LINHA MAGINOT: A MAIS PODEROSA — E TRAGICAMENTE INÚTIL — FORTIFICAÇÃO DA HISTÓRIA
A rede de fortalezas era destinada a proteger a França da Alemanha. A ideia parecia ótima, mas os alemães não tiveram problemas para ultrapassá-la
FABIANO ONÇA PUBLICADO EM 14/03/2020
Para evitar a invasão germânica, os franceses construiram um enorme complexo de fortalezas militares que se interligavam chamado Linha Maginot. Estendendo-se ao longo da fronteira da França com a Alemanha, a linha totalizava 200 km, desde a fronteira com a Suiça até a floresta de Ardennes, na Bélgica.
Cento e oito grandes fortes subterrâneos guardavam a linha de 15 em 15 km. Havia 410 casamatas para infantaria, 152 torres móveis e 1 536 cúpulas fixas e 339 peças de artilharia. Tudo estava interligado por 100 km de galerias subterrâneas.
As obras da Linha Maginot foram iniciadas, em 1929, após um grande lobby de André Louis René Maginot, ministro da guerra francês. Natural da Lorena, ele testemunhara sua terra natal ser arrasada na Primeira Guerra Mundial e via com desconfiança o reerguimento da Alemanha. Ele não veria o fim de sua obra.
Em 1932, aos 55 anos, morreu de febre tifoide. Em maio de 1940, os alemães declararam guerra à França e, em vez de atacar a poderosa linha, a contornaram, passando pela Bélgica. Menos de 2 meses depois, a França capitulava e as guarnições da Linha Maginot tiveram que se render, muitas sem ter disparado nenhum tiro.
Para evitar uma grande explosão, os paióis de munição eram divididos em 3 áreas separadas. A principal, a M1, tinha 7 câmaras e abrigava 3 mil projéteis. A segunda, ao pé de cada bloco de combate, chamada M2, guardava 2,8 mil. E a terceira, dentro da própria sala de combate, tinha espaço para mais 600 projéteis.
A fortaleza possuía apenas 2 entradas. Uma para as tropas e 1 para as munições. As 2 ficavam localizadas atrás da fortaleza, voltadas para a França, escondidas por bosques. Ainda assim, ambas as entradas eram protegidas por peças antitanque, que ficavam apontadas para a estrada de acesso.
Pensando nos ataques com gás da Primeira Guerra, os fortes possuíam um sistema de ventilação que expelia o ar do forte em caso de um ataque deste tipo. O sistema ainda limpava o ar da fumaça dos canhões e do cheiro das máquinas a diesel. O ar era renovado com filtros de ar, com o tamanho das atuais máquinas de lavar louça.
Várias baterias de artilharia, incluindo canhões de 75 mm e outras peças auxiliares, como metralhadoras e obuses, compunham o poder de fogo de um forte. Geralmente, as peças ficavam em cúpulas de aço especialmente forjadas, que giravam 360º e eram operadas por 2, 3 ou 4 soldados.
Em tempos de guerra, uma típica guarnição de forte era composta de 812 homens: 27 oficiais, 107 cabos, 587 soldados, 161 engenheiros e outros 97 oficiais não combatentes, como médicos e técnicos. Os dormitórios ficavam muitas vezes a 30 metros do solo, mas eram dotados de água corrente. Os dejetos eram tratados com produtos químicos.
A energia elétrica era vital para o funcionamento da fortaleza. Por isso, além dos meios tradicionais para a distribuição dela, cada forte possuía 4 grupos de gerador Sulzer a diesel, cada um com 290 cavalos de força e 250 kilowatts, capazes de operar por até 2 meses. Oito reservatórios de água, num total de 400 m3, garantiriam a sobrevivência da guarnição até a chegada de reforços.
Para transportar a munição — e eventualmente as tropas —, as fortalezas dispunham de pelo menos 4 pequenas locomotivas Vetra de 5,5 toneladas, que puxavam 57 vagonetes pelos trilhos subterrâneos. Esse sistema era comumente chamado de metrô pelos soldados.
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