domingo, 15 de setembro de 2019

Carlos VI da França: o monarca que acreditava ter ossos de vidro e ser São Jorge.

CARLOS VI DA FRANÇA: O MONARCA QUE ACREDITAVA TER OSSOS DE VIDRO E SER SÃO JORGE

Diante de seus problemas mentais, o rei acabou passando por situações insólitas
FABIO PREVIDELLI PUBLICADO EM 15/09/2019.
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- Reprodução
Carlos VI nasceu em Paris em 3 de dezembro de 1368. Era filho de Carlos V, da casa de Valois e Joana de Bourbon. Seus irmãos mais velhos morreram antes dele nascer e, assim, ele foi instituído Delfim da França.
Coroação de Carlos VI / Crédito: Wikimedia Commons
O mundo em que ele nasceu passou os últimos 50 anos em plena deterioração, muito por conta de quase ser dizimado pela peste negra. Ele tinha apenas 11 anos quando herdou o trono. Seu reinado foi uma mera formalidade até os 21 - quase sete anos a mais dos quais já era considerado legalmente maior de idade.
Isso aconteceu muito em virtude da situação terrível que o país passava por estar envolvido na Guerra dos Cem anos. Ele se casou aos 17 anos, com Isabel de Baviera, quando ela tinha apenas 14. O casal teve 12 filhos, mas a maioria deles morreu quando jovens.
Antes de assumir o trono, a França era gerida por seus tios que desperdiçaram os recursos financeiros em proveito próprio. Quando Carlos assumiu, ele restaurou o poder aos conselheiros competentes de seu pai, os chamados Marmousets.
Por um tempo, Carlos VI foi amplamente chamado de Carlos, o Amado, pelas novas perspectivas positivas que ele restaurou na França. Mas tudo viraria de ponta cabeça.
Ao crescer, ele começou a dar indícios de instabilidade mental e emocional, provavelmente provindas de uma esquizofrenia. Durante uma viagem de caça com seu séquito, ele ficou completamente furioso e agarrou uma espada e de repente cortou um de seus cavaleiros, matando-o no local. Ele conseguiu matar outros três antes de ser contido.
Carlos VI assinando o Tratado de Troyes / Crédito: Wikimedia Commons
A expedição foi interrompida e ele retornou à Paris. Apesar do episódio de insanidade, como nada pudesse ser feito, Carlos, recém batizado de o Louco, foi autorizado a continuar no trono. Embora muitos concordassem que durante os momentos de lucidez, o reinado dele era ótimo, essas recordações foram se perdendo com o tempo.
Um ano após a fatídica viagem, Carlos já não se lembrava mais de seu nome e não reconhecia a própria esposa, quando recebia visitas dela, ele ordenava para que seus atendentes ajudassem no que ela precisava e depois a dispensava.
Ele passou a maior parte do inverno alegando ser São Jorge e insistiu para que o brasão da família fosse redesenhado para refletir isso. Frequentemente ele era visto correndo pelado pelos arredores do palácio real.
Segundo o Papa Pio II, Carlos VI passou vários meses recusando-se a tomar banho e ameaçava matar quem o tocasse, pois ele imaginava ser feito de vidro e poderia quebrar a qualquer instante.
Durante seu período de loucura, a França, por consequências, também ia de mal a pior. O tesouro estava vazio, apesar dos impostos esmagadores, a guerra estava indo tão mal quanto possível e muitas reuniões aconteciam para barrar seu reinado.
Efígies de Carlos VI e Isabel da Baviera / Crédito: Wikimedia Commons
Eventualmente, os franceses perderam a guerra e o Tratado de Troyes foi assinado pelo incapaz rei louco. Carlos VI, antes conhecido como Carlos, o Amado, mais tarde conhecido como Carlos, o Louco, morreu de causas naturais em 1422, antes de completar 54 anos. Sua morte deu início a uma luta pelo poder entre seu neto, Henrique VI da Inglaterra, e seu filho, Carlos VII. Eventualmente, Carlos VII venceria e se tornaria o próximo Rei da França.

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