sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Hatshepsut, a faraó egípcia que não conseguiu ser esquecida.

HATSHEPSUT, A FARAÓ EGÍPCIA QUE NÃO CONSEGUIU SER ESQUECIDA

Uma das únicas mulheres a terem controle total do Egito Antigo, ela superou seus antecessores e fez grandes obras dentro e fora do reino
ANDRÉ NOGUEIRA PUBLICADO EM 21/02/2020
Estátua do templo funerário de Hatshepsut
Estátua do templo funerário de Hatshepsut - Getty Images
No cerne do desenvolvimento do Reino Novo do Egito, após a expulsão dos hicsos dos centros de poder, a Décima Oitava Dinastia faraônica consolidava sua centralidade administrativa sob o Nilo. Sendo este um período de grandes nomes do Egito Antigo, a época ficou marcada por situações de grandes mudanças e personalidades fortes, e uma delas, indubitavelmente, foi Hatshepsut, uma das únicas mulheres a terem governado este Império.
Hatshepsut realizou grandes obras durante seu governo, que tinha certo caráter lacunar. Sofrendo pressões por parte de grandes instituições em atrito com o palácio, muito se tentou apagar o crédito de seu legado, mas a popularidade da faraó foi tão ascendente que isso foi impossível.
A rainha assumiu o poder numa situação de crise política, pois era filha de Tutmés I, sendo colocada desde cedo na posição de futura esposa do faraó, dado que ela seria filha de Amun com a mãe Ahmose. Ela, então, se tornou consorte de Tutmés II, seu irmão — com quem casou, seguindo a tradição dinástica egípcia — após a morte do pai.
Templo de Hatshepsut, em Luxor / Crédito: Getty Images

Porém, o segundo Tutmés pouco tempo reinou, morrendo em 1479 a.C. e abrindo espaço para o sucessor, seu filho que ainda era uma criança. Então, a rainha, que era sua mãe e sua tia, passou a ser regente do Alto e do Baixo Egito, contemplando assim o cargo de faraó. Para a consolidação desse poder, então, ela passou a apelar para a opinião pública, além de criar monumento à sua imagem e renomear lugares importantes.
Nunca se escondeu o fato de que ela era mulher, apesar das imagens régias de Hatshepsut seguirem a simbologia clássica da monarquia: a dupla-coroa e a barba, fazendo com que ela parecesse com um homem. Como administradora, ela realizou obras viárias, renovou aquedutos, construiu muralhas e templos, e superou as construções da recém-dominada Núbia e arredores.
Hatshepsut foi também muito importante no desenvolvimento de relações com os vizinhos do reino. Além de criar uma liderança relevante, “triunfando sobre os inimigos”, ela também ficou famosa por sua expedição a Punt, local ainda não localizado modernamente mas que criou fama depois da viagem da rainha. Nunca um faraó conseguira relações cordiais com o local, enquanto ela liderou uma equipe que retornou com mirra, árvores, marfim e ouro.
Estátua de Hatshepsut / Crédito: Wikimedia Commons

Quando Hatshepsut morreu, deu-se início a um movimento de esquecimento de seu governo (o que não foi completo, pois o povo a via como líder importante). Assumiu então seu filho, Tutmés III, que ordenou a realização de todos os procedimentos funerários necessários para a boa passagem da mãe. Sua múmia foi encontrada apenas em 2007, no Vale dos Reis.

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