QUEM É MORGAN FREEMAN?
Da voz de Deus, para trotes, Mandela, até assassinato, uma vida como nenhuma
COLUNA - DANIEL BYDLOWSKI, CINEASTA PUBLICADO EM 05/06/2021
Há quem pense que a voz dele é a de Deus, ou que poderia ser. Também, com tantos questionamentos que a vida nos traz, quem melhor para nos guiar do que... Morgan Freeman? Sim, os americanos têm a opção de escutar o ator, que acaba de completar 84 anos, como narrador no GPS. E eu, duvido que você não seguiria os caminhos dele.
Até a ciência explicou porque gostamos de escutá-lo, mesmo que seja com efeito de gás hélio, como fez para promover suas séries Through the Wormhole, da Science Channel, ou passando trotes para caridade. Isso, combinado a sua presença imponente e o olhar amistoso são uma marca registrada.
Morgan Porterfield Freeman Jr, nasceu em 1 de junho de 1937, em Memphis, Tennessee. Filho mais novo de uma família grande e de baixa renda, morou com a avó materna, depois que seus pais sucumbidos pela pressão de Jim Crow (leis estaduais e locais que impunham a segregação racial no sul dos Estados Unidos) foram para Chicago em busca de emprego. Quando sua avó faleceu, ele também se mudou para o Norte com a mãe, já divorciada de seu pai alcoólatra.
Desde criança, Freeman já revelava sua paixão por cinema. Boa parte de seu tempo era dedicado a economizar dinheiro para assistir filmes, principalmente com atores como Sidney Poitier, a quem demonstrou enorme admiração em seu discurso, em 1992, no 20º Prêmio AFI-Life Achievement, dedicado pelo conselho de diretores do American Film Institute para homenagear uma única pessoa por sua contribuição vitalícia para a cultura americana por meio do cinema e da televisão. Neste caso, Poitier.
Na ocasião Freeman chegou a dizer: “todo individuo idealiza seu próprio paraíso, o meu sempre foi estar no cinema, e desde que o imagino há uma luz brilhando forte. Essa luz é Sidney Poitier.
Embora atuar fosse um talento natural e uma paixão, outras emoções também o instigavam. Voar. Mais especificamente se tornar um piloto de caça. Ao terminar o ensino médio, ele recusou uma bolsa para estudar teatro na Universidade e aceitou o convite do Tio Sam, entrou em um ônibus e se alistou na Força Aérea dos Estados Unidos. Mas ser um homem livre e militar, não são exatamente uma combinação esperada. Em vez dos ares, Freeman ganhou a terra como mecânico, e também, atirar em alguém não estava entre suas expectativas.
Apesar de sua primeira atuação ter acontecido ainda quando criança e como punição na escola, por puxar a cadeira de um colega, Freeman foi obrigado a participar do grupo de teatro, e se deu bem – esse hiato só voltou pós exército.
Das asas do Tio Sam, Freeman decidiu ir para Hollywood, fez aulas de atuação e tentou alguns trabalhos, sem sucesso. Em 1960, ele muda-se para Nova Iorque para ingressar no teatro musical, Opera Ring. Sim, ele foi dançarino. Com o grupo realizou algumas turnês, mas sua grande chance de atuar no off-Broadway surgiu em 1967, com Viveca Lindfors em uma peça chamada The Nigger Lovers, sobre os direitos civis americanos. O qual segundo ele, foi seu primeiro emprego remunerado nos palcos.
A vida começa depois dos 50? Definitivamente sim! Morgan tornou-se um ator de verdade aos 50 anos quando fez “Armação Perigosa” (1987) e ganhou sua primeira indicação ao Oscar como Melhor Ator Coadjuvante. Mas a popularidade chegou com “Conduzindo Miss Daisy”, em 1982, em que interpreta o motorista de Jessica Tandy. O personagem lhe rendeu O Globo de Ouro de Melhor Ator e a indicação ao Oscar na mesma categoria.
A partir de então começaram a vir os sucessos como “Os imperdoáveis” (1992) de Clint Eastwood, o clássico “Um sonho de Liberdade” (1994), “Se7en - os sete crimes capitais”, ao lado de Brad Pitt (1995), “Impacto Profundo” (1998), “A soma de todos os medos” (2002), “Todo Poderoso” (2003) em que interpretou Deus (!!) e muitos outros, mas obviamente alguns merecem destaque. Vou citar dois, frutos de uma parceria incrível com Clint Eastwood.
O longa “A menina de Ouro” (2005), em que Freeman contracena e é dirigido por Clint, não só o rendeu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, como mais três outros prêmios; Screen Actors Guide e festivais no Canada e Itália.
No filme, Freeman é Eddie Dupris o melhor amigo do treinador de boxe Frankie (Clint), que resolve se tornar mentor de Maggie (Hilary Swank). A produção que apresenta uma história sobre os laços que escolhemos fazer na vida, também levaram a estatueta do Oscar de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Atriz.
Nelson Mandela e Morgan Freeman. Por muito tempo, o ator esperou fazer um filme sobre o lendário advogado e ex-presidente da África do Sul, até tentou adaptar a autobiografia de Nelson em um roteiro, no entanto o projeto nunca foi finalizado. Então em 2007, em mais uma fantástica parceria com Eastwood na direção, ele interpretou Madiba, em “Invictus”.
Baseado no livro Playing the Enemy: Nelson Mandela e o jogo que fez uma nação de John Carlin, o longa apresenta a história da união de uma nação pela conquista da Copa do Mundo de Rugby, de 1995, pela seleção Sul-Africana, organizada após o fim do Apartheid. Matt Damon interpreta François Pienaar, o capitão do time.
Do recebimento de medalhas do próprio Barack Obama por sua incrível contribuição como ator, diretor e narrador, até acidentes, assassinatos e outras acusações sobre imoralidades, essa é a vida pessoal de Freeman. Em 2018, a imprensa reportou diversas acusações de mulheres pelo comportamento inapropriado de Morgan. Que não foram provadas.
fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/daniel-bydlowski/do-ceu-ao-inferno-quem-e-morgan-freeman
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