A APOSTA BIZARRA QUE MUDOU A VIDA DE CLÉMENTINE DELAIT, A MULHER BARBADA DA FRANÇA
Pessoas e veículos de imprensa de toda a Europa a visitavam regularmente. “O sucesso foi imediato... todos eles eram loucos por mim”, afirmou Delait
FABIO PREVIDELLI PUBLICADO EM 30/01/2020
Conhecida por ser uma das mulheres barbadas mais famosas dos séculos 19 e 20, Clémentine Clattaux Delait — que nasceu em 5 de março de 1865, em Chaumousey, na França — viu sua fama desaparecer ao longo das décadas após sua morte.
No entanto, o legado de Delait foi redescoberto quando um colecionador comprou suas memórias particulares em uma venda de garagem em 2005. O caderno de recordações de Clémentine, que possuía 50 páginas, estava cheio de fotos fascinantes, pedaços de jornais com matérias sobre ela, e detalhes de sua vida e de como sua popularidade cresceu pela região.
Em 1885, ela casou-se com um padeiro local e, juntos, eles abriram uma panificadora em Thaon-Les-Vosges, comuna localizada ao noroeste da França. Os dois estabelecimentos sempre contavam com uma boa clientela.
No início dos anos 1900, ela e o marido participaram de uma festa de carnaval que acontecia na cidade de Nancy. Na ocasião, Delait ficou impressionada com a apresentação de uma mulher barbada.
Ao voltar a rotina de trabalho, ele contou sobre sua experiência para alguns clientes. A partir disso, um deles a desafiou deixar a barba crescer. Apesar de nunca ter sido adepta da moda dos pelos faciais, Clémentine aceitou a proposta — problemas hormonais faziam com que ela tivesse que se barbear com certa constância.
Mal sabia, mas aquela aposta incomum mudaria sua vida, e imagem, para sempre. “O sucesso foi imediato... todos eles eram loucos por mim”, dizia um trecho escrito a punho no seu caderno de recordações.
Inspirada pela fama repentina advinda de seus pelos faciais, ela renomeou seu estabelecimento para “Café de la Femme Barbe”, ou Café da Mulher Barbada, em tradução livre. Junto com a mudança do nome, ela e seu marido começaram a vender lembranças da mulher: como cartões postais assinados e fotografias.
A essa altura, pessoas e veículos de imprensa de toda a Europa visitavam regularmente seu café. Delait recebia uma enxurrada de convites implorando por sua participação em exposições ou festivais em outros países. Embora se sentisse lisonjeada pelo reconhecimento, ela sempre negava os convites em virtude da saúde de seu marido estar severamente debilitada.
Com o passar do tempo, ela passou a praticar outros hobbies e atividades de interesse. Durante a Primeira Guerra, por exemplo, ela trabalhou como enfermeira voluntária. Delait também marcava presença em sessões de ciclismo ao ar livre e era uma declarada adoradora de cães.
Infelizmente, a mesma condição médica que a possibilitou esbanjar uma barba suntuosa, também a impediu de engravidar. Com isso, após 30 anos de casamento, ela e seu marido decidem adotar uma menina de 5 anos que perdeu seus pais devido à gripe espanhola.
Quando seu marido faleceu, em 1928, ela finalmente aceitou convites para viajar para o exterior. Clémentine passa os anos restantes de sua vida desfrutando de muita tranquilidade e lazer.
Clémentine Clattaux Delait faleceu aos 74 anos, em 1939. Em sua lápide estava escrito "aqui reside Clementine Delait, a dama barbada”.
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