Texto: "A Imitação de Cristo", produzido
no Séc. XII
De Tomás de Kempis.
O século XII foi uma época de grande
crise, guerras, peste bubônica e muita mortandade. O fiel tem que se
identificar com Cristo por que Ele, carregando a sua Cruz, é o modelo de virtude
através do sofrimento... Com o Renascimento, inicia-se o movimento
Racionalista, em contrapartida ao misticismo da Idade Média. Questões
dogmáticas importantíssimas como a Ressurreição de Cristo, começam a ser
questionadas pelo Racionalismo. Tomam-se comuns no interior das igrejas as
pinturas enfocando o motivo Jesus Ressuscitando (nas Igrejas brasileiras,
particularmente, nas Barrocas, aparecem mais as imagem do Cristo Crucificado e
não as da Ressurreição...). Portanto, a temática da Ressurreição remete a um
contexto histórico e social bem preciso: a luta contra o Racionalismo
científico e anti-cristão (a Bíblia tem vários outros exemplos de morte e
ressurreição, como a de Lázaro, por exemplo, com a diferença deque os outros
ressuscitados o foram pela ação exterior de um profeta ou do próprio Cristo, ou
seja, independentemente da vontade do mono. Já a ressurreição de Cristo é
diferente por que ocorre pelo seu próprio poder, fato que passou a ser da maior
importância no debate suscitado pelo Racionalismo Renascentista). A Igreja
inicia, então, um movimento político de afirmação do seu mais caro dogma, o da
Ressurreição de Cristo, por meio da Arte (a trajetória da Arte Sacra, aliás,
tem sido marcada, no decorrer da história, pelo fato de que, a cada novo surgimento
de contestação a seus dogmas, a Igreja reage utilizando-a como instrumento
político: ela tem uma noção bem clara de que a arte é um grande ferramenta
ideológica através da qual pode passar seu conteúdo doutrinário aos fiéis...).
A propósito disto, o Abade São Hugo, erudito medieval e crítico de arte,
recomendava aos artistas: quando forem trabalhar na Igreja, lembrem-se de que
ela não é apenas um prédio, é o local onde as pessoas se reúne para cultuar a
Deus, e portanto, tem que ser como um livro aberto onde os fiéis possam ler as
verdades da fé. Como a maioria dos fiéis de então era analfabeta, seria inútil
transcrever textos sagrados nas paredes. Eram necessárias sim, pinturas,
esculturas e vitrais, com motivos bíblicos, com signos claros e conhecidos. Em
termos contemporâneos, utilizando-se da linguagem moderna do Cinema, por que se
produzem tantos filmes bíblicos? (quase sempre centrados na Crucificação e não
na Ressurreição de Cristo) Com a crise da modernidade estão se esvaziando no
ocidente os valores ético - cristãos, - ao contrário do que ocorre nos países
orientais e de cultura islâmica onde há um fortalecimento da fé - havendo,
então necessidade de um reavivamento dos valores da fé. Também, devido ao
tensionamento político no oriente próximo, pelo acirramento do conflito
judeu/palestino, tem havido inúmeras produções cinematográficas cujo tema
bíblico tem função inequívoca de propaganda sionista. E o cinema é o
instrumento cultural e político que melhor otimiza esse propósito.
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