua filha, e da violação da pobre moça.

EUCLIÃO: burguês pobre, pai de Fedra. Seu nome significa "o que tem glória ou boa fama".

ESTÁFILA: escrava de Euclião, o significado de seu nome é "que é como uma vinha".

MEGADORO: Burguês rico, velho, tio de Licônides e pretendente à Fedra. Seu nome significa, "que possui grandes bens".

EUNÔMIA: irmã de Megadoro, mãe de Licônides; o significado de seu nome é "que tem boas leis" ou bom pensamento.

LICÔNIDES: filho de Eunômia; sobrinho de Megadoro, pretendente de Fedra. "é como lobo."

FEDRA: filha de Euclião "que é alegre ou brilhante".

ESTRÓBILO: escravo de Licônides. "o pião".

ANTRAZ: escravo cozinheiro; a brasa"

CONGRIÃO: escravo cozinheiro "o grande congro"

PITÓDICO: escravo de Megadoro "que dá bons conselhos".

O DOTE.

Megadoro, em um diálogo com Euclião, relata o porque de escolher uma noiva sem dote. Diz que mulher sem dote está em poder do marido, não pode pedir o que não tinha, portanto, não trás problemas a este. Para ele, mulher que casa com dote, fomenta, por culpa de suas exigências a desgraça e a ruína do consorte. Ainda aconselha que todos deveriam casar-se com mulher sem dote, e que desta maneira, haveria mais concórdia na cidade; diz que enfrentaria uma menor hostilidade do que a que enfrentavam; completa dizendo que assim as mulheres teriam mais receio dos castigos dados pelos homens do que tinham, além do homem fazer menos despesas.

TRANSPOSIÇÃO

Em algumas passagens do texto, Plauto faz transposições do ambiente romano, em que vive, para o ambiente grego em que se passa a peça. Este poderia ser um recurso aprimorado para criticar a sociedade romana sem atingi-la diretamente, evitando, assim, perseguições dos segmentos sociais atingidos por sua crítica.

CONTEÚDO DA MARMITA

A tão amada marmita de Euclião tem quatro libras de ouro, como cada libra equivale a 328 gramas, a marmita conteria menos de 1 Kg e meio de ouro. Um valor impressionante, de qualquer modo, para pobretões e escravos.

RUPTURAS NA ILUSÃO CÊNICA

Algumas vezes Plauto utiliza-se deste recurso. Uma vez Euclião consulta os espectadores da 1ª fila, e dá a impressão de ter errado de escolha, ou porque o interpelado tivesse cara de meliante, ou porque fosse conhecido como tal. Outra ruptura da ilusão cênica se dá quando Euclião ao fazer uma pergunta a um espectador, acaba por criticar elementos da elite, nas primeiras filas sentavam-se os cidadãos de toga branca. Eram aqueles que se consideravam ou eram considerados como os homens bons da cidade. Os pobretões das filas mais distantes nem sempre estariam de acordo e Plauto quis oferecer-lhes, ao menos uma vez, o sabor da desforra. Euclião diz que ladrões ali há muitos... -que em toga branca se acobertam... e sentem-se como se fossem gente de bem.

Porém a peça está incompleta, com base no prólogo, nos argumentos e em alguns versos, um sábio do século XV, CODRO URCEU, reconstituiu-lhe o fim.

Seus trabalhos foram lidos e adaptados por escritores como Moliére, Jonhson e Shakespeare.


Por: Prof. Vanessa.

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