CÓDIGOS E ENIGMAS SEM SOLUÇÃO: O LIVRO DE 1978 QUE NUNCA FOI DECIFRADO
Criado pelo artista italiano Luigi Serafini, o Codex Seraphinianus é uma enciclopédia bizarra, escrita em uma língua misteriosa
PAMELA MALVA PUBLICADO EM 30/08/2020
Desde o início da escrita, a humanidade busca criar novos códigos e símbolos que transformem nossa relação com as palavras. Em constante mudança, portanto, é comum que algumas linguagens caiam em desuso, como no caso do latim.
Entre 1976 e 1978, um artista italiano quis desenvolver seu próprio conjunto de símbolos. Assim, através de letras ornamentadas e frases que ninguém nunca conseguiu compreender, Luigi Serafini criou o Codex Seraphinianus.
Na obra, são cerca de 360 páginas recheadas do mais puro mistério. Quase um enigma, o livro pode ser classificado como uma enciclopédia surrealista, lotada de ilustrações e desenhos sobre fauna, flora e história de um mundo imaginário.
O gênio por trás da obra
Nascido em 1949, em Roma, Luigi Serafini é conhecido por seus incríveis trabalhos como arquiteto e designer. Muito profissional, ele espalhou suas criações por Milão, Umbria e Nápoles e ainda chegou a trabalhar na Holanda.
Como um ilustrador afiado, Luigi já imprimiu seus desenhos em grandes obras da literatura, como em 'Na Colônia Penal', de Franz Kafka. Em meados de 2000, ele chegou a criar seu próprio site, mas a página nunca foi desenvolvida.
Foi em meados da década de 1970, no entanto, que ele criou uma de suas obras mais famosas: o misterioso Codex Seraphinianus. Até hoje, pouco se sabe sobre o livro e menos ainda sobre o que as centenas de páginas retratam.
Um enigma de gerações
Publicado em 1981 por Franco Maria Ricci, o Codex é uma enciclopédia escrita e ilustrada à mão pelo próprio Luigi. São mais de mil desenhos e esquemas detalhados, feitos com lápis de cor e espalhados em onze diferentes capítulos.
Além das intrigantes ilustrações, a numeração das páginas também apresentava um enigma. Decodificada por Allan C. Wechsler e pelo linguista búlgaro Ivan Derzhanski, a sequência de números é uma variação da base 21.
Sem contar essa descoberta, o livro continua um completo mistério. Ninguém nunca entendeu uma frase escrita por Luigi em sua totalidade e grande parte da obra permanece indecifrável — sejam as palavras, ou as ilustrações bizarras.
Linha tênue
Em imagens surreais, Luigi representou elementos da fauna, flora, física, anatomia, moda, culinária e arquitetura de um universo que ele mesmo imaginou. São paródias do mundo real em formato de frutas, pessoas esguias e animais fantásticos.
Logo abaixo das imagens, textos desconhecidos em um sistema de escrita falsa se estendem por linhas e mais linhas. Redigidas da direita para a esquerda, as letras seguem um padrão adornado que lembra a escrita cingalesa, comum no Sri Lanka.
Em 2009, durante uma palestra na Universidade de Oxford, Luigi falou sobre sua criação. O artista afirmou que não existe nenhum sentido semântico por trás do Codex. Ele apenas queria criar um alfabeto que transmitisse a sensação que uma criança tem quando olha para um texto que ainda não sabe ler.
Para o crítico de ficção científica Baird Searles, o Codex “encontra-se na difícil fronteira entre o surrealismo e a fantasia”. Já para o jornalista americano Jim Dwyer, a obra que permanece um mistério até hoje e intriga centenas de curiosos pode ser traduzida como uma das primeiras críticas à Era da Informação.
fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/codigos-e-enigmas-sem-solucao-o-livro-de-1978-que-nunca-foi-decifrado
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