O livro “Náufragos, Traficantes e Degredados – As Primeiras Expedições ao Brasil”, de Eduardo Bueno (1998), conta o que se passou com o Brasil entre 1500 - 1532. Portugal havia em 1494 barganhado com a Espanha o território do Brasil através do Tratado de Tordesilhas, mas nesse período estava focando seus recursos na conquista da África e da Índia. Assim os espanhóis foram os primeiros a mapear o Brasil entre o Amapá e Pernambuco, e descoberto a Foz do Rio Amazonas, através da expedição de Vicente Yañez Pinzon em Janeiro de 1500. Após a expedição militar de Pedro Alvares Cabral ter passado pelo Brasil em Abril de 1500 (seu destino final foi a Índia, onde se iniciou a Conquista Europeia desse país), mapeando o país desde o sul da Bahia até o Cabo Frio (Rio de Janeiro), Portugal enviou Gonçalo Coelho e Américo Vespúcio em duas expedições consecutivas. A primeira entre 1501-1502, mapeando a costa entre Areias Alvas (Rio Grande do Norte) e Cananéia (São Paulo), e a segunda entre 1502-1503, entre Salvador (Bahia) e Cabo Frio (Rio de Janeiro). Estas expedições fizeram com que Américo Vespúcio, representante de várias casas comerciais da Itália e Alemanha, pudesse afirmar com certeza que esse era um Novo Continente, o qual passou a ser conhecido como América. Mas Vespúcio também notou que o Brasil ainda se tratava de terra por ser desbravada, e que suas principais riquezas eram matérias-primas, em especial a árvore do Pau-Brasil (“Caesalpinia echinata”), que depois deu origem ao nome do país, devido a sua então abundância. Essas informações se espalharam pela Europa, atraindo “Privateers” (privados com permissão governamental para agir em seu nome) franceses ao continente. A primeira expedição foi de Paulmier de Gonneville, entre 1503-1505, que aportou na costa através de Florianópolis (Santa Catarina), indo para o norte e passando pelo Espírito Santo e Bahia, antes de voltar para a Normandia, na França. O interesse dos Privateers dessa região de indústrias têxteis da França era pelo Pau-Brasil, o qual já era conhecido por ter espécie similar na Índia, a “Caesalpinia sappan”, a qual tem seu tronco seco e pulverizado para produzir tinta avermelhada. Dessa forma até 1532 os franceses dominaram a costa brasileira entre o Rio Grande do Norte e Santa Catarina, possuindo dezenas de entrepostos comerciais fortificados, incluindo nas atuais São Francisco (Santa Catarina) e Paranaguá (Paraná), onde realizavam trocas comerciais com os índios Tupi que habitavam a costa (toras de Pau-Brasil em troca de ferramentas de ferro, principalmente machados). Nesse período os Espanhóis e Portugueses eram aliados, e buscavam a Serra da Prata (Império Inca), a qual sabiam ser acessível através do “Caminho do Peabiru”, que ligava São Paulo, Paraná e Santa Catarina ao Paraguai e então a Bolívia e o Peru. Em 1525 expedição de Sebastião Caboto adentra o Rio da Prata e o Rio Paraná, fundando as primeiras fortificações espanholas na região. Assim finalmente Portugal decide efetivamente tomar posse do território, concedendo os direitos de conquista do território brasileiro a dezenas de “Capitães Hereditários”, empreendedores de origem nobre que agiam também como Privateers. O mais poderoso desses foi Martim Afonso de Sousa, donatário da Capitania de São Vicente (e depois também Governador da Índia), o qual empreendeu expedição ao Rio da Prata em 1530, mapeando o território, e em 1532, pelo Caminho do Peabiru, buscando a Serra da Prata, quando então soube que os espanhóis haviam encontrado o Império Inca através de expedição marítima pelo Oceano Pacífico. Nesse mesmo ano funda a Vila de São Vicente, primeira cidade fortificada Portuguesa na América.
Publicação de Gabriel Saraiva.
Boa pesquisa.
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