terça-feira, 1 de junho de 1993

Portugal: 12 monumentos romanos que sobreviveram até aos dias de hoje.


Os Romanos deixaram diversos vestígios da sua passagem por quase toda a Europa, ruínas de vilas, cidades, estradas e locais de culto ou industriais têm sido encontrados um pouco por toda a parte.
“A sul os mais cultos de entre os Iberos e a norte montanheses ferozes”. É assim que o geógrafo grego Estrabão descreve os Povos da Hispânia, que viram os seus territórios invadidos pelos romanos, e a Península Ibérica ser dividida em três províncias onde se registou um intensa actividade comercial e social, e da qual ficaram inúmeros vestígios e testemunhos.
Os romanos deixaram, em Portugal, pontes, teatros, barragens, aquedutos, vilas… alguns destes monumentos romanos ainda continuam de pé, constituindo testemunhos imponentes das avançadas técnicas de construção deste povo, a Ponte Romana de Trajano em Chaves, por exemplo, foi usada para tráfego automóvel até há um pouco mais de 20 anos atrás, apesar de já contar com uns respeitáveis 2000 anos de idade.
Mas quais foram os principais monumentos romanos que podemos encontrar no Portugal de hoje? Bastantes mesmos mas seleccionámos aqui aqueles 12 que consideramos mais significativos.
1 - A barragem romana da Nossa Senhora da Represa
Classificada em 1997 como “Imóvel de Interesse Público”, a “Barragem Romana de Nossa Senhora da Represa” foi edificada para reter as águas pluviais e das fontes localizadas nas suas imediações, com vista à sua utilização nos diversos trabalhos agrícolas realizados na zona da actual Vila Ruiva.
Em termos estruturais, a represa – que aparenta ter sido erguida com blocos de opus incertum – apresenta uma amurada com oitenta metros de comprimento por um metro e sessenta centímetros de largura e altura máxima de um metro e oitenta centímetros, para além de amplos contrafortes que a fortalecem exteriormente.


2 - Ponte romana da Ribeira de Odivelas
A ponte romana de Vila Ruiva, sobre a Ribeira de Odivelas, tem como data provável da sua construção, o século I a.C. mas há vestígios de reconstrução e acrescentos, executados pelos povos que se seguiram à ocupação romana, como visigodos e árabes. É uma das mais monumentais pontes romanas existentes em Portugal, com 120 metros de comprimento, cerca de cinco metros de largura e também cerca de cinco metros de altura máxima.
Esta ponte, que se localiza a cerca de três quilómetros de Vila Ruiva, fazia parte da antiga estrada romana, que ligava Faro a Beja e seguia para Évora e Mérida e ainda continua a possibilitar a ligação entre as margens da Ribeira de Odivelas, ao fim de mais de dois mil anos. Sustentada por pilares com olhais, rematando arcos de curvatura muito perfeita, que serão mais de 20, mas não se encontram dados exactos, uma vez que alguns destes arcos estão soterrados, a ponte de Vila Ruiva, está classificada como Monumento Nacional.


3 - Ruínas de Conímbriga
Povoado desde tempos pré-históricos, o sítio de Conímbriga foi ocupado pelas tropas romanas em 139 a. C., tornando-se então a próspera capital da província da Lusitânia. No século seguinte, durante o governo do Imperador Augusto, a cidade cresceu urbanisticamente, datando desta época a construção de estruturas fundamentais à vivência do quotidiano de uma urbe romana, como o forum, o anfiteatro e as termas. Mais tarde, uma basílica de três naves era edificada no centro da povoação.
Porém, a arquitectura doméstica de Conímbriga, que se desenvolveu e renovou sobretudo entre os últimos anos do século I e o início do século III, notabiliza-se pela edificação de insulae e de sumptuosas domus. O encanto de Conímbriga reside precisamente nestas casas, que guardam na pedra as memórias do esplendor de outros tempos.
Percorra a Casa dos Repuxos e deleite-se no belo jardim central, que preserva a estrutura hidráulica original com mais de quinhentos repuxos, rodeado por um magnífico conjunto de mosaicos figurativos com cenas de caça, passagens mitológicas, as estações do ano, monstros, aves e animais marinhos.
Visite as grandes casas e aparato, como a de Cantaber, a maior da cidade, a da Cruz Suástica, com os seus mosaicos geométricos, a do Tridente e da Espada ou a dos Esqueletos, e depois transite por entre os edifícios de rendimento que se organizam em volta destas.
Suba as bancadas e os túneis do anfiteatro, percorra as três termas espalhadas pela urbe, e ao pisar os mosaicos do forum imagine-se no centro político desta florescente cidade de outros tempos.
Por fim, faça uma visita ao Museu onde, através de objectos encontrados ao longo dos muitos anos de escavações, os vários espaços evocam a vida quotidiana da antiga cidade romana, a vivência da religião, a arquitectura das casas nobres e a sua decoração, e ainda a vida no forum.


4 - Ruínas de Milreu
Localizada a poente da aldeia histórica de Estoi, a 8km de Faro, a Villa Romana de Milreu revela uma ocupação continuada desde o século I e até ao século XI. O conhecimento da sua história revela-nos que terá sido habitada por famílias de elevado estatuto social e político, às quais eram proporcionadas as necessidades não só de um quotidiano rural, como também de grande vivência lúdica. No século IV, foi erguido um edifício religioso ricamente decorado e ainda hoje conservado até ao arranque das abóbadas, destinado ao culto privado da família.
Cristianizado no século VI, o templo serviria também o culto no período islâmico e até ao século XI. Entre os séculos. XVI e XIX, e sobre as divisões privadas da antiga casa romana, foi erguida uma casa rural com contrafortes cilíndricos. A riqueza desta villa rústica está patente no importante volume de achados arqueológicos, como mosaicos de temática predominantemente marinha, revestimentos marmóreos e cerâmicos diversos, estuques pintados e escultura decorativa.


5 - Ruínas do teatro Romano de Lisboa
Construído na época de Augusto e inaugurado oficialmente na de Nero, ocupa a vertente sul da colina do Castelo. Abandonado no séc. IV d.C., as suas ruínas foram descobertas, em 1798, como consequência da reconstrução pombalina. A partir de 1964 campanhas arqueológicas recuperaram parte das bancadas, da orquestra, da boca de cena e do palco, para além de um conjunto de elementos arqueológicos e decorativos.
A necessidade de dar a conhecer este monumento, classificado como Imóvel de Interesse Público, levou, em 2001, à criação do Museu do Teatro Romano, cujo percurso museológico, completado com suportes multimédia sobre a história, função e arquitectura deste Teatro, abrange uma área de exposição (elementos iconográficos, bibliográficos e espólio arqueológico romano), um campo arqueológico e as ruínas do referido Teatro.


6 - Ammaia
A cidade romana de Ammaia, ficou perdida no vale da Aramanha, no Alentejo e só foi redescoberta no século passado, e desde então está a ser escavada e investigada por cientistas de todo o mundo. Entre a população local os vestígios romanos são conhecidos desde sempre, mas só no princípio do século passado se começou a perceber que aquilo que estava enterrado no Vale da Aramanha era uma cidade Romana.
Construída de raiz no século I DC alcançou o seu esplendor nos trezentos anos seguintes. A partir do século IX desaparecem as referências à cidade como urbe habitada e as suas pedras serviram para construir outros lugares e monumentos, e da antiga cidade sobrava apenas um mito, até que no princípio do século XX surgiram indícios fortes que indiciavam a existência de uma cidade de grande dimensão naquela zona.
A meio do século concretizaram-se as primeiras escavações e na última década intensificaram-se os trabalhos que recorrem também a novas tecnologias. Os arqueólogos conhecem hoje o desenho e a arquitectura de Ammaia, graças a uma tecnologia que permitiu radiografar toda a área. Os trabalhos de exploração, geridos por uma fundação privada, prometem trazer mais revelações sobre esta cidade que conta a história do poder romano e da sua decadência na Península Ibérica.


7 - Ruínas romanas de Tróia
As Ruínas Romanas de Tróia, com dois mil anos de história, são o maior complexo de produção de salgas de peixe conhecido no mundo romano, construído para aproveitar a riqueza do peixe do Atlântico e a qualidade do sal das margens do Sado, terá estado ocupado até ao século VI.
O seu elemento mais típico é o conjunto das oficinas de salga, com tanques para preparação de conservas e molhos de peixe, incluindo o garum, muito citado entre os autores latinos. Também estão a descoberto termas com salas e tanques para banhos quentes e frios, um núcleo de habitações com casas de rés-do-chão e primeiro piso, uma rota aquaria (roda de água), um mausoléu, necrópoles com distintos tipos de sepulturas e uma basílica paleocristã com paredes pintadas a fresco.
Desde 1910 que estão classificadas como Monumento Nacional. Em 2005, mediante um Protocolo celebrado com o Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) e o Instituto Português de Arqueologia (IPA), actualmente parte do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR), o troiaresort criou uma equipa de arqueologia que desenvolve trabalhos de investigação no local.
A par dos trabalhos de valorização em curso, este sitio arqueológico está aberto à visitas, e é possível organizar actividades lúdico-pedagógicas para grupos.


8 - Termas romanas de São Pedro do Sul
As Termas de São Pedro do Sul são termas localizadas em São Pedro do Sul, Portugal, situadas na margem esquerda do Rio Vouga, e que foram inicialmente construídas pelos romanos, embora haja registos de utilização das termas por povos anteriores.
Dessa época podem ainda observar-se, para além de restos de uma piscina, troços de fustes e capitéis de grandes colunas e lápides com inscrições. O edifício conhecido por Piscina de D. Afonso Henriques é propriedade da Câmara Municipal de São Pedro do Sul e encontra-se classificado como Monumento Nacional desde 1938. O nome Balneário D. Afonso Henriques é herdado do rei que ali curou a fractura de uma perna após a batalha de Badajoz em 1169.


9 - Ponte de Trajano
Os acessos para Chaves vindos de sul fazem-se através de quatro pontes mas a alma da cidade reside exclusivamente numa delas: a Ponte Romana de Chaves ou Ponte de Trajano. Obra-prima da engenharia importada de Roma com praticamente dois mil anos de existência, a ponte ligava duas cidades de máxima importância no Império: Bracara Augusta (actual Braga) e Asturica Augusta (actual Astorga), passando o rio Tâmega e estendendo o seu tabuleiro granítico ao longo de quase 150 metros.
Apesar de contar com dezoito arcos originais (e mesmo este número é discutido), nem todos eles se vêem – actualmente, apenas nove fincam pés no leito do rio, e outros três poisam pé na terra e é hoje uma ponte pedonal, tornando a ganhar um papel importante para a travessia da população local, tal como a que teve no passado.
Faz-se de arcos de volta perfeita, embora dois deles sejam visivelmente mais alongados, aparentemente numa readaptação de três antigos arcos dos quais foram feitos dois. Conta com duas colunas lado a lado, como guardas exteriores: uma primeira enquanto homenagem ao Imperador Trajano, uma segunda ao Imperador Vespasiano, embora qualquer uma delas destaque também os povos que a ajudaram a erguer.


10. Templo romano de Évora
A construção do Templo Romano de Évora remonta ao primeiro século, época em que Évora era conhecida como Liberatias Iulia. O Templo foi construído no centro do fórum (praça principal) de Liberatias Iulia. Mais tarde, nos séculos II e III, o edifício sofreu algumas alterações arquitectónicas. Com as invasões germânicas do século V, Évora foi praticamente destruída na totalidade, sendo que, do fórum romano, apenas sobraram as ruínas do templo, que perduram até aos nossos dias.
Na Idade Média, as ruínas do Templo Romano fora incorporadas numa das torres do Castelo de Évora, tendo continuado as suas colunas, arquitraves e base incrustadas nas paredes do Castelo, e entre o século XIV e o ano de 1836, o Templo, que havia sido transformado em torre, foi usado como uma aria comercial, sendo graças a essa utilização que os restos do templo foram protegidos de uma maior destruição.
Em 1871, o arquitecto italiano Giuseppe Cinatti foi contratado com o objectivo de recuperar o Templo Romano de Évora, removendo os elementos que haviam sido acrescentados durante a Idade Média, e restaurando o edifício na sua traça original.


11. Vila Cardílio
São muitos os vestígios da presença romana no atual território do concelho de Torres Novas. De entre um conjunto de cerca de 28 sítios onde foram encontrados artefactos e marcas da ocupação romana nesta região, destaque-se sobretudo as ruínas romanas de Vila Cardilio, situadas a cerca de três quilómetros de Torres Novas e postas a descoberto pelas escavações a cargo do coronel Afonso do Paço, a partir de 1962.
Estas escavações permitiram descobrir um conjunto de alicerces, bases de colunas e pavimentos ornamentados com diversos padrões de “tesselas” pertencentes a uma antiga quinta romana composta por três elementos principais: entrada, peristilo e exedra.
Do vasto espólio recolhido, o Museu Municipal Carlos Reis, apresenta no núcleo permanente de arqueologia designadamente na exposição «O Canto de Avita» moedas dos séc. II, III e IV d.c. cerâmicas, bronzes, vidros, ânforas, anéis e até uma estátua de Eros. Villa Cardílio foi classificada como Monumento Nacional em 24 de janeiro de 1967.


12. Vila de São Cucufate
A «villa» romana de S. Cucufate é considerada a «melhor residência rural romana em Portugal». A região de S. Cucufate foi ocupada por volta do IV ou III milénio a.C. Não se sabe precisar a data em que a primeira comunidade de frades se instalou nas ruínas da antiga quinta romana, sabe-se apenas que partir do século XIII, foram os frades Agostinhos de São Vicente de Fora a ocupar o local.
Sabe-se ainda que no século XVII mais nenhuma comunidade ocupou o edifício, apesar de a capela ter continuado aberta ao culto até ao século XVIII. Em S. Cucufate encontramos um edifício de dois pisos, formado por um longo corpo central e delimitado por dois corpos laterais salientes.
Muitos outros vestígios romanos podemos encontrar pelo nosso país fora, o facto de ter considerado estes como os mais importantes deve-se apenas às classificações dos arqueólogos que estudam estes monumentos, seria absolutamente exaustivo podermos enumerar em pequenos artigos toda a riqueza arqueológica que o nosso país possui.

Localizações geográficas:
1 - A Barragem de Nossa Senhora da Represa, no Alentejo, localiza-se nas imediações do Santuário de Nossa Senhora da Represa, entre as freguesias de Vila Ruiva e Vila Alva, no concelho de Cuba, distrito de Beja.
2 - A Ponte romana sobre a ribeira de Odivelas, também referida como Ponte de Vila Ruiva, no Alentejo, localiza-se sobre a ribeira de Odivelas, na freguesia de Vila Ruiva, no concelho de Cuba, distrito de Beja.
3 - As ruinas de Conimbriga localizam-se a dezassete quilómetros de Coimbra, na freguesia de Condeixa-a-Velha, a dois quilómetros de Condeixa-a-Nova
4 - As Ruínas romanas de Milreu ou Ruínas de Estói são um importante conjunto arqueológico em Estói, no Concelho de Faro.
5 - As ruínas do teatro romano situam-se na encosta sul do Castelo de São Jorge, na actual freguesia de Santa Maria Maior, anteriormente na freguesia extinta da Sé, em Lisboa.
6 - A Cidade Romana de Ammaia situa-se em pleno Parque Natural da Serra de São Mamede, no concelho de Marvão, mais precisamente em São Salvador de Aramenha.
7 - As ruínas romanas de Tróia situam-se na margem esquerda do rio Sado, na face noroeste da península de Troia, em frente a Setúbal, no concelho de Grândola, freguesia do Carvalhal
8 - As Termas de São Pedro do Sul são termas localizadas em São Pedro do Sul, e situadas na margem esquerda do Rio Vouga
9 - A Ponte Romana de Trajano, também referida como ponte de Chaves, localiza-se sobre o rio Tâmega, na cidade de Chaves, distrito de Vila Real,
10 - O Templo Romano de Évora, erroneamente conhecido como Templo de Diana, está localizado na cidade de Évora, e situa-se no Largo Conde de Vila Flor, na freguesia da Sé e São Pedro, fazendo conjunto com a Sé de Évora, Tribunal da Inquisição, Igreja e Convento dos Lóios, a Biblioteca Pública de Évora e o Museu.
11 - As ruínas romanas da Villa Cardillio encontram-se localizadas na freguesia rural de Santa Maria, a cerca de 3 km do centro da sede do concelho de Torres Novas.
12 - A Villa romana de São Cucufate, igualmente conhecida como Ruínas de Santiago, é um monumento histórico em Vila de Frades, no concelho da Vidigueira.
Fontes:
Vortex - Portugal: 12 monumentos romanos que sobreviveram até aos dias de hoje
VisitPortugal - as ruínas romanas em Portugal
Turismo em Portugal . As ruínas romanas


 

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