terça-feira, 4 de maio de 2021

O Caminho de Peabiru e os vikings no sul do Brasil.


O CAMINHO DE PEABIRU E OS VIKINGS NO SUL DO BRASIL - 2ª PARTE

- continuação -

Se Sumé chegou até Santa Catarina ou não é uma incógnita. A mesma coisa pode-se dizer dos vikings. Entretanto quando vi a grande quantidade de inscrições petroglíficas nas encostas da ilha de Santa Catarina, e considerando que Mahieu conseguiu identificar runas em inscrições semelhantes em varias partes do Paraguai e do Brasil, inclusive nas “Sete Cidades” do Piauí, pergunto: não haveria entre essas inscrições, algumas que pudessem se enquadrar como inscrições vikings?

O pesquisador catarinense Keler Lucas em seu livro “A arte rupestre no município de Florianópolis” apresenta algumas petróglifos semelhantes a outros encontrados em diversas partes do Brasil e dá a sua opinião sobre essa semelhança: “Achamos que todas essas coincidências indicam a possibilidade de algumas das sinalizações serem de povos que por aqui passaram ou mantiveram contato num passado remoto. Desta pequena amostragem, fica a impressão de que as nossas sinalizações não são tão nossas, como se costuma dizer”.

O português Aleixo Garcia, que acompanhava uma expedição espanhola com destino ao Rio da Prata naufragou na costa sul da ilha de Santa Catarina em 1516. O local ficou conhecido como Naufragados. Vivendo com os índios carijós, tomou conhecimento de objetos de prata que os indígenas diziam terem sido trazidos de uma terra longínqua de altas montanhas e governada por um poderoso “rei branco”. Garcia, no ano 1524, organizou uma expedição com cerca de 2.000 índios flecheiros e, pelo caminho de Piaburu, chegou até a Bolívia, terras dos incas, oito anos antes dos Pizarro e seus companheiros que só chegaram lá em 1532. Em 1525, depois de muitos saques e carregado de muitos cestos ouro e prata, Garcia foi morto por índios no Paraguai quando já retornava de sua expedição. Garcia viajou cerca de 2.600 quilômetros e num período de um ano e meio havia chegado às portas do império inca, a apenas 150 quilômetros de Potosi, a serra da prata, hoje esgotada. Entretanto antes de morrer enviou para Santa Catarina alguns mensageiros com cerca de 30 quilos de ouro e prata.

Em 1531, Martim Afonso de Souza tomando conhecimento que Francisco Chaves, um dos sobrevivente branco da expedição de Aleixo Garcia vivia no litoral paulista, organizou uma expedição chefiada por Pero Lobo Pinheiro como chefe e Chaves como guia, para seguir pelo caminho de Peabiru a trilha de Garcia. Essa expedição jamais voltou, pois também foi trucidada pelos índios as margens do rio Paraná. Em 1541 o governador do Paraguai, Alvar Nuñes Cabeza de Vaca, resolveu fazer o mesmo caminho de Garcia, para o Paraguai, partindo do litoral catarinense, pelo caminho do Peabiru.

Em 1549 três navios espanhóis que se dirigiam para o Rio de La Plata, com posterior destino ao Paraguai e Peru, dispersaram-se em uma tempestade. Combinados a encontrarem-se no paralelo 28 graus que corresponde a Ilha de Santa Catarina, somente dois chegaram ao destino. Quando estavam prontos para seguir viagem o navio maior, sem nenhum motivo, afundou. Na região morava, entre os índios, um basco de Bilbao, Juan Fernando, que acolheu os espanhóis. Entre eles encontrava-se o alemão Hans Staden. Como eram muitos homens para um navio pequeno a maior parte segui por terra para a província de Assunção, pelo caminho de Peabiru, guiados por alguns índios. Muitos morreram de fome pelo caminho, mas a maioria atingiu seu destino.

Por sua vez Ulrich Schmidel, fez o caminho ao contrário. Saiu de Assunção em dezembro de 1552 chegando a São Vicente em 1553. Para evitar atrito entre espanhóis e portugueses em 1553, esse trajeto foi proibido, pelas autoridades dos dois países. O caminho de Peabiru foi usado somente um século depois pelos bandeirantes paulistas, que iam até as reduções jesuíticas castelhanas de Guaíra, aprisionar índios para a escravidão.

O Peabiru era uma estrada com cerca de 1,60 m. de largura e 1.200 km. de comprimento, sinalizada por uma erva muito miúda que crescia dos dois lados até quase 60 centímetros. Mesmo quando os campos eram queimados, a erva voltava a nascer do mesmo modo.

É interessante notar que todas as inscrições rupestres da Ilha de Santa Catarina estão localizadas no costa leste da ilha, voltadas para o oceano. Foram feitas na maioria das vezes em paredões de difícil acesso e visíveis só para quem olha pelo lado do mar. Embora não conseguimos identificar nenhum dos sinais parecidos com as runas escandinavas, percebemos que há na Ilha das Aranhas um desenho semelhante aos drakar (embarcações) viking e a outros desenhos encontrados em outras partes do Brasil.

F I M

BIBLIOGRAFIA:
ACQUAVIVA, Marcus Cláudio – Lendas e Tradições das Américas – Hemus Editora Ltda., São Paulo-SP.
BOND, Rosana – A Saga de Aleixo Garcia – Editora Insular Ltda., Florianópolis-SC. 1998.
BUENO, Eduardo – Náufragos, Traficantes e Degredados – Editora Objetiva, Rio de Janeiro-RJ, 1998.
BUENO, Eduardo – Capitães do Brasil – Editora Objetiva, Rio de Janeiro-RJ, 1999
GALDINO, Luís – Peabiru: o caminho da montanha do Sol – Planeta no 4, Editora Três, dezembro/1972.
LUCAS, Keler – A arte rupeste do município de Florianópolis – Rupestre, Florianópolis-SC,
MAHIEU, Jacques de – Os Vikings no Brasil – Livraria Francisco Alves Editora S.A., Rio de Janeiro-RJ, 1976.
STADEN, Hans – A Verdadeira História dos Selvagens, nus e ferozes devoradores de homens – Dantes Editora & Livraria, Rio de Janeiro-RJ, 1998.
REVISTAS E JORNAIS:
MUGGIATI, Lena – Cerro Corá. Os Vikings na América do Sul – Revista Geográfica Universal nº 282 – Bloch Editores S.A., Rio de Janeiro-RJ., julho/1998.
MUGGIATI, Lena – Eram os vikings paraguaios? – Revista Manchete, Bloch Editores S.A., Rio de Janeiro-RJ, 04.04.98.
OSÓRIO, Pedro Luiz – Uma pedra poderá dizer se os vikings estiveram no Rio Grande do Sul – Correio do Povo, Porto Alegre-RS, 08.06.80.
SILVA, Adriana Vera e – O primeiro bandeirante – Revista Super Interessante, Editora Abril, outubro/1999.

Petroglifo semelhante a um drakar viking na ilha das Aranhas em Florianópolis.

nossa fonte: https://www.facebook.com/photo?fbid=10224639897600864&set=gm.3965717246854533

Boa pesquisa. 

 

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