O JARDIM DAS PRINCESAS NA QUINTA DA BOA VISTA
O Palácio de São Cristóvão, durante os anos de 1808 e 1889 foi residência das Famílias Real Portuguesa e Imperial Brasileira. O Palácio possui um jardim anexo que era destinado às nobres da família, e ficou conhecido como Jardim das Princesas. Era um local onde as mulheres podiam praticar atividades relacionadas ao artesanato, entretenimento, cultura e ao aprendizado. Assim, o Jardim das Princesas foi utilizado como um espaço para a contemplação, satisfação, proveito e recreação dos antigos moradores. Apesar de o Jardim ser identificado em plantas da residência do período de D. João VI, ele é mais citado em biografias sobre D. Pedro II e sua filha Isabel.
A Imperatriz Teresa Cristina, de origem Napolitana foi quem teve a ideia e iniciativa de fazer a decoração do jardim e assessorada pelas Princesas Isabel e Leopoldina e empregados do palácio, elas construíram bancos, fontes e detalhes que recriavam um pouco da atmosfera de Pompeia e Herculano , lembrando os Jardins da Roma Antiga e usando pratos e conchas como elementos da decoração ao invés de mosaicos, como era mais comum na Italia. Em especial, a CASA DA FONTE PEQUENA e a CASA DA FONTE GRANDE , de Pompeia, apresenta CONCHAS inseridas na decoração da Fonte e foi justamente esta ideia que originou a iniciativa da imperatriz decorar as fontes e bancos com conchas do Brasil. ( ver as ultimas fotos deste álbum as fotos da Fonte da Casa da Fonte Pequena e da Casa da Fonte Grande , em Pompeia).
A ornamentação do jardim segue o Romantismo vigente na segunda metade do século XIX. Com três bancos largos e oito pequenos (que podem ser considerados tronos), dois chafarizes, e muros enfeitados com guirlandas em alto-relevo todas trabalhadas em mosaico de louças e conchas.
Dona Teresa Cristina, enquanto cuidava e ensinava suas filhas no jardim, praticou um hobbie particular, a arte musiva através da técnica do embrechamento. Foi utilizada a técnica que consiste na colagem sobre o cimento fresco de conchas e restos de louça inglesa provenientes dos serviços da família imperial. A referida técnica foi realizada na Itália renascentista, provavelmente de conhecimento da Imperatriz Tereza Cristina.
Pesquisas de Arqueometria indicaram que as argamassas dos bancos do Jardim das Princesas do Museu Nacional são constituídas por argamassa de cal e areia com traço variando entre 1:1 e 2:1, sem haver a presença de cimento.
Em uma inscrição rabiscada na argamassa, se consegue fazer a dataçao do trabalho musivo... a data 29 de julho de 1852 é a data de aniversário de seis anos da Princesa Isabel. Isso parece ter sido um delicado registro da Princesa Isabel no dia do seu aniversario e que acabou datando a obra da mãe.
Através dessa arte, D. Teresa Cristina decorou todos os bancos, algumas paredes e uma fonte do jardim com conchas e porcelanas, algumas que quebravam durante o uso no serviço de jantar, outras que ela usava inteiras como pires de xícaras. Todo esse trabalho deu ao Jardim, além de sua importância histórica, uma grande importância cultural e artística.
Antigamente, havia seis estátuas de deusas gregas, posteriormente transferidas para o Jardim Terraço (jardim localizado na frente do palácio) em 1910. Há alguns anos elas foram retiradas novamente do local. Atualmente as estátuas estão sob guarda da administração do Museu, necessitando serviços de restauração.
Os vasos brancos que aparecem nas fotos antigas nao eram de marmore, mas sim de louça branca e com cabeças de leao nas laterais . De acordo com as minhas pesquisas, esses vasos foram praticamente TODOS destruidos numa ocasiao logo apos a expulsao da familia Imperial pelos Republicanos mais eufóricos querendo apagar a memoria da Familia Imperial do local. No local foram encontrados pequenos fragmentos desses vasos e ate nas escavaçoes da LEOPOLDINA tambem encontramos fragmentos , pois parte do descarte foi levado para la ja no final do seculo XIX.
O Jardim está atualmente fechado para visitação e o abandono sempre foi crônico. Em 1995-6, a Diretoria do Museu Janira martins Costa em conjunto com o Consulado Geral da França (em especial o adido cultural Romaric Suger Buel ) tentou implementar o projeto e revitalização do Museu Nacional, e chamando de A VERSAILLES TROPICAL. Mas o virtuoso projeto encontrou resistência dentro do próprio museu , e dessa forma não se avançou e depois da mudança da Direçao do Museu , todos os esforços foram perdidos e esquecidos pois parece que nao queriam o Museu restaurado como um PALACIO IMPERIAL !
Naquela epoca a Familia Orleans e Bragança deu todo apoio a esta possibilidade pois seria um grande avanço no sentido de revitalizar a Memoria do Imperio e eu mesmo trabalhei incansavelmente nesse sentido, organizando Cursos, palestras, exposições e eventos infindáveis em parceria com todas as instituiçoes como o Museu do Primeiro Reinado, o MNBA, o Colegio Pedro II, o MHN e tantas outras entidades .
Naquela epoca a Familia Orleans e Bragança deu todo apoio a esta possibilidade pois seria um grande avanço no sentido de revitalizar a Memoria do Imperio e eu mesmo trabalhei incansavelmente nesse sentido, organizando Cursos, palestras, exposições e eventos infindáveis em parceria com todas as instituiçoes como o Museu do Primeiro Reinado, o MNBA, o Colegio Pedro II, o MHN e tantas outras entidades .
Em 1996 tentamos fazer algumas melhoras no paisagismo porque estávamos organizando o evento do Sesquicentenário da Princesa Isabel e a apresentação da Banda Sinfônica dos Fuzileiros Navais ocorreu exatamente nos Jardim das Princesas, mas devido ao fato do local ser tombado , nao foi permitido se fazer nenhuma melhora pois nao havia um projeto aprovado para nenhuma açao . Tudo isso contribuiu para que a deterioração e hoje o estado é muito ruim como vemos nas fotos .
Pesquisa documental, Texto e maioria das fotos de Claudio Prado de Mello.
Nenhum comentário:
Postar um comentário