quarta-feira, 5 de junho de 2019

Pesquisadores do RS estudam pegadas de animais pré-históricos descobertas nos Estados Unidos.

Espécie viveu no período Permiano, há cerca de 280 milhões de anos
05/06/2019.


Simulação mostra como seriam os diadectomorfos, que viveram há 280 milhões de anos. Voltaire Paes / Simulação

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Paula Dentzien e Heitor Francischini, respectivamente, encontraram pegadas de uma espécie dependente de água em rochas de uma área desértica do Parque Nacional do Grand Canyon, nos Estados Unidos. A constatação traz novas informações sobre a evolução.

Os vestígios são de animais chamados diadectomorfos. Trata-se de uma espécie que fica no meio-termo entre os anfíbios (animal que vive tanto na terra quanto na água) e os amniotas (adaptados ao ambiente terrestre). A espécie viveu no período Permiano, há cerca de 280 milhões de anos.

Nos Estados Unidos por meio do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Heitor, que é paleontólogo da UFRGS, tinha como tema do doutorado o estudo de pegadas fósseis em ambientes desérticos, o que o fez ir ao Grand Canyon — no local, há pegadas que podem ser visitadas.

— Durante essa trilha, o Heitor reconheceu que a morfologia de algumas pegadas eram completamente diferentes das pegadas esperadas para o ambiente desértico. Documentamos o achado para mostrar ao paleontólogo Spencer Lucas, que estava trabalhando conosco no Museu de História Natural e Ciência do Novo México — explica Paula.

 
Pegadas de animais foram encontradas no Parque Nacional do Grand CanyonHeitor Francischini / Arquivo Pessoal

Lucas concordou com o ineditismo e importância do achado dos pesquisadores brasileiros. O paleontólogo, então, contatou colegas do parque que os receberam para mostrar novas pegadas que haviam encontrado.

— Um mês depois, voltamos ao Grand Canyon para estudarmos as pegadas. O resultado foi surpreendente. Descobrimos que esse novo tipo era mais comum nessas rochas do que se esperava. Essa pegada pertence a um animal que não era esperado viver em um deserto — afirma a pesquisadora gaúcha.

— Essa descoberta nos faz pensar em que momento surgiram as adaptações para se viver em um ambiente desértico. As teorias clássicas apontavam que só os amniotas tinham essa capacidade. No entanto, as pegadas encontradas podem ajudar a reconstruir essa história — completa.

Os pesquisadores pretendem continuar procurando pegadas semelhantes em outros ambientes desérticos, para entender melhor como os donos delas se adaptaram em ambientes hostis para a sua espécie.

fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/tecnologia/noticia/2019/06

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