Inagens da tragédia de 1967.
*Imagem retirada da internet sem identificação do autor.
*Imagem retirada da internet sem identificação do autor.
A região...
*Foto de Hugo Delphim.
*Foto de Hugo Delphim.
Mapa de meados do século XIX onde aparece a freguesia.
*Fonte: Biblioteca Nacional.
*Fonte: Biblioteca Nacional.
Imagem antiga do cemitério. Curiosamente foi o único que sobreviveu...
*Fonte: Site Portal Vila Monumento - Cacaria e Serra do Matoso em uma perspectiva histórica.
*Fonte: Site Portal Vila Monumento - Cacaria e Serra do Matoso em uma perspectiva histórica.
Dificilmente se encontra construções ou fazendas antigas na região que já foi devastada por duas vezes...
*Foto de Hugo Delphim.
Inagens da tragédia de 1967.
*Imagem retirada da internet sem identificação do autor.
*Imagem retirada da internet sem identificação do autor.
A nova igreja construída no lugar da antiga.
Repare que ela é bem diferente da imagem antiga, no estilo arquitetônico, nas técnicas de construção mais modernas (tijolos, colunas de concreto, possui lage e telhas tipo fibrocimento), nas medidas e etc.
*Foto de Hugo Delphim.
Repare que ela é bem diferente da imagem antiga, no estilo arquitetônico, nas técnicas de construção mais modernas (tijolos, colunas de concreto, possui lage e telhas tipo fibrocimento), nas medidas e etc.
*Foto de Hugo Delphim.
A matriz original, destruída na tragédia de 1967.
*Fonte: Site Portal Vila Monumento - Cacaria e Serra do Matoso em uma perspectiva histórica.
*Fonte: Site Portal Vila Monumento - Cacaria e Serra do Matoso em uma perspectiva histórica.
O cemitério. A única coisa que restou do passado!
*Foto de Hugo Delphim.
*Foto de Hugo Delphim.
Outro mapa de meados do século XIX onde aparece a freguesia.
*Fonte: Biblioteca Nacional.
*Fonte: Biblioteca Nacional.
Quando a Serra das Araras desmanchou na tragédia de 1967. Os povoados abaixo da serra foram destruídos. Entre eles a Cacaria.
*Fonte: Faculdade de Engenharia da Uerj.
*Fonte: Faculdade de Engenharia da Uerj.
Cacaria: A desconhecida história da "cidade" que foi destruída duas vezes - em Piraí - RJ.
Já falamos aqui de São João Marcos, a cidade destruída pelas águas da represa de Ribeirão das Lages. Mas pouco se sabe que antes da expansão da represa que a atingiu em 1939, duas cidades já haviam sido devastadas na construção do primeiro reservatório. Falamos "cidades" como força de expressão, pois na época eram freguesias, depois distritos. Foram elas São Sebastião do Arrozal e São José da Cacaria.
Com a chegada das águas da represa em 1908, toda a região se tornou um kilométrico criadouro de mosquitos e com eles, grassou uma terrível epidemia de febre amarela, malária, tifo e outras doenças. Como nos dias de hoje, o povo foi pego de surpresa e os poucos sobreviventes abandonaram suas residências de um dia pro outro. Em Arrozal estima-se que morreram mais de 6 mil pessoas. Quando tiveram coragem de acessar a região alguns anos depois, encontraram em ruínas algumas poucas casas que ainda não haviam sido alcançadas pelas águas da represa. A cena era terrível! Objetos do dia a dia foram largados como estavam, até os documentos e pertences eram encontrados por cima das bancadas, pratos nas mesas e etc, tudo esquecido, demonstrando a natureza da fuga. Toda a região foi devastada pela epidemia e os poucos que sobreviveram se desesperaram e fugiram deixando tudo para trás. Hoje as ruínas de Arrozal jazem a mais de 40 metros de profundidade. Como sua emocionante história merece uma pesquisa individual, falaremos mais detalhadamente sobre ela em outra oportunidade.
São José da Cacaria, que também já se chamou São José do Bom Jardim e hoje somente Cacaria, não foi alcançada pelas águas, mas pela proximidade também foi atingida pela epidemia. Não se sabe ao certo o número de mortos locais, mas a região também foi abandonada num piscar de olhos. Quando alguém ousou retornar ao local, toda a cidade estava no chão. Só restaram três casas e a igreja matriz, como testifica Monsenhor Pedro D'Andrea que esteve na região em 1916:
"As freguesias de São José do Bom Jardim (antes São José da Cacaria) e Arrozal de São Sebastião (São Sebastião do Arrozal) na realidade não existem mais, porque completamente assoladas por febre epidêmica em 1908, declarou-se por consequência de uma represa mandada construir em terras da mesma pela Light & Power Cia, e os edifícios abandonados pela fuga e morte de seus habitantes, foram desmoronando a ponto de ficar na primeira três casas habitáveis e a igreja; e a segunda tudo completamente em ruínas"
Há quem diga que o nome Cacaria se originou pela grande quantidade de cerâmica indígena encontrada na região, mas carece de fontes primárias. A localidade Cacaria já era citada na primeira metade do século XIX, sendo elevada a freguesia em 1850, e nas muitas mudanças territoriais, chegou a pertencer a Vila de São João do Príncipe (São João Marcos), a Vila de São Francisco Xavier do Itagoahy (Itaguaí) e a Vila de Santana do Pirahy (Piraí).
Não se tratava apenas de um pequeno povoado sem importância. A região possuía diversas importantes fazendas e nela se encontava a importante Feitoria do Bom Jardim, pertencente ao governo imperial, que ficava localizada no trecho que depois foi perdido para a Freguesia de São Pedro e São Paulo do Ribeirão das Lages, hoje parte de Paracambi. A Cacaria também era passagem de tropeiros que se dirigiam a Corte ou a Baixada Fluminense, pois era servida por várias estradas da circunvizinhança, além da antiga Estrada de Cacaria a Belém (atual Japeri).
Dentre os ilustres locais podemos citar: Manoel Ignácio da Silveira (de onde veio os governadores do RJ, Roberto da Silveira e Bagder da Silveira), João Maria Dantas (de onde veio o grande escritor Luiz Ascendino Dantas), Thomas Norton Murat (de onde veio o escritor Luiz Murat), Francisco da Silveira Mattoso (que deu nome a Serra do Matoso), Florentino de Souza Ávidos (de onde veio o governador do Espírito Santo Florentino Ávidos Filho), além de muitos outros patriarcas ou fazendeiros da região, como Luiz Gomes da Silva, Manoel Nongueira Ramalho, Luiz José de Freitas Braga, Miguel de Macedo Cruz e Castro, José Francisco Ramos, José Fernando Torrentes, Pedro Alexandrino dos Santos Magno, Manoel Tavares Cid, André Muller, Augusto Muller, Jacintho Flávio do Couto Reis, Manuel Martins do Couto Reis, Francelino Antonio Nery, João Carlos Thompson, Barão de Ivahy, João Ignácio Valverde, Felismino Barbosa Sá Freire, Alexandre Serício de Gouvea, José de Souza Pereira da Cruz e João José de Sá Cherem.
Infelizmente toda essa história foi destruída pela implacável epidemia de 1908, trazida pela construção da represa de Ribeirão das Lages!
Achou triste até aqui?
Felizmente a região voltou a se povoar nas décadas seguintes, mas a alegria durou muito pouco. Em 1967 houve uma tromba d'água na Serra das Araras e cidade que ressurgiu foi completamente destruída pelo mar de lama que desceu serra abaixo. Apesar de injustamente pouco citada, essa foi a maior catástrofe da história de nosso país! Sim, a maior! Choveu cerca de 275mm em apenas 3 horas. Pra se ter uma noção, na tragédia da região serrana em 2010 choveu 140mm em 24 horas. Ou seja, o dobro de chuva em um oitavo do tempo. A Serra das Araras desmanchou, deixando seus morros e montanhas calvos, sem vegetação alguma. Tudo desceu com a lama serra abaixo. Os povoados das proximidades, como Cacaria, Monumento e Ponte Coberta foram totalmente devastados, se tornando verdadeiros cemitérios em campo aberto.
Infelizmente dessa vez não sobrou absolutamente nenhuma construção! Foi tudo levado ou coberto pela lama. Só restou o cemitério localizado no alto de uma colina, a única testemunha de uma época de glória!
Mais uma vez a região ressurgiu das cinzas e hoje Cacaria é um bairro de Piraí. Suas construções mais antigas não tem mais que 50 anos. O poder público não auxiliou os moradores locais e por falta de uma política de moradia digna, praticamente todas as novas habitações foram construídas mais uma vez nas beira dos rios.
Nas imagens mais um pouco da história da aguerrida Cacaria.
*Texto, pesquisa e fotos de Hugo Delphim, postados na Página O belo e histórico Rio de Janeiro.
*Fontes de pesquisa:
-Jornais, periódicos e mapas antigos.
- Artigo de José Matoso Maia Forte - Revista do Instituto Histórico e Geográfico.
- Artigo Nos Tempos do Barão - de José Maria Campos Lemos.
- Site Portal Vila Monumento - Cacaria e Serra do Matoso em uma perspectiva histórica.
Publicação de Belo e Histórico Rio de Janeiro.
Boa pesquisa.
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