terça-feira, 21 de setembro de 2021

Cemitério de Torres ou Cemitério do Morro do Farol.


CEMITÉRIO DO MORRO DO FAROL 1922

Imagem editada digitalmente (retocada e colorizada) por Wilmarx, a partir da fotografia - tirada do alto do farol - de Oscar Teodoro Panitz. Acervo de Tchilla Panitz Stark.

“Em 1941 meu pai faleceu de tuberculose. Os túmulos dos tuberculosos eram marcados pelo medo da doença.” José Armando Lima

“Lembro quando guri, ter acompanhado a pé um pessoal para sepultar um menino que se chamava Lu, nosso vizinho, no Cemitério do Morro do Farol. Em volta da cruz no centro do cemitério foram feitas orações e a encomendação do corpo. Após o primeiro golpe com a pá na terra para fazer a cova, elevaram-se alguns pares de sapatos de crianças - momento em que fiquei muito impressionado. Uma prova do superlotamento já no início dos anos 60.” Wilson Marques

Em meados dos anos 60 o cemitério foi desativado.

“Na hora do recreio do Grupo Escolar Marcílio Dias brincar no cemitério era uma diversão.” Wilmarx

Entre os anos 1972 e 73, a Prefeitura de Torres pedia às pessoas que tivessem parentes sepultados no Cemitério do Farol, entrassem em contato. Em 1974 já não existiam mais ruínas. As máquinas da prefeitura aplainaram e improvisaram um mirante no local. E no final dos anos 70 foi feita uma pavimentação com paralelepípedo e um estacionamento. Mas até o início dos anos 80 nos arredores da área do Farol era possível encontrar alguns resquícios de lápides, deixadas para trás pelos operários.

Enfim, as histórias são muitas...
Dizem os engraçadinhos que a água da Gruta da Santinha é a “água dos mortos”, alguns deles oriundos de naufrágios! E os crentes afirmam ser “lágrimas de desencarnados”.
Alguns defensores do patrimônio público acham que o cemitério deveria ter sido transformado em atração turística...

Nelson Adams Filho, jornalista e pesquisador, comenta:

"O primeiro cemitério cristão 'das Torres' localizava-se na Itapeva, onde Torres nasceu. Há registros, mas nada se localizou na área. O segundo foi ao lado da Casa 1, conforme documentos que localizei junto à Igreja. Esteve atuante de 1826 - primeiro registro, uma criança - até 1859. Ali há 258 corpos sepultados e tenho registro de todos eles. Essa pesquisa está em meu último livro, recém lançado, sobre a Festa de São Domingos das Torres (194 anos), a construção da Igreja e o cemitério da Capela.
A maioria das mortes foram de crianças, pela verminose, o 'mal da Terra'. O Alferes ali está sepultado, assim como militares, um idoso de 104 anos, escravos, etc. Defronte ao Farol Hotel não havia cemitério, mas sim uma Santa Cruz até onde iam as procissões da época. Sim, ali pode ter sido sepultados Manoel Rodrigues da Silva e Cândida Porto Rodrigues. Naquela época, os irmãos Manoel e Luciano Rodrigues da Silva eram donos da Sesmaria de Campo (3 léguas por 1) que deu origem ao Passo de Torres. Era maior e muito mais rica (em agricultura, gado, atafonas, etc.) que as Torres. Tenho mapa militar de 1842 que comprova isso."

CEMITÉRIOS DE TORRES
Texto: João Barcelos da Silva (194_-2011), pesquisador.

“Na torre norte e suas imediações, ou o Morro do Farol como é mais conhecido, onde se iniciou a cidade de Torres, existiram no mínimo três cemitérios.
O último, que foi desativado na primeira metade da década de 1950, já existia em 1894, ano em que em sua porta ocorreram no mínimo dois fuzilamentos, localizava-se exatamente no 'estacionamento' existente no alto do Ponto geográfico antes referido, de frente para o mar.
O penúltimo, que segundo Ruy Ruben Ruschel foi criado entre 1861/1862, e foi desativado após 1898, em razão da invasão das areias, é também conhecido por 'cemitério dos degolados', conforme informação do veterinário aposentado e médico atuante João Aires da Silva.
O ante penúltimo, ao que se sabe, estava localizado próximo da SAPT, na frente do Farol Hotel, onde em 1973 foram encontrados esqueletos do casal Cândida e Manoel Rodrigues da Silva, genro de Manoel Ferreira Porto e pai de José Rodrigues da Silva. Seria este o cemitério que ficou pronto juntamente com a Igreja de São Domingos, de que fala Francisco de Paula Soares, quando estava para receber os imigrantes alemães, ou haveria outro junto à mesma Igreja como afirmam alguns?
Fica, no mínimo, mais uma indagação: não é muito cemitério para uma pequena localidade do século XIX, mesmo tendo passado por duas revoluções sangrentas, em menos de seis décadas, a dos farrapos e a dos federalistas?
De se notar que as datas entre o fim do penúltimo (após 1898) e o início da existência do último (1894), estão mais do que 'apertadas', para não dizer incongruentes.”

Edição: Wilmarx

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário