FRAUDES, NECROFILIA E FASCISMO: O LADO OBSCURO DE SALVADOR DALÍ
Fascinado por Hitler, o artista surrealista era muito mais do que um homem com um bigode excêntrico
PAMELA MALVA PUBLICADO EM 26/02/2020
Por muitos anos, artistas surrealistas tentaram quebrar com todos os pressupostos já conhecidos sobre artes plásticas. Para isso, pintaram e esculpiram obras polêmicas, que fazem barulho até hoje. Um desses percursores, talvez o maior, foi Salvador Dalí.
Nascido em 1904, o pintor catalão revolucionou o contexto artístico da Espanha com suas telas excêntricas e repletas de significados escondidos. Em muitas delas, inclusive, ele representou alguns de seus maiores medos e desejos — como seu terror em relação a vaginas e seu apreço por masturbação.
Foi exatamente em algumas de suas obras que Dalí demonstrou um de seus traços mais sórdidos: o fascínio por Hitler. Em telas como O Enigma de Hitler, de 1938, o artista deixa escapar uma de suas muitas facetas, dessa vez relacionada à sua opinião política.
Expressamente contrário ao Marxismo, foi mais do que fácil para Salvador se identificar com ideias fascistas e radicais. Como resultado, o pintor passou a reverenciar Francisco Franco, um ditador responsável por entre 200 e 400 mil mortes — para Dalí: "o maior herói da Espanha".
As polêmicas envolvendo o nome de Salvador, entretanto, não pararam por aí. Por vezes, o artista assumira ter praticado necrofilia, além das manchetes que anunciavam estupros e abusos domésticos. Isso sem contar o racismo explícito em diversos momentos.
Ganancioso desde pequeno — ele sonhava em ser Napoleão —, Dalí era um homem cruel, que praticava atrocidades tanto com pessoas, quanto com animais. Em sua autobiografia, Salvador narrou ter empurrado um garoto de uma ponte suspensa quando tinha apenas cinco anos.
Aos seis, ele deu um "chute terrível" na cabeça de sua irmã, "como se fosse uma bola". A menina tinha três anos na época. E as atrocidades apenas pioraram conforme o artista crescia, atingindo novos níveis de brutalidade.
Em meados de seus 29 anos, Dalí pisoteou uma fã que elogiava seus pés. “Achei a insistência dela nesse assunto estúpida”, narrou. Sádico, o artista apenas parou os ataques quando seus companheiros tiraram a jovem de perto dele, sangrando.
Com os animais, ele era tão cruel quanto. Ao mesmo tempo em que possuía bichos de estimação exóticos, ele permitia que maus-tratos fossem cometidos contra outros seres. Durante a execução da fotografia Dalí Atomicus, por exemplo, Salvador e Philippe Halsman criaram um processo macabro.
Antes que o botão da câmera fosse acionado, jogavam gatos para cima e, em seguida, atiravam baldes de água gelada nos bichinhos. A foto foi repetida 28 vezes e, em cada uma das tentativas, os três pequenos animais eram lançados novamente.
Por fim, poucos anos antes de sua morte, Dalí teve problemas na justiça, ao participar de um amplo esquema de fraudes. Na década de 1980, o artista assinou diversas folhas em branco, permitindo que obras falsas fossem impressas sobre seu nome, a fim de comercializá-las. Em 1995, mais de 12 mil impressões fraudulentas de Dalí circulavam no mercado.
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