INTRIGAS E ASSASSINATO: POTHINUS, O EUNUCO QUE COLOCOU CLEÓPATRA E O IRMÃO EM GUERRA CIVIL NO EGITO
Figura singular, ele era regente do então faraó Ptolomeu XIII; com sede de poder, chegou a cometer um crime para agradar Júlio César
ANDRÉ NOGUEIRA PUBLICADO EM 11/04/2020
Pothinus foi um notório eunuco que viveu no Egito Ptolomaico, durante o início de uma crise no século primeiro a.C, que foi importante na política regional. Isso porque ele tentou criar um poder paralelo baseado na atuação do co-regente egípcio Theos Filopador, décimo terceiro Ptolomeu de sua dinastia, opondo-se ao mandato de Cleópatra.
O homem foi regente de Ptolomeu XIII, enquanto este era menor de idade, após a morte de seu pai, que deixou em testamento o desejo de que o jovem governasse ao lado da irmã Cleópatra. Então, como principal regente egípcio, Pothinus usou sua influência para colocar um irmão contra o outro e gerar instabilidade.
Pothinus esperava criar um único poder baseado em Ptolomeu, e assim se tornar soberano egípcio na prática. Diante desse cenário, marcado pelo fato do Egito viver uma encruzilhada diplomática, por ter Roma como nação guardiã, os exércitos de Ptolomeu toaram a capital Alexandria e expulsaram Cleópatra da cidade. O ato deu início a uma guerra civil entre as facções da dinastia, ocorrida em 48 a.C.
Nesse momento de instabilidade política, Arsínoe IV, irmã mais jovem da dupla, também passou a reivindicar o trono. O equilíbrio de forças começava a apontar para uma longa guerra, e as partes tentavam angariar aliados para o estabelecimento de tropas. Nesse meio tempo, Pompeu, general romano que disputava o poder com Júlio Cesar, sofrera uma forte derrota em Farsalus e exilou-se no Egito, o que Pothinus tentou usar a seu favor: numa noite, o eunuco assassinou o militar e cortou sua cabeça.
Esperando ganhar a simpatia de Cesar, Pothinus levou a cabeça decapitada de seu inimigo ao cônsul romano, que sentiu asco e revolta pelo ato insalubre de assassinato de um patrício romano por um regente. Cesar ordenou o sepultamento digno de Pompeu , num ato de clemência, e cortou laços de benevolência com o governante de Alexandria. Diante da querela, Cleópatra aproveitou para se aproximar de Cesar.
Numa jogada de alta perspicácia politica, Cleópatra se colocou como aliada egípcia de Roma, e ainda tornou-se amante do general romano. Com o acordo mútuo de boas relações entre os reinos, Cesar passou a colaborar com as tropas filopatorianas, ordenando o assassinato de Pothinus.
Comandando a execução do regente rebelde, as tropas de Cesar e Cleópatra marcharam para Alexandria, onde, em 47 a.C., ocorreu um cerco de dez meses contra a resistência de Ptolomeu e Arsínoe. Com a vitória do cerco, a Rainha e o Cônsul realizaram uma entrada na cidade com uma procissão triunfal pelo Rio Nilo.
Como ato de união política aprovada por Cesar, Cleópatra se apoiou numa tradição dinástica faraônica e casou-se com o irmão Ptolomeu, tornando-se Rainha do Egito e reestabelecendo o poder unificado da monarquia, tendo Roma como principal aliado. Com Pothinus morto e Ptolomeu controlado, Arsínoe foi exilada do Egito e, depois, executada a mando da Rainha.
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