Túmulos de dezenas de reis da época do Rei Artur são descobertos na Grã-Bretanha
Até 65 sepulturas de reis e rainhas foram descobertos.

Por Tom Metcalfe. Publicado na Live Science
Os túmulos de dezenas do que podem ter sido os primeiros reis, rainhas, príncipes e princesas britânicos da era do mítico Rei Artur foram revelados por um novo estudo.
Isso sugere que as sepulturas reais britânicas que datam entre os séculos V e VII d.C. foram negligenciadas até agora, possivelmente porque não eram elaboradas e não continham bens valiosos.
A pesquisa reconsidera evidências arqueológicas de um período pouco compreendido da história britânica, entre o fim do domínio romano e os últimos reinos anglo-saxões — uma época tradicionalmente descrita pelas lendas do Rei Artur.
O novo estudo de Ken Dark, professor emérito de arqueologia e história da Universidade de Reading, no Reino Unido, identifica o que pode ser até 65 túmulos de reis britânicos pós-romanos e suas famílias em cerca de 20 locais de sepultamento no oeste de Inglaterra e País de Gales, incluindo os modernos condados ingleses de Somerset e Cornualha.
Os britânicos continuaram a governar no que hoje é o oeste da Inglaterra, País de Gales e partes da Escócia nos séculos após o fim do domínio romano na Grã-Bretanha no início do século V, enquanto os invasores anglo-saxões se estabeleceram no leste.
Mas enquanto os governantes anglo-saxões da época eram enterrados de forma elaborada com presentes valiosos e ornamentados, os britânicos cristãos podem ter visto isso como uma prática pagã, disse Dark.

Em vez disso, os britânicos pareciam ter enterrado sua realeza sem bens funerários em túmulos simples sem inscrições em pedra ao lado dos túmulos dos cristãos comuns – embora muitos dos túmulos reais fossem cercados por uma vala retangular e provavelmente cercados por uma cerca que desde então apodreceu, disse ele.
Dark, que agora está na Universidade de Navarra, na Espanha, é o autor do estudo publicado este mês no Journal of the Royal Society of Antiquaries of Ireland.
“As sepulturas reais são muito padronizadas”, disse ele à Live Science. “Elas têm alguma variação, assim como os túmulos comuns – algumas são maiores, algumas são menores, algumas têm apenas um túmulo no centro, enquanto outras têm dois ou três”.
Grã-Bretanha pós-romana
O domínio romano na Grã-Bretanha durou de 43 d.C., após uma invasão romana sob o imperador Cláudio, até cerca de 410 d.C., quando as últimas tropas romanas foram convocadas para a Gália (França moderna) em meio a rebeliões internas no Império Romano e invasões de tribos germânicas. (O general romano Júlio César invadiu o sul da Grã-Bretanha em 55 a.C. e 54 a.C., mas não estabeleceu um domínio romano permanente.)
Entre os séculos V e VII, os britânicos cristãos governaram o que hoje são o oeste da Inglaterra e do País de Gales como uma colcha de retalhos de pequenos reinos que tentaram continuar as tradições romanas cristãs. No mesmo período, tribos germânicas pagãs — os anglos, saxões e jutos, originários do norte da Europa — invadiram e se estabeleceram no leste do país.

As lendas do Rei Artur, que supostamente era britânico e cristão, se passam nesse período, embora a maioria dos historiadores pense que Arthur não existiu. (Dark, no entanto, sugere que uma pessoa real ou um herói fictício com esse nome era famoso já no século VI, porque os estudos anteriores de Dark sugeriram que houve um aumento repentino no uso do nome “Artur” entre famílias reais britânicas e irlandesas da época.)
Dark começou sua investigação para resolver um mistério arqueológico de longa data: embora se saiba que muitos reis britânicos viveram durante esse período, quase nenhum de seus túmulos foi encontrado.
Até este estudo, a sepultura de apenas um rei britânico dessa época era conhecida após ser descoberta no noroeste do País de Gales; uma inscrição em uma lápide nomeia a pessoa enterrada lá como Catamanus (Cadfan em galês) e declara que ele era um rei (rex em latim).
Mas Cadfan pode ter se aposentado da realeza para se tornar um monge antes de sua morte, e o fraseado da inscrição implica que seu túmulo estava sendo venerado por causa de seu status de monge, disse Dark.
Enquanto isso, os túmulos de pelo menos nove governantes anglo-saxões do período foram encontrados, incluindo um no famoso navio funerário em Sutton Hoo, perto da costa leste da Inglaterra.
Sepulturas reais
Para chegar ao fundo do mistério, Dark revisou o trabalho arqueológico feito anteriormente em milhares de cemitérios desse período no oeste da Grã-Bretanha e da Irlanda.
Seu estudo sugere que as sepulturas reais britânicas foram colocadas em cemitérios cristãos primitivos; e enquanto elas foram marcadas como pessoas de status elevado, elas parecem muito humildes em comparação com túmulos pagãos ornamentados e nenhum tem pedras com inscrições informando quem foi enterrado lá.
Os recintos externos variam em tamanho e alguns contêm até quatro sepulturas, mas geralmente têm cerca de 4 a 9 metros de diâmetro e até 9 metros de comprimento.
“Temos um monte de sepulturas que são todas iguais, e uma pequena minoria dessas sepulturas é marcada como sendo de status mais elevado do que as outras”, disse Dark. “Quando não há outros candidatos possíveis, isso me parece ser um bom argumento para estes serem os túmulos reais ‘perdidos'”.
Em um local em Tintagel, uma península fortificada na costa da Cornualha que há muito tempo é associada à realeza britânica pós-romana e às lendas do Rei Artur, o que se acredita ser cinco túmulos reais britânicos em um cemitério cristão primitivo assume outra forma. Cada um foi coberto por um monte de terra, possivelmente porque as sepulturas reais irlandesas também são cobertas com montes chamados “ferta”, disse ele. (Os britânicos pós-romanos tinham fortes ligações com a Irlanda celta; os antigos irlandeses e britânicos eram ambos de origem celta e tinham línguas semelhantes.)
Mas o padrão de colocar os túmulos reais no centro de um recinto – geralmente retangular, mas às vezes circular – parece ser um estilo de sepultamento desenvolvido pelos cristãos na Grã-Bretanha romana tardia, disse ele.
“A tradição da sepultura fechada vem diretamente das práticas funerárias romanas tardias”, disse ele. “E essa é uma boa razão pela qual as temos na Grã-Bretanha, mas não na Irlanda – porque a Grã-Bretanha era parte do império romano, e a Irlanda não”, disse ele.
Embora estudos anteriores tivessem sugerido que as sepulturas fechadas abrigavam pessoas de alto status social, em vez da realeza; e os arqueólogos esperavam que as sepulturas reais fossem cobertos por montes de terra ou marcadas com inscrições em pedra, disse ele. “Já eu estou sugerindo que essa prática de sepultamento era especificamente real”.
fonte: https://universoracionalista.org/tumulos-de-dezenas-de-reis-da-epoca-do-rei-artur-sao-descobertos-na-gra-bretanha
Abaixo outra fonte com a mesma reportagem.

65 túmulos de reis da época do Rei Arthur descobertos na Grã-Bretanha
Os túmulos dos primeiros reis e rainhas britânicos da era do mítico Rei Arthur provavelmente foram ignorados até hoje por não serem tão glamourosos quanto se esperava.
A Grã-Bretanha possui uma lacuna histórica, entre os séculos V e VII d.C, conhecida apenas nas lendas do mítico Rei Arthur. Este período, marcado pelo fim do domínio romano e início dos reinos anglo-saxões, protagonizou várias batalhas de resistência entre os britânicos nativos do oeste (celtas parcialmente romanizados) e os invasores germânicos do leste.
Um dos grandes mistérios desse período para os historiadores é o fato de não se saber onde estão os túmulos das famílias reais britânicas, que governaram essa região.
Contudo, em um trabalho recente, o famoso arqueólogo Ken Dark – da Universidade de Reading no Reino Unido – afirma que os túmulos dos reis britânicos dessa época nunca foram encontrados, porque eles eram enterrados em sepulturas simples, indistinguíveis das covas de “pessoas comuns” (DARK, 2022).
Dark chegou a essa conclusão após examinar 65 túmulos humildes, encontrados em cerca de 20 locais de sepultamento no oeste de Inglaterra e País de Gales, e descobrir que eles eram de reis britânicos pós-romanos e suas famílias.
Grã-Bretanha pós-romana
O general romano Júlio César chegou a invadir o sul da Grã-Bretanha entre 55 e 54 a.C., mas não conseguiu estabelecer um domínio permanente.
Somente mais tarde, sob a coordenação do imperador Cláudio, os romanos conseguiram o controle da região, que durou de 43 d.C. a 410 d.C., quando as últimas tropas romanas foram convocadas para a Gália (França moderna) em meio a rebeliões internas no Império Romano e invasões de tribos germânicas.
Após o domínio romano, entre os séculos V e VII, os britânicos continuaram a governar o oeste da Inglaterra, País de Gales e partes da Escócia, como uma “colcha de retalhos”, ou seja, pequenos reinos que se respeitavam para tentar continuar as tradições romanas cristãs. No mesmo período, tribos germânicas pagãs, como os anglos, saxões e jutos, invadiram e se estabeleceram no leste do país.
As lendas do Rei Arthur, que supostamente era britânico e cristão, se passam nesse período. Embora a maioria dos historiadores entenda que Arthur não existiu, Dark, mostra em estudos anteriores, que uma pessoa real (ou um herói fictício) com esse nome ficou famoso no século VI. Ele argumenta que uma forte evidência é o aumento repentino do uso do nome “Arthur” nas famílias reais britânicas e irlandesas desse período, sugerindo que uma figura heroica com esse nome existiu.
Devido a grande quantidade de batalhas nesse período, muitas vidas foram perdidas de ambos os lados, e, consequentemente, muitos cemitérios foram estabelecidos na região. Embora os governantes anglo-saxões da época recebessem enterros elaborados com presentes valiosos, os britânicos cristãos viam isso como uma prática pagã.
Segundo Dark, este é o motivo pelo qual não podemos encontrar as sepulturas dos reis dessa época. Os britânicos cristãos enterravam sua realeza em túmulos simples, sem bens funerários, nem inscrições em pedra, da mesma forma que os cristãos comuns.
Dark iniciou este trabalho com o objetivo de solucionar um mistério arqueológico muito antigo. Se tantos reis e rainhas viveram neste período, onde foram parar seus túmulos? Ele afirma que até a data da publicação do seu trabalho, apenas o túmulo de um rei britânico dessa época havia sido descoberto no noroeste do País de Gales, uma lápide com a inscrição em latim “Catamanus Rex” que significa “Rei Cadfan“.
Enquanto isso, os túmulos de pelo menos nove governantes anglo-saxões do período foram encontrados, incluindo o famoso navio-cemitério de Sutton Hoo, na costa leste da Inglaterra.
Detalhes das sepulturas
Para desvendar este mistério, Dark realizou uma vasta revisão bibliográfica em trabalhos arqueológicos que contemplam os cemitérios desse período no oeste da Grã-Bretanha e Irlanda.
Suas conclusões sugerem que os nobres britânicos dessa época eram sepultados em cemitérios cristãos comuns, mesmo sendo pessoas de alto status na sociedade. Seus túmulos eram tão humildes, que não possuíam sequer lápides com inscrições informando quem foi enterrado lá. O máximo que se observou foram algumas estruturas maiores, de tamanho variado, contendo até quatro sepulturas.
De uma forma geral, os enterros são quase todos iguais, com uma pequena minoria dando a entender, vagamente, o status social do finado, mas sem definir seu nome.
Em um local em Tintagel, foram encontrados o que se acredita serem cinco túmulos reais britânicos em um cemitério cristão primitivo. Este local é uma península fortificada na costa da Cornualha, normalmente associado à realeza britânica pós-romana e às lendas do Rei Arthur. Os túmulos descobertos lá têm a forma de um monte de terra, semelhante às sepulturas de nobres irlandeses, conhecidas como “ferta“. Segundo Dark, isso significa que os britânicos que viviam lá tinham origem irlandesa celta, e pelos poucos escritos identificados, falavam línguas semelhantes.
Contudo, a tradição de colocar os túmulos no centro de um recinto (ou cova) retangular parece ser um estilo de sepultamento desenvolvido pelos cristãos na Grã-Bretanha romana. Uma evidência disso é o fato dessas sepulturas retangulares, um estilo romano de túmulo, aparecerem na Grã-Bretanha e não na Irlanda.
Alguns arqueólogos, críticos do trabalho de Dark, afirmam que essas 65 sepulturas abrigavam possivelmente pessoas de alto status social, mas não exatamente a realeza. Eles acreditam que os enterros das famílias reais dessa época ainda serão descobertos em estruturas na forma de montes de terra ou de covas com inscrições em uma lápide. Contudo, para Dark, a melhor hipótese que temos até agora, após tanto tempo procurando, é a de que esses nobres foram sepultados em túmulos simples, da mesma forma que pessoas comuns.
fonte: https://cienciamundo.com/65-tumulos-de-reis-da-epoca-do-rei-arthur-descobertos-na-gra-bretanha
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