A
avaliação é vista como um problema no
processo escolar. A autora Maria Tereza reflete sobre a aplicação da avaliação
e concorda que pode ser boa ou ruim, dependendo de como e para quem é aplicada.
A escola é formada por uma estrutura que está em processo problemático pois
está cheia de erros, e, por isso, pode estar a caminho do fracasso.
A inexistência de um processo escolar
que possa atender às necessidades e particularidades das classes populares,
permitindo que as múltiplas vozes sejam explicitadas e incorporadas, é um dos
fatores que fazem com que um grande potencial humano seja desperdiçado. O
processo de avaliação do resultado escolar dos alunos e alunas está
profundamente marcado pela necessidade de criação de uma nova cultura sobre
avaliação, que ultrapasse os limites da técnica e incorpore em sua dinâmica a
dimensão ética.
Sem
a avaliação, muito desespero e sofrimento desapareceria. Mas a avaliação é um
mal necessário, e concordo com a autora. O tema está polemizando os debates
entre docentes e outros, embora todos
concordem com o uso da avaliação e que ela, continua sendo criticada pelo seu
procedimento e como instrumento.
A
avaliação é a forma de saber sobre os conhecimentos e o pensamento, assim como
o resultado do aprendizado do aluno. O que em muitas vezes, exclui o sujeito,
impossibilitando que alunos possam trocar idéias e diversificar seus
conhecimentos, aprendendo um com o outro.
A avaliação mostra-se insuficiente na prática do processo de ensino -
aprendizagem, pois há, uma necessidade de se trabalhar sobre o assunto, e
descobrir ou achar uma melhor maneira de conduzir o aluno a apresentar um bom
ou melhor resultado.
Os diversos fios que tecem o cotidiano
escolar, as dobras que ocultam e revelam, as palavras que falam e calam, vão
nos indicando simultaneamente o esgotamento dos processos de negação, seleção e
exclusão, e a emergência de possibilidades de ruptura com esses processos.
Como
hipótese, a situação pode acabar com as barreiras colocando-se no campo do
diálogo, o professor refletindo sobre o aluno, pode se dizer que de uma forma
ou de outra ele já estaria aplicando uma forma de avaliação. Se o aluno não
souber que está sendo avaliado, o resultado é mais espontâneo.
As diferenças entre alunos são assumidas
como peculiaridades que devem ser trabalhadas e incorporadas pelo movimento
coletivo, deixando de ser compreendidas como deficiências que precisam ser
corrigidas. O erro passa a representar um indício, entre muitos outros, do
processo de construção de conhecimentos.
A avaliação como prática de investigação
tem o sentido de romper as barreiras entre os participantes do processo ensino
aprendizagem e entre os conhecimentos presentes no contexto escolar. Desta
forma, os mecanismos de percepção e de leitura da realidade são ampliados, facilitando
a identificação dos sinais de que algum aluno esteja sendo posto à margem do
processo e das pistas para viabilizar a reconstrução de seu trajeto, como parte
da dinâmica coletiva instaurada na sala de aula. A finalidade é que todos
possam ampliar continuamente os conhecimentos que possuem, cada um no seu
tempo, por seu caminho, com seus recursos, com a ajuda do coletivo. A avaliação
como prática de investigação pressupõe a interrogação constante e se revela um
instrumento importante para professores e professoras comprometidos com uma
escola democrática. Compromisso esse que os coloca freqüentemente diante de
dilemas e exige que se tornem cada dia mais capazes de investigar sua própria
prática para formular "respostas possíveis" aos problemas urgentes, entendendo
que sempre podem ser aperfeiçoadas. A transformação no processo de avaliação se
configura no âmbito de um movimento mais amplo de reconstrução do sentido da
escola e se articula ao movimento global de redefinição das práticas sociais.
Neste processo é fundamental: olhar atentamente paira as pequenas histórias do
nosso cotidiano, refletir sobre elas, contá-las aos outros, compartilhar o
espanto e admiração, as dúvidas, certezas e surpresas.
O sistema de avaliação instituído no
Brasil, melhor dizendo, imposto, acompanha o proposto por La Salle, ainda que
talvez disso não tenham consciência os que o formulam. Tal sistema está sendo
infligido ao sistema educacional brasileiro, desde as primeiras séries do
ensino fundamental até a pós-graduação. Descarta uma cultura pedagógica
produzida historicamente pelo coletivo de educadores e, enfatizando o aspecto
meramente técnico da avaliação, reduz um complexo processo a números, quadros,
médias, medianas, estatísticas.
A autora Regina Leite Garcia mostra os
resultados favoráveis de Maria Teresa Estebam e comenta que suas idéias
diferenciadas trazem novas sugestões de avaliação com novas formas de
abordagens avaliativas. Trata do que acontece e pode acontecer no interior da
sala de aula e em seu cotidiano.
Ao contrário do que muitos acreditam, o
exame não surge na escola, mas como um instrumento de controle social. Na
verdade é apenas no século XIX que se instala a qualificação escolar. O prazer
de aprender desaparece quando a aprendizagem é reduzida a provas e notas, os
alunos passam a estudar "para se dar bem na prova" e para isso têm de
memorizar as respostas consideradas certas pelo professor ou professora.
Desaparecem o debate, a polêmica, as diferentes leituras do mesmo texto, o
exercício da dúvida e do pensamento divergente, a pluralidade. A sala de aula
se torna um pobre espaço de repetição, sem ' de criação e circulação de novas.
É preciso ter clareza de que o esquema referencial tem aspectos conscientes e
outros inconscientes que, por desconhecidos, podem distorcer ou mesmo impedir a
aprendizagem. O "esquema referencial" do sujeito é mobilizado sempre
que se confronta com uma nova informação, demandando muitas vezes mais tempo do
que o tempo da escola permite, pois não se trata de algo mecânico que possa
limitar-se ao ensinar e ao imediato aprender.
Barriga e Esteban, é crítica radical e
uma proposta igualmente radical de rompimento com o paradigma hegemônico que
nos impede de ver por não nos permitir compreender a complexidade do que
acontece numa sala de aula, e porque ambos os autores nos dão pistas para a
construção de uma teoria de avaliação que signifique mais um passo para uma
segunda ruptura epistemológica.
Em termos operativos esta política se
concretiza numa redução real do orçamento para educação. A ordem é "fazer
mais com menos". De fato, busca-se que em termos constantes resulte mais
econômico o gasto destinado a cada estudante no sistema educativo.
Se o exame não é um problema ligado
historicamente ao conhecimento, é um problema marcado pelas questões sociais,
sobretudo aquelas que não pode resolver. Assim, o exame é na realidade um
espaço de convergência de inúmeros problemas. Problemas que são das mais
diversas ordens. Podem ser sociológicos, políticos e também psico - pedagógicos
e técnicos. No entanto, por um reducionismo que no fundo cumpre a função de
ocultar a realidade, os problemas em relação ao exame aparecem agudizados só em
sua dimensão técnica. Desconhecendo os outros âmbitos de estruturação. Uma das
funções atribuídas ao exame é determinar se um sujeito pode ser promovido de
uma série para a outra. Sob esta ideia central aparecem outras duas funções:
permitir o ingresso de um indivíduo em um sistema particular (caso do exame de
admissão) ou legitimar o saber de um indivíduo através da certificação ou da
outorga de um título profissional. Neste ponto, é relevante assinalar que a
partir da implantação de uma política educativa de corte neoliberal, as formas
de uma discussão cientificista sobre o exame estão atingindo seu auge. O exame
realiza uma inversão entre os problemas de método e os de rendimento. Uma
revisão cuidadosa da história da educação mostraria que em muitas práticas
pedagógicas não existiu nada similar ao exame. Esta inversão metodológica é
sumamente interessante. Praticamente é desconhecida no debate
nacional e internacional sobre o tema. Ambas as concepções (testes e avaliação)
são o resultado do processo de transformação social que a monopólica provocou
nos Estados Unidos.
Os estudos para medir a inteligência
desembocaram rapidamente numa teoria dos testes. O teste foi considerado como
um instrumento científico, válido e objetivo que poderia determinar uma
infinidade de fatores psicológicos de um indivíduo. Entre eles se encontram a
inteligência, as atitudes, interesses e a aprendizagem. No plano político os
testes de inteligência e
aprendizagem permitiam justificar o acesso à escola
de acordo com as condições individuais. A teoria do teste, apoiada na teoria da
ciência, por um lado incorporou a teoria da medida que a psicologia
experimental estava adotando, por outro centrou a discussão da suposta
especificidade de seu instrumento nos problemas de objetividade, validade e
confiabilidade. Os arbitrários epistemológicos a partir dos quais se constroem
os testes em nenhum momento foram debatidos.
No entanto, a evolução da teoria dos
testes e sua rápida incorporação à determinação das aprendizagens, em nenhum
momento ocorreu a partir de um debate epistemológico, mas de modo apriorístico
se determinou que a partir de seu uso o sistema de exames se converteria em um
ato científico. A tecnificação do debate sobre o exame resultou completamente
prejudicial para o desenvolvimento da educação. A cultura pedagógica em relação
às provas escolares, de fato, foi reduzida apenas a um conjunto de fatores
estatísticos. Os livros e os estudos dedicados ao problema da avaliação da
aprendizagem na realidade se limitam a trabalhar somente os problemas
descritos.
São os princípios da administração
científica os que utilizam o termo controle Na evolução de seu manejo, este
termo conforma um mais sutil porém igualmente efetivo: avaliação. A
substituição de um por outro se deve à necessidade de utilizar um termo neutro
(avaliação) que reflita uma imagem acadêmica e simultaneamente possibilite a
idéia de controle. Assim, no século atual, o debate sobre o exame transitou em
direção aos testes e recentemente se fincou no termo avaliação.
Na atualidade toda noção de avaliação da
aprendizagem remete a uma medição. Nunca se analisou a possibilidade de medir
uma qualidade (aprendizagem) em permanente evolução e transformação no sujeito.
Nunca se analisou se um comportamento observável realmente manifesta um
conjunto de acontecimentos internos, assim expressam que "a avaliação
vista como atitude crítica vai além da aplicação do exame. Dentro de um sistema
de ensino integral é o controle do que se faz em classe e fora dela.
Precisamente por esta visão progressista baseada na crítica que procura o
controle na sala de aula e fora dela, a propor o exame.
Frequenta-se a escola para obter notas.
O surgimento das notas modificou os eixos do trabalho da pedagogia. A teoria
técnica do exame construiu uma pedagogia centrada nele próprio. A pedagogia do
exame se mostra a si mesma como eficiente quando consegue representar com um
número a aprendizagem do estudante. No contexto do exame não há saída para os
problemas educativos. De modo contundente, podemos afirmar que não é o exame o
problema central da educação. A saída para a educação deve ser construída a
partir da elaboração dos problemas que ela enfrenta. A pedagogia, ao
preocupar-se tecnicamente com os exames e notas, caiu numa armadilha que a
impede de perceber e estudar os grandes problemas da educação.
Apesar de sabermos que a escola pública
(básica) tem interessado aos diferentes tipos de Estado (capitalistas e
socialistas, democráticos ou autoritários etc.) porque ela se constitui como um
lugar e tempo privilegiados para incutir e promover em todos os indivíduos os
valores e visões do mundo dominantes, conforme os casos concretos, as épocas e
as sociedades, também é verdade que (para além de alguns estados socialistas)
foi o Estado capitalista democrático aquele que mais investiu no alargamento da
escolaridade básica, tornando-a universal, obrigatória e tendencialmente
gratuita. Neste sentido, é urgente romper criticamente com a representação
social, muito freqüentemente expressa na linguagem do senso comum, de que a
democratização da educação básica (ou qualquer outra) anda inevitavelmente de mãos
dadas com a perda de qualidade científica e pedagógica dessa mesma educação.
Esta ideia extremamente nefasta em todos os sentidos. Ela tem subjacente a
falsa visão de que os pobres são naturalmente menos inteligentes do que os
ricos, ou que não precisam nem são capazes de aprender as mesmas coisas - o que
leva muitos professores e educadores a adotar estilos de ensino menos
exigentes, a propor tarefas intelectualmente mais simples, a usar métodos
pedagógicos menos estimulantes, ou seja, a não investir afetiva e
profissionalmente com as crianças dos grupos sociais.
Uma teoria como esta - assente na
valorização do conhecimento - emancipação, na intersubjetividade e na
reinvenção da comunidade - é extremamente oportuna para fundamentar a defesa de
uma política avaliativa radicalmente diferente daquela que atravessou e
caracterizou as décadas de 1980 e 1990. E, aliás, a partir dos seus
pressupostos que defendemos ser possível (e desejável) relocalizar a avaliação
formativa, considerando-a um eixo fundamental na articulação entre o Estado e a
comunidade. De fato, a avaliação formativa, sem deixar de estar relacionada com
o Estado democrático, enquanto lugar de definição de objetivos educacionais,
espaço estrutural de cidadania e garantia de igualdade de oportunidades, parece
ser a forma de avaliação pedagógica mais congruente com o princípio da
comunidade e com o pilar da emancipação. Penso ainda que a avaliação formativa
deve ser considerada no âmbito dos direitos sociais e educacionais, foram
direitos essencialmente obtidos por pressão do princípio da comunidade. Por
outro lado, só a avaliação formativa, enquanto ação pedagógica estruturada na
base de relações de reciprocidade, e intersubjetivamente validada, me parece
poder promover um novo desequilíbrio no pilar da regulação.
A
autora propõe-se a analisar a escola tradicional, de concepção positivista
neoliberal (voltada para o mercado), em que existe o tempo de ensinar e o tempo
de avaliar, enquanto momentos estanques: diagnóstico no início do ano. Em cada
bimestre ou trimestre de provas, testes, trabalhos, notas conceitos,
recuperação: comunicação aos pais. Ao final do ano o tempo de classificar:
aprovando ou reprovando o aluno como decorrência natural deste processo. Os
"conteúdos escolares" são organizados de forma linear, hierárquica e
previamente determinados por bimestre, série, disciplina, sob justificativa de
serem pré- requisitos de outros. Dessa forma a repetência (repetição) é vista
como um fator de aprendizagem uma vez que ficar mais tempo na mesma série é a
alternativa para que o aluno alcance os pré-requisitos da série seguinte, o que
na realidade pouco acontece.
Assim, a avaliação escolar é usada como
instrumento de coerção e controle social, muitas vezes justificando-se
"naturalmente" a seleção social, a discriminação e até a punição de
determinados grupos. A proposta de avaliação na escola cidadã propõe uma
ruptura com essas visões tradicionais, funcionalistas ou sistêmico-mecanicistas
que permeiam a educação e conseqüentemente as práticas pedagógicas decorrentes
delas, assumindo uma posição contra - hegemônica que contempla o
desenvolvimento do sujeito e de todos os sujeitos do ato educativo. A avaliação
faz parte do ato educativo, do processo de aprendizagem. Avalia-se para
diagnosticar avanços e entraves, para intervir, agir, problematizando,
interferindo e redefinindo os rumos e caminhos a serem percorridos. A previsão
e o importante trabalho das professoras volantes ou itinerantes atuando junto
com as professoras referências também contribuem na superação do trabalho
isolado e individual que caracterizavam a ação do titular. Cria-se um
"coletivo de educadores" em cada ciclo em que há co-responsabilidade
na aprendizagem e no sucesso dos alunos. A solidariedade no planejamento, na
execução e avaliação se estabelece na busca constante da aprendizagem dos
alunos. Alunos: o aluno é sujeito responsável pelo ato de aprender. A
aprendizagem é de sua responsabilidade na relação com o professor, com seus
colegas e com o conhecimento. Ninguém aprende pelo outro, ninguém dá do seu
conhecimento a outro. O conhecimento é construído pelo sujeito e portanto, a
sua avaliação também, ninguém melhor que o próprio aprendiz para dizer o que
está aprendendo ou não.
Os Pais tem o compromisso de saber sobre
seus filhos, é o pai e a mãe que escutam, ouvem, vêem, "sabem" no que
seu filho avança ou não, percebem suas dificuldades. Necessidade de se
envolver, não se omitir, de buscar espaços na escola para pensar juntos e
concretizar alternativas que venham a contribuir na aprendizagem e na formação
de seus filhos. Funcionários: Enquanto educador, também é parceiro, ouvinte dos
alunos na hora do recreio, nos corredores quando "cuida" deles para
que o professor possa sair da aula por alguns momentos e portanto "o conhece"
e tem muito a dizer e contribuir neste processo. Os Professores que constroem o
cidadão do futuro, que ensinam os alunos e transmitem todo o seu conhecimento
que é muito precioso. E é dado para aproveitarmos e utilizarmos nesta vida.
Concluindo, é importante ter presente e
salientar a concepção que permeia toda a proposta dos ciclos de formação e em
especial neste assunto - avaliação - as funções de investigação - pesquisa -
diagnóstico e de participação que perpassam todos os momentos/tempos/espaços e
todos os sujeitos envolvidos na constante postura de ação-reflexão-ação sobre a
vida vivida no cotidiano escolar. Optamos por centrar nossa discussão não nos
instrumentos e técnicas historicamente usados, mas nos mecanismos, estratégias
e iniciativas forjados nesta concepção e garantidos pela própria proposta. Há
que refletir, questionar e problematizar se, e até que ponto estes mesmos
mecanismos e estratégias estão contribuindo na formação de cidadãos
porto-alegrenses, riograndenses, brasileiros e do mundo, mais sensíveis,
solidários, apaixonados, éticos, coletivos, construtores de uma cidadania
melhor.
Fonte: arquivo pessoal, cadeira de avaliação, curso de pedagogia da aprendizagem, texto: Maria Tereza,
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