sábado, 3 de março de 1990

História da Cultura Artística II.


HISTÓRIA DA CULTURA ARTÍSTICA II

Tradição clássica X modernidade.
Tradição clássica – Minesis = Imitado

O homem através do seu pensamento racional é capaz de criar uma obra mais perfeita que a natureza. A mimize é a imitação. Construída em cima de cânones, um sistema de representação e equilíbrio, com Aristóteles a noção de mimize é a imitação do real. Para os romanos as individualidades das figuras eram retratadas. Gioto Trecento é o cenário onde as figuras estão ordenadas mostrando a organização. No renascimento constrói a tradição clássica. Quais os valores que vão permanecer a tradição clássica no renascimento a figura realçada no 1º plano e o fundo realçado no 2º plano, como por exemplo no quadro da virgem dos rochedos, a virgem é a figura humana, não tem roupas celestiais nem auréula, as figuras encontram-se num plano piramidal. O arista é um pesquisador, um intelectual e neste momento separam-se da figura do artesão por ter um fazer simples, e o artista já é mais técnico que busca através da pesquisa e do estudo para fazer suas obras. 

Sistema de arte, no século XIX, o campo artístico possuía academias de belas artes, salões de belas artes e museus, tudo era pertencente ao Estado.

No século XX, o campo artístico possuía escolas privadas de belas artes, salões privados, crítica de arte e galeria de arte, tudo era privado. Instituições diferenciadas de acordo com a época. Em cima de valores da cultura arcaica que formalizou a tradição clássica, há toda uma negação desta visão mística que caracterizou a fase arcaica, da cultura grega, ou seja de toda uma emplicação sobre os fenômenos da natureza, através destes pensamentos místicos em prol de explicações racionais.

Tradição = a arte presa em valores que ainda estão presentes hoje, seja nas noções de beleza e imagens do novo cotidiano. Por que a arte é idealizada e deve-se torna-la mais perfeita que o mundo real. A arte para corrigir a natureza é igual a idealização do real. Ex. Simulacro – mais perfeito que o real, calçado em fórmulas de beleza. Na tradição clássica se formulou na idéia de mimesis, imitação, mas de forma corrigida, calçada na beleza e na perfeição. A gente acaba acreditando que eles eram realmente perfeitos. Uma arte com fins pedagógicos para demonstrar um mundo perfeito, mesmo que ele não seja. O que interessa para o historiador, não é só o tema atleta, mas sim estes códigos de comunicação que foram criados na tradição clássica e que revelam toda uma série de valores com as quais esta tradição se construiu. No caso em torno deste ideal de beleza da parte ocidental. Em cima destes padrões é que vemos os padrões de beleza, são totalmente estipulados.

Fase arcaica, uma arte presa a um certo orientalismo. E como exemplo temos Cooros e Cooerias, que são formas verticalizadas, frontais, estáticas. O homem com a anatomia esquematizada, a mulher com mão no peito, onde se diferenciam tanto para as representações femininas quanto as masculinas. Um dos exemplos de anatomia esquematizada com o homem é ele conter um bezerro nos ombros.

Na tradição clássica um exemplo é o ODORÍFORO, cânone de Policleto mostrando a artificialidade e um valor de equilíbrio. O Simulacro é a beleza, a perfeição. Corpo mais flexível e mais movimentado. O DISCÓBULO, de Policleto dá uma noção de movimento, que a escultura não é feita para ser vista só de frente e sim de todos os ângulos. A face não apresenta emoção apenas a concentração para o lançamento do disco.

A estátua de POSEIDON é uma escultura para ser vista de todos os lados, mostra movimento e a harmonia de um corpo atlético idealizado. Na arquitetura cria-se distorções para que ela não perca ao longo de sua harmonia arquitetônica.

Dando um salto à Roma. Reprodução da arquitetura, mas agora assume a força, mais monumental, associada a questão militar romana. Mudança em relação a tradição clássica grega onde não havia a monumentalidade ligada a força militar e sim aos padrões de beleza e perfeição como carro chefe desta arte.

Trecento - uma arte calçada em pesquisas e investigações do mundo real. Não se faz mais pinturas religiosas em ambiente celestial e sem em muitos terrenos. As figuras santas são mais humanas começam a estudar sobre volumes, profundidade, cores e etc. Pinturas em afrescos, que procura narra a vida e como exemplo São Francisco. A pesquisa da perspectiva temos o momento em que São Francisco se torna irmão, celebração religiosa. O cenário se faz voltado ao espectador, como um cenário de teatro, essa noção de espaço teatral começa a ser especulado com GIOTTO. (mudança da concepção do real).

A Virgem dos Rochedos - Leonardo D’ Vinci, pintura que mostra a mescla de dois lados, espaços, teatro e natureza e ao mesmo tempo a perspectiva, organização e a visualização da mesma, tem maior domínio das representações religiosas, forma piramidal, as rochas, por outro lado não é natureza comportada, e sim uma natureza carregada e fechada.

A arte agora é considerada mental, devido aos estudos científicos como matemática, ciências, biologia, anatomia e etc. O artista começa a trabalhar sozinho e assinar suas obras. Começa a ser conhecido pela sua competência pessoal. Começa a ser comercializada a arte com a nova técnica de usar a tinta à óleo, não mais apenas afrescos fixos.

De fato o que percebemos de acordo com a tradição clássica, é a maneira como ela se constitui de forma diferenciada. O que acontece de novo é que a arte contém agora um novo status, de um fazer estético e de um fazer artístico que está acima do artesanato. Acima do mero trabalho manual pois agora o artista desenvolveu toda uma pesquisa de conhecimento. Agora se valoriza este conhecimento, e o artista é agora um pesquisador e se diferencia de um artesão. Pois no clássico o artesão ou seja aquele que trabalha manualmente não era valorizado, pois não tinha caráter próprio. Agora o artista pode fazer estas novas pesquisas. 

No trecento há toda uma retomada de um pensamento clássico que se alinha ao pensamento religioso, mas é no renascimento que todos estes valores da tradição clássica estarão mais presentes na cultura, o renascimento não é uma cópia da tradição clássica, apesar de alguma busca na tradição clássica. O renascimento tem suas particularidades apesar de calçada nestes valores da tradição clássica, mas apesar desta influência temos uma forma de expressão totalmente divina. O homem na modernidade tem uma mentalidade diferenciada pois ele sabe que é diferente do homem medieval.

O Retrato (do artista Rafael) é uma figura de um plano, com fundo material, a figura está levemente de perfil.

No Cinquecento, com Miguel Ângelo, vai se perdendo a ideia de beleza e perfeição total. Começam a representar mais o real e vemos isso como exemplo na obra Davi do artista Miguel Ângelo. A figura mostra um adolescente em completa desproporção tanto nas mãos, tronco e pescoço. Abandona o ar de beleza e perfeição pois o adolescente é o processo de crescimento do jovem.

A MODERNIDADE.

Em 1850 foi introduzido o ferro na arquitetura, que vai permitir a construção de grandes espaços livres. Novas técnicas construtivas para atender bens mais utilitários, mas por outro lado esta estrutura moderna é escondida em cima de forças e formas estilísticas históricas do passado. Arquitetura eclética ou historicista, mistura de diferentes formas de arquitetura unindo o clássico e o moderno. Ferro e vidro e o ornamentalismo externo mais clássico. Se vive agora na hera de avanço de modernismo na pintura, surge o impressionismo mais ou menos em 1784, como exemplo temos o Parlamento Inglês pintado de forma impressionista. Acho que captando a natureza de luz e cor diferenciada ela retrata de forma que a natureza e não estática e sim mais mutante. O artista expressa a sua sensação face ao tema, captando esse momento, não é abstracionismo e sim impressionismo.

Ele tenta competir com a fotografia e como exemplo vemos o quadro Impressão do Sol Nascente, negação da totalidade do espaço e sim ângulo mais fechado. Pulando para o século XX temos expressionismo que procura revelar questões abstratas internas de ordem social, com o abandono da beleza, pintura pastora, com pinceladas visíveis, não há cenário específico e as figuras integram-se.

Quadro Plantas Aquáticas do artista Monet busca uma pintura rápida, ligeira com a intenção de captar o instante.

ILUMINISMO.

No iluminismo que se transforma o pensamento racional, por que o homem tem a capacidade racional e a ciência como conhecimento científico onde o homem não precisa mais da igreja, onde a arte terá um caráter profano que nega as religiosidades divinas. Acreditava-se que através de um estado republicano, onde os homens tinham os seus direitos poderiam entrar na modernidade. Cai por terra com o fracasso da Revolução Francesa e geram alguns momentos de insegurança e instabilidade política, econômica e social fazendo com que o próprio regime absolutista coloque por terra seus ideais.











Arquivo pessoal, História da Arte, 2001.

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