sábado, 7 de março de 2020

Traições, abusos e agressões: o casamento conturbado entre Dom Pedro I e Leopoldina.

TRAIÇÕES, ABUSOS E AGRESSÕES: O CASAMENTO CONTURBADO ENTRE D. PEDRO I E LEOPOLDINA

Sempre carinhoso com seus filhos, o monarca do Brasil Império era muito mais feroz com sua esposa, que sofria física e psicologicamente
PAMELA MALVA PUBLICADO EM 07/03/2020
Pintura de Dom Pedro I, de Portugal, e Leopoldina, da Áustria
Pintura de Dom Pedro I, de Portugal, e Leopoldina, da Áustria - Divulgação
Em épocas de aristocracia, o casamento nada mais é do que um acordo entre duas partes interessadas num mesmo fim. Assim foi o matrimônio entre D. Pedro I e Maria Leopoldina, em abril de 1817.
As negociações tiveram início no Congresso de Viena e o acordo entre os jovens representava tanto Portugal, quanto a Áustria. De um lado, a jovem demonstrava estar apaixonada pelo príncipe. Do outro, D. Pedro I, então com 19 anos, não estava tão interessado em ser fiel.
Os casos do príncipe português, inclusive, eram bastante conhecidos. Assim, mesmo casado, o jovem continuava se encontrando com outras mulheres que não Leopoldina, ainda que elas também fossem comprometidas.
Não demorou muito para que a dama austríaca percebesse a infidelidade de seu companheiro, até porque o príncipe não era lá muito discreto. Ela não esperava, entretanto, que um dos casos se tornasse algo muito maior.
Representação do primeiro encontro entre Dom Pedro I e Leopoldina / Crédito: Wikimedia Commons

Em determinado momento da relação, Dom Pedro I passou a se encontrar com Domitila de Castro, moça que, mais tarde, se tornaria a Marquesa de Santos. O novo caso foi o fim para Leopoldina, que se sentiu mais que traída: ela fora humilhada.
O pior ainda estava por vir. Com sua influência e posto na corte, D. Pedro I pouco se importou coma opinião de sua esposa e obrigou Leopoldina a conviver com Domitila e sua filha bastarda. Mesmo sofrendo, a Imperatriz Consorte tinha de se apresentar publicamente ao lado da amante de seu marido.
Claro, houve momentos em que ela pensou em abandonar o Brasil. Todavia, sempre que Leopoldina entrava em confronto com D. Pedro I, o nobre mostrava sua verdadeira face: cruel, voraz e impiedosa.
Pintura da Marquesa de Santos, amante de Dom Pedro I / Crédito: Wikimedia Commons

Maria da Glória, uma das filhas de Leopoldina, chegou a testemunhar um dos acessos de raiva do pai. Segundo narrou Isabel Stilwell, autora da biografia sobre a menina, em entrevista à ISTOÉ, a pequena princesa cresceu em uma casa conturbada pelo temperamento de D. Pedro I.
Certa vez, quando Maria tinha 7 anos, ela escutou uma verdadeira sessão de espancamento, enquanto o pai dava pontapés e empurrões em Leopoldina, que estava grávida do oitavo filho. Ela ouviu gritos e louças se quebrando.
Quando entrou no quarto, encontrou Domitília implorando que D. Pedro I acabasse com as agressões. Nem mesmo a amante conseguiu contê-lo no dia. “Quando entrei no quarto, a senhora Leopoldina estava atirada no chão, e a infanta Maria agarrada à mãe, num pranto sem fim”, narrou Maria Francisca de Portugal e Castro, dama de companhia da imperatriz, em uma carta.
Em dezembro de 1826, Leopoldina sofreu um aborto espontâneo. A partir do episódio, sua saúde piorou consideravelmente. No dia 11 do mesmo mês, os quadros de hemorragias, febre e delírios levou ao falecimento da Imperatriz Consorte. Após a morte de sua esposa, Dom Pedro I terminou definitivamente sua relação com Domitília e, em agosto de 1829, se casou novamente, dessa vez com a princesa Amélia.

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