A pandemia causada pelo novo coronavírus tem nos ensinado muitas coisas, da atenção aos métodos de higiene pessoal e alimentar à preocupação com espaços com grande circulação de pessoas. Desde que o processo de quarentena começou, as ruas têm ficados mais vazias, muitas empresas adotaram o regime de home office e a população sai de casa apenas quando é necessário. Essa situação, porém, não é novidade na história da humanidade. A cidade croata de Dubrovnik é a primeira de que se tem notícia a criar uma legislação exclusiva para doenças contagiosas, sendo conhecida como a cidade medieval que criou a quarentena.
Para explicar essa história, precisamos voltar para o século XIV, quando a Europa sofreu com a Peste Negra. Para proteger a população local, a cidade italiana de Veneza decidiu que todos os navios que chegassem de portos infectados seriam obrigados a permanecer ancorados por 40 dias antes de começar o desembarque. A prática ficou conhecida como quarentena, palavra derivada de quarantino, que se refere ao período de 40 dias. No outro lado do Mar Adriático, o Grande Conselho da cidade de Dubrovnik, que se chamava Ragusa à época, criou uma lei para impedir o avanço da doença, exigindo que todos os navios e caravanas que chegassem de áreas infectadas fossem submetidos a 30 dias de isolamento.
Escrita em latim, a legislação de Dubrovnik dizia que “os que chegam de áreas infectadas pela peste não devem entrar em Ragusa ou em seu distrito”. Pela lei, todos os que chegassem de lugares que sofressem com a Peste Negra deveriam passar um mês na cidade vizinha de Cavtat ou no ilha de Mrkan para desinfecção antes de entrar na cidade. Diferentemente de Veneza, que preferiu parar os navios e comércio, interrompendo a vida na cidade, Dubrovnik decidiu isolar pessoas, animais e mercadorias, mantendo-os separados da população saudável sem interromper a vida na cidade.
Hoje, Dubrovnik é uma das cidades mais visitadas da Croácia. Cenário de alguns episódios da série de TV Game of Thrones, a beleza natural e urbanística chama a atenção de todos com sua arquitetura medieval, renascentista e barroca, muralhas bem conservadas e vista para o Mar Adriático, além de ser um importante porto marítimo na região. O nome Dubrovnik tem origem no termo ilírio dubrava, que significa bosque de carvalhos, tendo sido adotado oficialmente em 1918, após a queda do Império Austro-Húngaro.
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