sábado, 11 de abril de 2020

Lucile Carter, a socialite que foi abandonada pelo marido no Titanic e sobreviveu para se divorciar.

LUCILE CARTER, A SOCIALITE QUE FOI ABANDONADA PELO MARIDO NO TITANIC E SOBREVIVEU PARA SE DIVORCIAR

William Carter era conhecido como um importante membro da alta sociedade dos EUA — e manchou sua imagem ao sumir na noite do naufrágio
WALLACY FERRARI PUBLICADO EM 11/04/2020,
Lucile Polk Carter (à esq.) junto ao barco RMS Titanic no dia de sua partida (à dir.)
Lucile Polk Carter (à esq.) junto ao barco RMS Titanic no dia de sua partida (à dir.) - Divulgação / Wikimedia Commons
Nascida em 1875, Lucile Stewart Polk aderiu o sobrenome Carter em 1896, quando se casou com William Ernest Carter. Ambos eram de famílias de renome nos Estados Unidos, visto que Lucile era descendente do décimo primeiro presidente dos EUA, James K. Polk, e o marido era filho de William Thornton, que fez fortuna sendo um dos principais operadores de carvão do país.
Herdando uma fortuna extensa, o estilo de vida do casal, com ambos na casa dos 20 anos, concedia privilégios na alta sociedade que garantiam uma segurança financeira confortável. Além de sempre presentes em páginas de colunismo social em jornais americanos, a dupla chamava atenção pelo pela ostentação; Lucile chegou a ser a primeira mulher a andar de quadriciclo — uma espécie de carruagem com quatro rodas — em sua cidade.
A relação rendeu frutos, com uma garota nascida em 1897 e o rapaz em 1900. Com as crianças, se mudaram para a Europa por volta de 1907, mas retornavam todos os anos aos Estados Unidos durante o verão para tratar dos negócios da família. O que não esperavam é que, em 1912, o plano de cruzar o oceano seria dificultado devido ao navio que os levavam: o RMS Titanic.
Além de levar os filhos, o casal pagou passagens para a empregada, o criado e o motorista da família, além de reservar um espaço para abrigar um carro Renault de William. O casal se instalou nas cabines B96/98, na primeira classe. Tudo ocorria perfeitamente até a noite de 14 de abril, quando o navio colidiu com um iceberg e iniciou um naufrágio.
Barco do mesmo modelo que Lucile conduziu para salvar os filhos / Créditos Wikimedia Commons

O heroísmo de uma largada.
Assim que receberam a notícia da colisão, William teria ido até a cabine da família e orientado os mesmo a se vestirem enquanto afirmava que iria se organizar para acompanhar os familiares até os botes salva-vidas. Foi a última vez que Lucile viu o esposo aquela noite. Isso porque foi revelado que, ao invés de acompanhar os filhos e a esposa, o americano pulou no primeiro bote que avistou, descumprindo a regra de prioridade de mulheres e crianças.
Além do caos e correria da população do navio, Lucile subiu ao convés completamente perdida, sem conseguir localizar o marido. Antes de qualquer ação, circulou toda a parte superior da embarcação buscando observar William no meio da correria. Sem sucesso, acabou perdendo tempo enquanto muitos barcos destinados a ela partiam cheios. Prevendo o pior, localizou um pesado bote com remos, onde abrigou os filhos e se afastou o mais rápido possível do Titanic.
Sem ter tempo de vestirem sobretudos quentes, Lucile e os filhos enfrentaram um frio intenso das águas próximas ao iceberg. Além disso, os braços da socialite se cansavam das remadas pesadas em águas frias, porém, ela continuou seguindo os pontinhos de outros barcos que ainda conseguia enxergar. Resgatada por volta das 7h00 da manhã pelo navio-irmão RMS Carpathia, a americana teve uma surpresa ainda maior.
Seu marido, William, não só estava vivo, como saudável e de bom humor. Preocupada, foi de encontro com ele assim que o avistou. Ao invés de perguntar sobre as crianças ou sobre a companheira, apenas disse que “havia tomado um excelente café da manhã e que acreditava que os familiares não sobreviveriam a tragédia”.
Após voltar a mansão, Lucile solicitou o divórcio, que concluiu em menos de dois anos. Com a história revelada para a imprensa, a jovem foi considerada uma heroína nas páginas sociais e manchou a imagem do ex-marido, que consideraram William um homem de “tratamento cruel e bárbaro”. Ela se casou novamente em 1914 e faleceu em 1934, vítima de um ataque cardíaco.

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