domingo, 23 de fevereiro de 2020

Como os romanos conseguiram construir Veneza sobre lama e água 15 séculos atrás.

Como os romanos conseguiram construir Veneza sobre lama e água 15 séculos atrás

Mapa antigo de Veneza

CRÉDITO,GETTY IMAGES

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A construção de Veneza remonta ao período das invasões bárbaras

No mês de setembro do ano 476 d.C., o último líder do Império Romano do Ocidente, Rômulo Augusto, foi deposto por Odoacro, líder dos hérulos, um povo germânico.

A Europa passava por um período que posteriormente ficaria conhecido como o das "invasões bárbaras", e o superestado que existia havia 500 anos no continente desaparecia.

Os habitantes da região norte do que futuramente se tornaria a Itália já buscavam há algum tempo um lugar seguro para se proteger das investidas de povos como os visigodos e de conquistadores temidos como Átila, rei dos hunos.

Foi nesse contexto que começou a ser construída, 15 séculos atrás, uma das cidades mais bonitas do mundo, erguida em um dos cenários mais improváveis.

Veneza está localizada em uma laguna, termo da geografia que descreve uma depressão localizada na costa, preenchida por água salobra ou salgada. Ela tem 550 km² de extensão e 118 ilhas poucos centímetros acima do nível do mar.

"Construir uma cidade onde em tese seria impossível fazê-lo já seria uma loucura; mas construir uma das cidades mais elegantes do mundo em um lugar como esse é uma loucura colossamente genial", escreveu no século 19 o pensador russo Aleksandr Herzen.

E ele não estava errado.

Um bosque submarino

Os venezianos enterraram um bosque inteiro embaixo d'água para dar sustentação às edificações que se tornariam legado turístico da cidade.

Vista de Veneza acima e abaixo do nível da água
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Veneza é sustentada por um 'bosque submarino'

Da área que hoje compreende Eslovênia, Montenegro e Croácia, trouxeram grandes troncos de árvores, que mediam entre 2 e 8 metros de comprimento.

Afiaram um dos extremos, de forma que eles pareciam lápis gigantes, com os quais perfuraram a lama e o barro que tomavam conta da cidade italiana naquela época.

Posteriormente, passou-se a usar, além de madeira, também pedra para dar sustentação à fundação.

Colocação de cimento sob a fundação de madeira em Veneza, na ilustração de Jan van Grevenbroeck (1731-1807)

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Colocação de cimento sob a fundação de madeira em Veneza, na ilustração de Jan van Grevenbroeck (1731-1807)

Sem oxigênio

Assim, os belos palácios venezianos são sustentados na prática por milhares de palafitas "invisíveis", encravadas na lama.

Apesar de estar debaixo d'água, entretanto, a madeira em todo esse tempo nunca apodreceu.

Trabalhadores constroem a base para o novo campanário da Basílica de São Marcos, em fotografia publicada na revista L'Illustrazione Italiana em 1905

CRÉDITO,GETTY IMAGES

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Trabalhadores constroem a base para o novo campanário da Basílica de São Marcos, em fotografia publicada na revista L'Illustrazione Italiana em 1905

Isso porque os pilares foram completamente submersos. Sem acesso ao ar (e, por consequência, com o oxigênio), a madeira não teve contato com bactérias, fungos e outros organismos responsáveis por sua putrefação.

Além das características anaeróbicas do lodo que recobriu — e protegeu — as estacas, as águas da laguna tinham grande concentração de minerais, que foram sendo absorvidos pela madeira até que ela se petrificasse.

Troncos debaixo d'água
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Com o tempo, os troncos de madeira se petrificaram

Essa astuta obra de engenharia foi o que sustentou o conjunto de ilhas que no século 8 se uniram para formar a Sereníssima República de Veneza, que dominou a região do Adriático no período e controlou o comércio entre a Europa e o chamado Crescente Fértil (formado pelo que hoje é Palestina, Israel, Kuait, Líbano e parte de outros países do Oriente Médio).

Esse mesmo bosque sepultado segue sustentado sobre a água, apesar das ameaças, essa "Veneza com seus templos e palácios" que parecem "pedaços de encantamento empilhados", como descreveu o poeta inglês Percy Bysshe Shelley.

nossa fonte: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51604074?at_custom1=%5Bpost+type%5D&at_custom3=BBC

Abaixo a mesma reportagem, mas com outra fonte.

Veneza, na Itália, foi construída sobre as águas há mais de 1500 anos.

Veneza é uma das cidades mais visitadas do mundo. Estimativas mais recentes apontam mais de três milhões de turistas todos os anos, que buscam conhecer as belezas que o município italiano, cortado por gôndolas que atravessam os canais, tem a oferecer. Recentemente, falamos aqui no blog da Traduzca sobre uma enchente que atingiu a cidade, alagando vários pontos turísticos, como a basílica de São Marcos. Não é para menos, já que Veneza foi construída sobre uma laguna.
A história sobre a construção de Veneza começa em setembro de 476 d.C., quando Rômulo Augusto, último líder do Império Romano do Ocidente, foi deposto por Odoacro, líder de um povo germânico chamado Hérulos. Nessa época, a Europa vivia um período hoje chamado de “invasões bárbaras” e muitas pessoas fugiram em busca de tranquilidade. Encontraram, então, uma laguna com aproximadamente 550 km² de extensão e 118 ilhas poucos centímetros acima do nível do mar, tendo decidido permanecer ali.
Para construir a cidade de Veneza, os novos moradores do local buscaram grandes troncos de árvores, de 2 a 8 metros de comprimento, afiaram uma das pontas como se fossem lápis e perfuraram a lama, criando enormes pilares.
Para construir a cidade de Veneza, os novos moradores do local buscaram grandes troncos de árvores, de 2 a 8 metros de comprimento, das regiões onde hoje estão Eslovênia, Montenegro e Croácia, afiaram uma das pontas como se fossem lápis e perfuraram a lama, criando enormes pilares. Após isso, usaram tábuas de madeiras e pedras para dar sustentação à cidade que nasceria. Com quinze séculos de existência, os troncos jamais apodreceram, pois foram completamente soterrados, sem contato com oxigênio, bactérias, fungos e outros organismos responsáveis pela decomposição do material.
Hoje, Veneza é um dos locais mais visitados da Europa e do mundo. Impressionado com o que acabara de conhecer, o pensador russo Aleksandr Herzen escreveu, ainda no século XIX, que “construir uma cidade onde em tese seria impossível fazê-lo já seria uma loucura; mas construir uma das cidades mais elegantes do mundo em um lugar como esse

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