quinta-feira, 19 de março de 2020

Os crimes de guerra cometidos pelo Imperador Japonês Hiroíto.

MONSTRO ESQUECIDO? OS CRIMES DE GUERRA COMETIDOS PELO IMPERADOR JAPONÊS HIROÍTO

Diante os horrores, diversos funcionários do governo foram julgados e condenados, mas nada ocorreu ao governante supremo
NICOLI RAVELI PUBLICADO EM 19/03/2020
Imperador japonês Hirohito
Imperador japonês Hirohito - Getty Images
imperador Michinomiya Hirohíto era neto do grande imperador Meiji, que o criou de maneira educada. O garoto foi o primeiro filho do príncipe Yoshihito, o futuro imperador Taisho, e da princesa Sadako, futura imperatriz Teimei.
Com o passar dos anos, o menino aprendeu sobre o estoicismo e sobre o isolamento real durante uma turnê pela Europa. O jovem, que nasceu em 1901, ascendeu ao poder em 1921 em um mundo caótico, quando seu pai apresentou uma doença mental. Cinco anos depois, Hirohíto tornou-se imperador.
Ele foi o 124° governante do Japão, e o que ficou no poder por mais tempo. Michinomiya conduziu o país a Segunda Guerra Mundial, fazendo com que o país passasse por diversas transformações, deixando a economia agrária para tornar-se uma nação industrializada.
Em 1926, foi nomeado Showa, que significa uma paz ilustrada. O começo de seu reinado foi o ápice do poder militar sobre o governo, quando os militares tinham o controle da política japonesa.
As invasões à China
Por mais que o imperador demonstra-se ser uma pessoa reservada e contida, diferente de todos os outros generais, sua verdadeira identidade veio à tona com os diversos documentos que foram liberados. Neles, Hiroíto é acusado de ter utilizado armas químicas contra a China.
A invasão do país ocorreu em 1937, quando a autoridade acreditava que o país espalhava uma educação anti-japonesa. Mais tarde, o governante afirmou que declararia guerra contra os Países Baixos, Reino Unido e Estados Unidos, caso suas exigências sobre o livre trânsito entre a China e a Indochina não fossem consentidas.
Segunda Guerra Mundial
Ele também é apontado como o responsável pelo ingresso do Japão na Segunda Guerra Mundial. Mesmo após receber recomendações do primeiro ministro japonês, o imperador decidiu declarar guerra contra os Estados Unidos e os países da Commonwealth. Após sete dias, ele conduziu um ataque ao sudeste asiático e também ao Pearl Harbor, que introduziu o Japão na maior guerra do mundo.
Ataque de Pearl Harbor colorizado / Crédito: Getty Images

Durante as batalhas, os pilotos kamikazes ficaram muito conhecidos. Eles cometiam suicídio ao atingir suas aeronaves contra as de seus inimigos. O imperador também incentivou que, para que os soldados não fossem capturados pelos americanos, deveriam se suicidar.
A fim de criar um patamar de respeito, Hiroíto dizia a seu exército que os cidadãos que cometessem tal ato, seriam lembrados assim como os soldados mortos em batalha e estariam no mesmo plano espiritual.
O imperador desejava uma vitória final, mas sua hesitação tornou-se letal. Com esperança de que a próxima batalha fizesse com que o Japão se destacasse, ele foi responsável por milhares de mortes. Em 1945, o país atraiu a atenção da URSS, que declarou guerra. No mesmo ano, foram lançadas as bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, e o Japão não teve outra opção a não ser se render.
Com o fim da guerra, diversos ministros e funcionários do governo foram julgados e até mesmo condenados, mas nada ocorreu ao governante. Ele recebeu imunidade e era visto como uma força unificadora para os japoneses. Pouco tempo depois, o exército do país foi dissolvido e o imperador mostrou repúdio a ideias que ele mesmo cultivava antes da guerra, como a superioridade racial.
Hiroítodo, imperador do Japão / Crédito: Getty Images

No dia 15 de agosto de 1945, o discurso de rendição foi oficialmente transmitido pela rádio japonesa. O Japão ficou ocupado por tropas americanas até 1952 e, durante esse período, a autoridade aproximou o regime monárquico do estilo europeu.
O governante continuou no poder até 1989, quando faleceu devido a complicações causadas por um câncer. Mesmo com os horrores causados pelo imperador, ele ainda é lembrado por parte da população como um herói honrado. Seu nome póstumo foi tido como Showa, que significa uma harmonia iluminada ou período de paz, o que pode ser interpretado como uma ironia, devido aos acontecimentos em seu governo.

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