ILHAS ARTIFICIAIS PRÉ-COLONIAIS SÃO ENCONTRADAS NA AMAZÔNIA
Arqueólogos do Instituto Mamirauá descobriram um conjunto de 13 dessas ilhas, construídas por indígenas na região do rio Içá, no Alto Solimões
PAMELA MALVA PUBLICADO EM 22/01/2020
Depois de conversas com ribeirinhos e dias de viagem de barco, Márcio Amaral, arqueólogo do Instituto Mamirauá, descobriu 13 ilhas artificiais feitas por populações indígenas. A descoberta foi realizada na região do rio Içá, no Alto Solimões, na Amazônia.
As ilhas encontradas por Márcio fazem parte do conjunto das mais de 20 ilhas artificiais encontradas na região — construções antigas, chamadas de aterrados pelos locais. Grande parte delas foram erguidas ao lado de cavadas, áreas com depressões, de onde o material para a construção das ilhas foi retirado, há centenas de anos.
Cada uma das estruturas encontradas por Márcio, erguidas nos períodos pré-colonial e colonial, conta com uma área entre um e três hectares e tem entre seis e sete metros de altura. Segundo o arqueólogo, elas foram feitas em regiões estratégicas, com muitos peixes, quelônios, jacarés e uma fauna rica.
A descoberta das ilhas reforça a teoria de que a Amazônia era densamente povoada e contava com sociedades complexas e organizadas antes mesmo da chegada dos europeus. E, de acordo com os cientistas, se elas não tivessem sido construídas, a área onde elas estão ficaria completamente inundada, impedindo cultivos tradicionais da Amazônia, como o açaí.
Outras estruturas parecidas já foram encontradas na Amazônia — na Ilha do Marajó, no Pará, e em Llanos de Mojos, na Bolívia. No Médio Solimões, um aterrado foi encontrado em 2018, ao mesmo tempo em que mais três no rio Jutaí e outras cinco nos rios Japurá e Auati-Paraná foram descobertas.
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