terça-feira, 26 de abril de 1994

A história da origem dos croissants e sua ligação com a derrota dos otomanos pelos austríacos.








A história da origem dos croissants e sua ligação com a derrota dos otomanos pelos austríacos!.

Sabe aquele croissant bonito e delicioso digno duma vitrine de exposi ção? Pois o croissant, além de ser um ícone da gastronomia, tem por detrás dele uma história verdadeiramente incrível.
Poucas pessoas estão cientes de que o croissant que agora é visto como um símbolo nacional francês na verdade não é francês.
Olha-se para a palavra e é francesa. Ouve-se a palavra e é francesa. Até o gosto parece francês. Folhado, delicado e distinto. Em cada esquina de Paris tem um café, e o que nunca falta em cada um destes estabelecimentos é um cafezinho acompanhado de um bom croissant, e por isso muitas pessoas atribuem a sua origem a esse país.
Só que não! O croissant não é francês. O seu nome porém, é de origem francesa! Croissant quer dizer “crescente” e, como se vê, descreve a sua forma em meia lua, e é o pão de massa folhada mais famoso em todo o mundo, porém, e ao contrário do que muitos pensam, a sua origem não está na França, mas sim na Áustria, e possui uma história verdadeiramente lendária.
A história do croissant começa em Viena e, para explicá-la, temos que voltar na história e apresentar o avô do croissant - o kipferl de Viena .
A origem deste tipo de pão doce é atribuída aos padeiros de Viena, nessa altura era feito com tamanhos diferentes, e designava-se Kipferl, mas alguns historiadores acreditam que a origem do kipferl é bem mais antiga, segundo eles remonta às padarias dos mosteiros, que foram as primeiras padarias, e nos documentos escritos, esta massa curvada foi mencionada pela primeira vez no século XII.
Mas é o ano de 1683 que marca o início desta história.
O império Otomano, um poderoso império de origem turca e considerado um dos mais fortes do mundo, encontrava-se nessa época na tentativa de expandir o seu domínio em terras europeias, e em 1683 os otomanos comandados pelo grande vizir Kara Mustafá, após a conquista de Constantinopla, avançaram ao longo das margens do Danúbio, ocupando as regiões vizinhas.
Os invasores otomanos puseram-se então a caminho de Viena em busca da sua segunda grande vitória na Europa, a conquista da cidade de Viena, mas como as tropas otomanas estavam a ter dificuldades em entrar nas portas da cidade de Viena.
Depois de várias tentativas não bem sucedidas, as tropas otomanas decidiram mudar a sua estratégia, e durante o período da noite começaram a escavar túneis que os levariam até ao centro da cidade, no entanto, o exército otomano não contou com os padeiros de Viena, que ficavam acordados durante toda a noite a preparar os pães para que fossem vendidos frescos pela manhã.
Os padeiros ao começarem a trabalhar antes do amanhecer, foram surpreendidos pelo barulho subterraneo contínuo das escavações, de imediato deram o alarme e os militares austríacos atacaram os otomanos de surpresa que foram forçados a recuar, o que fez com que os otomanos não fossem felizes na sua tentativa de conquistar a cidade.
Foram oferecidas algumas recompensas aos padeiros pelo arquiduque Leopoldo I, mas estes apenas pediram o direito a criar algo que comemorasse a vitória sobre o inimigo, e para o efeito, a guilda (associação dos trabalhadores/padeiros da idade média) decidiu criar uns pãezinhos em forma de meia-lua, (halbmond).
Estes pãezinhos funcionavam de facto como uma zombaria ao emblema das tropas otomanas, pois o símbolo da meia lua era representado na bandeira otomana, e assim, os vienenses tinham a oportunidade de, ao comer este pão, estarem a destruir o símbolo dos inimigos.
Décadas após o triunfo dos vienenses sobre os turcos, em 1770 , uma princesa austríaca chamada Maria Antonieta casou com o delfim da França, que seria coroado como Luís XVI, Maria Antonieta levou consigo várias tradições e hábitos da sua terra, entre eles, o famoso pão doce austríaco em forma de meia lua a que os franceses deram, por razões óbvias, o nome “crescente”, ou seja croissant
Consta que Maria Antonieta teve que abandonar toda a sua família e sua antiga vida para viver na corte francesa, mas ela levou consigo esse pedacinho do seu lar, estes rápidamente se tornaram populares, e os chefes de confeitaria franceses adoptaram-no e melhoraram-no, a massa folhada tornou-se mais leve e crocante, vindo a criar assim o que hoje conhecemos como um croissant.
Nas suas receitas iniciais, de origem vianense, o croissant tinha uma massa mais pesada e consideravelmente mais densa, o que a tornava mais parecida com as características de um pão comum. Sómente por volta do ano de 1900 é que um padeiro francês resolveu alterar a receita para uma massa levedada em camadas finas e mais crocante, e daí vem a constante confusão que o croissant é uma invenção francesa.
Porém, os franceses sómente refinaram a receita original dos austríacos., o curioso é que hoje em dia temos o croissanrt espalhado pelo mundo inteiro, e podemos encontrá-lo nas suas duas versões, uns com a massa mais densa, a versão austríaca, e outra com a massa mais folhada, a versão francesa.
A verdade é que os franceses, digamos, nunca apreciaram muito a sua rainha austríaca Maria Antonieta, mas já dos croissants, não se pode dizer o mesmo! O rei e a rainha acabaram por perder a cabeça nas mãos dos revolucionários franceses, mas o croissant continuou a reinar na França.
Uma outra teoria, defendida por muitos pesquisadores, diz que o responsável pela criação desse pãozinho de massa amanteigada seria, na verdade, um comerciante vienense de origem polaca chamado Franz Georg Kolchitsky, que vivia em Constantinopla.
Segundo os relatos, esse homem teria conhecido o café nessa cidade em 1475 e, com cerca de 500 sacas do produto abandonadas pelos Turcos após derrota em batalha, abriu um café onde passou a servir a bebida, e como acompanhamento para o cafezinho ele teria inventado esse pão em formato de lua crescente.
Outros historiadores afirmam ainda que o croissant foi popularizado quando um oficial austríaco chamado August Zang abriu uma confeitaria vienense em Paris por volta de 1839 e trouxe com ele os populares pãezinhos da sua terra natal em forma de meia lua.
Fontes:
Infopédia - O cerco de Viena
Wikipédia - Croissant
MassaMadre - Todos os detalhes sobre os croissants
RFM/Sapo/PT - A incrível história do croissant
Site de Curiosidades - A verdadeira origem do croissant
Itinerari - Kipferl de Viena, o avô do croissant


Fonte: Publicação de João Luis Gomes.

Boa pesquisa.

 

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