sábado, 9 de maio de 1992

A enigmática civilização que mumificava mortos dois mil anos antes dos egípcios.

MÚMIAS
O povo Chinchorro viveu na região litorânea entre o Chile e o Peru milênios antes da chegada dos europeus às Américas
Por: HISTORY Brasil

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) reconheceu as múmias mais antigas do mundo, pertencentes à civilização Chinchorro, como parte do Patrimônio Mundial. Esse enigmático povo pré-colombiano viveu na região litorânea entre o Chile e o Peru milênios antes da descoberta da América. O mais incrível é que essa população já mumificava seus mortos dois mil anos antes que os egípcios.

Pioneiros na mumificação

Os Chinchorro eram pescadores e caçadores-coletores que viveram na costa do Deserto do Atacama entre os anos de 7020 a.C e 1500 a.C., aproximadamente. Investigações do arqueólogo Bernardo Arriaza apontam que essa civilização teve uma existência marítima sedentária ao longo da costa do Pacífico, o que lhes permitiu explorar os recursos marinhos ao longo do ano. Essa condição explica a formação de casas e vilas com estruturas permanentes e a existência de cemitérios e mumificações artificiais, fenômenos raramente observados em grupos nômades.

Perto de suas moradas, os Chinchorro depositavam conchas e enterravam muitos de seus mortos, cujos corpos eles queriam preservar. Assim, eles desenvolveram uma técnica de mumificação, tradição que durou cerca de quatro mil anos. Inicialmente, os Chinchorro mumificavam apenas crianças, mas ao longo do tempo, o procedimento começou a ser feito em restos mortais de pessoas de todas as idades.

O método mais antigo de mumificação consistia na retirada da pele e remoção dos órgãos, incluindo o cérebro e os principais músculos das extremidades. Em seguida, o corpo era seco com brasas e cinzas quentes, sendo fixado com varas amarradas com cordas de fibra vegetal para manter sua rigidez. Posteriormente,  as cavidades eram preenchidas com terra, lã, penas e plantas.

Os braços e as pernas eram refeitos com camadas de argila e a pele era recolocada como uma luva, sendo costurada com cabelo humano ou fibra vegetal. Os Chinchorro faziam perucas com os cabelos dos indivíduos e reconstruíam seus rostos colocando uma máscara de argila branca, preta ou vermelha. Então, o corpo era pintado de vermelho e preto, com pigmentos extraídos de óxido de ferro e manganês. Cerca de 180 dessas múmias estão preservadas em museus no Chile.


Fontes: BBC e Conselho de Monumentos Nacionais do Chile

Imagens: Governo do Chile/Divulgação

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