KHERIMA: A RARA MÚMIA EGÍPCIA QUE PERTENCEU A DOM PEDRO I
Enigmático, o cadáver chegou ao Brasil em 1826 — e foi adquirido pelo primeiro monarca logo depois
NICOLI RAVELI PUBLICADO EM 22/03/2020
Intitulada Kherima, Princesa Kherima ou Princesa do Sol, a múmia egípcia datada dos séculos um a três, é de uma mulher pertencente a região de Tebas, localizada na Grécia, durante o Período Romano. Em 1826, ela foi transportada até o Brasil e passou a pertencer ao primeiro monarca do país.
Não há informações sobre a sua morte ou seu nome, mas sabe-se que ela foi mumificada quando tinha entre 18 a 20 anos de idade. Dessa maneira, diversas informações sobre sua vida são desconhecidas e seu processo de mumificação tornou-se um enigma.
Em oposição a todos os métodos egípcios utilizados para envelopar as múmias, como os tecidos de linho, Kherima teve seus membros enfaixados individualmente com bandagens.
Além disso, superando todas as expectativas egípcias, a mulher estava com vestimentas que detalhavam sua forma humana, fazendo com que seus contornos fossem destacados com faixas decoradas e com pinturas místicas que não foram completamente decifradas.
Apenas oito múmias seguem o mesmo estilo da princesa, e todas são datadas da mesma época. Elas também pertencem ao mesmo sítio arqueológico, o que reforça a teoria de que possam ser provenientes do mesmo ateliê de mumificação.
Em 1826, a múmia foi transferida para o Brasil pelo italiano Nicolau Fiengo que era, até então, comerciante. Além dela, foram trazidas outras antiguidades, como uma coleção egípcia do explorador Giovanni Battista, responsável pelas escavações da Necrópole de Tebas e do Templo de Carnaque.
Ao chegar ao nosso país, toda coleção fez parte de um leilão no Rio de Janeiro e foi adquirida por Dom Pedro I. No mesmo ano, o monarca fez uma doação ao Museu Nacional, localizado na região central da cidade, fundado em 1818.
Desde então, Kherima e os outros artefatos chamaram a atenção da população e os atraíram ao acervo por representar uma raridade histórica. De acordo com os visitantes do museu, a múmia causava um mal súbito em quem a encostava, fazendo com que a pessoa entrasse em transe. Em 2018, o local foi completamente danificado pelo fogo. Entre os artefatos perdidos, encontra-se a múmia da princesa.
O museu contava com diversos itens dos monarcas que se reduziram a cinzas, como também foi o caso da múmia Sha-amun-em-su, um presente que Dom Pedro II recebeu e decidiu expor no museu.
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