quarta-feira, 23 de junho de 1993

Caral, pode ser o berço da civilização da América.

A mais de 150 km ao norte de Lima, mais especificamente no Vale de Supe, em Barranca, há mais de 5 mil anos se estabeleceu a que é reconhecida, até agora, como a cidade mais antiga da América: Caral. Apesar de não ter conhecimentos de cerâmica ou de maquinaria, esta civilização conseguiu desenvolver aspectos que até hoje são objeto de admiração, como o intercâmbio comercial, a sociedade hierarquizada, as relações interculturais e a manipulação dos ecossistemas.

 

Por tudo que esta sociedade milenar representa, não é exagero dizer que seus habitantes se adiantaram mais de 1.000 anos em comparação com outras culturas da Mesoamérica, e mais de 2.000 anos em relação a culturas como a Maia. Isso se deve ao fato de que, apesar de viver em um completo isolamento geográfico, se anteciparam no desenvolvimento de certos avanços, como a construção de canais de irrigação ou o planejamento de calendários climáticos.

 

Apesar de não ter conhecimentos de cerâmica ou de maquinaria, esta civilização conseguiu desenvolver aspectos que até hoje são objeto de admiração.

 

Organização e arquitetura monumental

 

Entre os anos 3000 e 2500 a.C., os Caral começaram a formar, na atual província de Barranca, pequenos assentamentos que interagiam entre si e intercambiavam produtos e mercadorias. Foi lá onde teve início a construção de novos centros urbanos de grande extensão, nos quais eram edificadas importantes praças circulares e recintos públicos feitos em formato piramidal que funcionavam como centros cerimoniais. Nestes complexos eram adoradas as divindades e também era praticada a incineração de oferendas como mostra de agradecimento. 

 

A importância da água

 

Durante sua existência, esta cultura construiu canais de irrigação que, nos dias de hoje, mostram como eram utilizados o clima e os recursos hídricos. Através destas construções, conseguiram canalizar a direção do vento para conseguir fazer com que a água chegasse às regiões mais baixas e pudesse ser usada nas atividades domésticas.

 

Conseguir este bem natural era um dos trabalhos mais importantes do dia a dia. Em diferentes zonas do vale eram construídos puquios (mananciais, em quechua) que serviam como reservas para a administração deste recurso. 

 

Economia baseada no intercâmbio

 

Caral baseou sua economia na pesca e na agricultura. De acordo com algumas investigações, esta civilização realizava trocas comerciais de algodão e peixe desidratado com outras sociedades dos Andes e da Amazônia. O intercâmbio era realizado com outras culturas menos desenvolvidas que habitavam a região andina.

 

 

Outra característica desta cultura foi seu amplo conhecimento científico e tecnológico, o qual foi transmitido a outras culturas vizinhas. Este desenvolvimento é demonstrado na criação de novas técnicas agrícolas, como os já mencionados canais de irrigação. Também existem evidências de que esta civilização pode ter organizado um exército com uma importante fabricação de armas, apesar de não viver em uma cidade amuralhada. 

 

Visão de futuro 


O cuidado da água e a conservação dos alimentos eram aspectos essenciais de seus métodos de sobrevivência. Ao estabelecer-se em uma região semidesértica e com escassez de água, os Caral se preocuparam com o manuseio dos ecossistemas e a identificação dos movimentos climáticos, como por exemplo o fenômeno que hoje é conhecido como El Niño. Esta evolução fez com que esta cultura seja conhecida atualmente como “a primeira cidade sustentável do planeta”. 

 

O dado


Com base em sua impressionante arquitetura, antiguidade e extensão urbana, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) a declarou, em 2009, Patrimônio Cultural da Humanidade.

 

Fontes: National Geographic / Servindi/ Gestión/ El país 

Nenhum comentário:

Postar um comentário