terça-feira, 24 de setembro de 2019

Rússia libera documentos secretos da Segunda Guerra e reaquece tensão com a Polônia.

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
O site do Ministério da Defesa da Rússia lançou uma sessão multimídia com diversos documentos que eram considerados sigilosos. São papéis particularmente importantes, já que revelam detalhes desconhecidos da política militar mundial durante a Segunda Guerra Mundial. Eles oferecem uma ideia de como e por que algumas decisões foram tomadas em uma situação política e militar tão complexa. A liberação do conteúdo também serviu para reaquecer as recentes tensões entre Rússia e Polônia.
Entre os documentos, destaca-se um relatório de 31 páginas do chefe do Estado-Maior do Exército Vermelho, Borís Sháposhnikov. Nele, o militar avalia a ameaça que certos países podiam representar tanto de maneira independente quanto como parte de alianças e blocos militares. Segundo o documento, a ameaça mais provável vinha não somente da aliança entre Alemanha e Itália, mas também da Polônia, que estava na “órbita” do bloco fascista. O relatório era tão secreto e importante que Sháposhnikov não recorreu a uma secretária para datilografá-lo, mas escreveu as 31 páginas com suas próprias mãos. 
Os documentos detalham ainda o apoio que a Polônia recebeu da União Soviética durante sua libertação dos nazistas entre 1944 e 1945. De acordo com o material, a URSS forneceu “alimentos, suprimentos médicos, veículos, combustível e matérias-primas" à população polonesa em áreas liberadas. A assistência veio das reservas de materiais do Exército Vermelho Soviético e dos Comissariados do Povo da URSS, disse o Ministério da Defesa em comunicado.
A liberação desses documentos também serve como uma espécie de resposta russa à lei de "descomunização" da Polônia. Recentemente, o embaixador russo em território polônes atacou essa legislação, que promove a retirada de monumentos públicos classificados como propaganda soviética. "Esses monumentos homenageiam pessoas que salvaram a Polônia. Se não fosse por elas, hoje não haveria Polônia - comunista ou capitalista. E não haveria um povo polonês”, disse. A publicação dos documentos foi justificada pelo ministério russo como uma forma de  “proteger a verdade histórica e lutar contra as falsificações”.
Aprovada pelo parlamento polonês, a lei anticomunista foi assinada em 2017 pelo presidente Andrzej Duda, eleito pelo partido de direita Lei e Justiça, apontado como ultraconservador. "A União Soviética contribuiu para a eclosão da Segunda Guerra Mundial ao assinar o Pacto Molotov-Ribbentrop e nos atacando pelo leste em setembro de 1939", disse na época o ministro de relações exteriores da Polônia, Witold Waszczykowski. Os defensores da lei também acreditam que ela serve para exorcizar as lembranças do regime comunista, implantado pelos soviéticos na Polônia após o fim da guerra, e que durou mais de quatro décadas. Desde 1998, a legislação polonesa inclui o conceito de crimes comunistas, que abrangem casos de violação de direitos humanos e repressão política cometidos por membros do Partido Comunista durante o regime.
Imagem: Ministério da Defesa da Rússia/Reprodução

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