ESTUDO INDICA QUE A PESTE NEGRA SE ESPALHOU PELA RÚSSIA
Cientistas examinaram o genoma de diversas vítimas para traçar uma espécie de árvore genealógica da pestilência
FABIO PREVIDELLI PUBLICADO EM 07/10/2019
Pesquisadores do Instituto Max Planck de Ciência da História Humana, localizado na cidade alemã de Jena, acreditam que a fonte geográfica da Peste Negra na Europa foi identificada. Ao analisarem 34 genomas da Yersinia Pestis — coletados dos restos mortais de 34 indivíduos que faleceram em 10 países diferentes — foi possível restringir como a doença chegou ao continente, traçando uma espécie de árvore genealógica da pestilência.
As amostras relevam uma diversificação da bactéria ao longo do tempo, no entanto, o organismo parece ter um ponto de partida em comum. "Nossas descobertas indicam uma única entrada de Y. pestis na Europa, pelo leste", explica a líder do estudo e arqueogeneticista Maria Spyrou.
Para ser mais preciso, os pesquisadores dizem que o percursor da doença veio de uma cidade russa chamada Laishevo, na histórica região de Volga. “Nossa reconstrução filogenética demonstrou que a [amostra] isolada LA1009 de Laishevo é mais antiga do que amostras isoladas da Peste Negra do sul, centro, oeste e norte da Europa, e mais antiga do que as amostras isoladas publicadas anteriormente do século 14 de Londres e de Bolgar", disseram no artigo que foi publicado recentemente na revista científica Nature.
"Visto que todos os outros genomas da segunda pandemia partilham um derivado polimorfismo de nucleotídeo único no Ramo 1, nós interpretamos a [amostra] LA1009 como a mais antiga já registrada até hoje a entrar na Europa durante a onda inicial da segunda pandemia", explicaram os cientistas.
No entanto, o resultado da pesquisa não pode ser considerado definitivo, já que o estudo se limita ao resultado das amostras extraídas de um número limitado de corpos. Existe a possibilidade de que a praga possa ter estágios mais antigos provindas de outras regiões e países que ainda não foram devidamente analisados. "É possível que novas interpretações apareçam, se futuramente forem descobertas novas amostras na Eurásia Ocidental", concluiu Spyrou.
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