JULIA PASTRANA, A MULHER MACACO MEXICANA QUE FOI EMBALSAMADA E EXPOSTA EM GALERIAS
Atração de circo desde muito jovem, a garota tinha uma condição genética rara e não teve sossego nem após a morte
PAMELA MALVA PUBLICADO EM 31/03/2020
Se hoje o entretenimento gira em torno da indústria cinematográfica, as coisas no passado eram bastante diferentes. Entre os séculos 19 e 20, o circo e suas aberrações eram o show preferido das pessoas.
Todos os tipos de indivíduos passavam pelos palcos improvisados abaixo das tendas coloridas. A diversidade era tanta, que muitas das atrações recebiam nomes bizarros, com o objetivo de chamar atenção do público.
Esse foi o caso de Julia Pastrana, a Mulher Macaco. Devido a uma condição genética rara — conhecida como hipertricose terminal —, a mexicana tinha seu rosto e corpo cobertos por cabelos pretos lisos.
Transformada em atração de circo durante grande parte de sua curta vida, Julia não teve sossego nem depois da morte. Muito além de seus 26 anos, ela foi tratada como uma peça de museu por anos a fio.
A garota diferente.
Entender a vida de Julia Pastrana é uma questão de análise de documentos, já que tudo sobre ela foi registrado por pessoas do show business. Existem, no geral, duas teorias sobre o início da vida da mulher.
Ainda que as narrativas sejam diferentes, é sabido que Julia nasceu em Sinaloa, no México, em 1834. Diferente de tudo que existia na época, a jovem inevitavelmente foi parar no circo, onde viu sua vida se transformar em um freak show.
Em meados de 1854, já com 20 anos, Julia chegou aos Estados Unidos. Em terras norte-americanas, ela foi admitida pelo circo de J.W. Beach. Foi na estrada que ela conheceu Theodore Lent, com quem fugiu e se casou, em Baltimore, Maryland.
A sua trajetória no circo, todavia, não acabaria ali e Julia se apresentou por mais alguns anos. Ela recebia um nome novo a cada espetáculo e tinha seu rosto estampado em cartazes e folhetos espalhados por todas as cidades que visitava.
No circo, a mulher era caracterizada como um ser híbrido entre um animal e um humano e era constantemente subjugada. Nas apresentações, ela nunca foi reconhecida por sua inteligência ou seus reais talentos — como a dança e o canto.
A vida na estrada.
Considerada uma das protagonistas dos shows bizarros, Julia viajou por diversos países, fazendo performances em dezenas de tendas. Assim, ela fez turnês pela Europa, América e Ásia, sempre sob a personagem da Mulher Macaco.
Em 1860, em meio a uma turnê em Moscou, na Rússia, um acontecimento prometia mudar a vida de Julia. Ela teve um bebê. Pequeno e indefeso, o menino nasceu com características parecidas com a da mãe.
A criança única, com uma aparência tão singular quanto a da mãe, não sobreviveu, falecendo três dias após o parto. Devastada, a mulher pensou que as coisas não poderiam piorar. Mas ela estava errada novamente. Julia morreu cinco dias depois de seu bebê, vítima de complicações pós-parto.
O show não pode parar
Com um corpo tão distinto, Julia não foi esquecida nem mesmo após sua morte. Para o show business, aquela mulher era espetacular demais para descansar assim tão cedo. Ainda mais quando um médico, Alexander B. Mott, podia jurar de pés juntos que ela era resultado do acasalamento entre um humano e um orangotango.
Assim, os corpos da mulher e de seu bebê foram levados até a Universidade de Moscou, onde foram preservados taxidermicamente. Durante o processo, mãe e filho foram expostos à produtos químicos usados em embalsamentos.
Mesmo que ela não possa ser considerada uma múmia, por não ter sido tecnicamente mumificada, o corpo inerte e petrificado de Julia foi exposto em diversos museus e galerias. Ao lado dela, em caixotes menores, seu filho era alvo de olhares curiosos.
Os cadáveres dos dois foram exibidos por mais de cem anos. Julia e seu bebê viajaram para a Noruega, em 1921; e para os Estados Unidos e Suécia, em 1972. Juntos, os dois corpos foram estudados, roubados, danificados, comidos por ratos e armazenados em institutos forenses durante anos.
Depois de décadas servindo como atração para um show de horrores, Julia finalmente conseguiu sua liberdade, mesmo que póstuma, em fevereiro de 2013. Naquele ano, graças a esforços estatais e de artistas mexicanos, a mulher retornou a Sinaloa, onde foi enterrada em uma cerimônia católica, aberta ao público.
AMONUTE: A VERDADEIRA MULHER POR TRÁS DE POCAHONTAS
Sua história, na realidade, não tem nada a ver com a animação clássica de Walt Disney em 1995
DANIELA BAZI PUBLICADO EM 31/03/2020
Lançado em 1995, Pocahontas é uma das clássicas animações de princesas da Disney, que conta a história de uma índia nativo-americana, filha do líder da tribo em que morava, que se apaixona por John Smith, um dos colonos ingleses que ameaçam tomar o local em que morava e, juntos, conseguem acabar com a intriga entre os dois povos pelo território.
Entretanto, o que muitos não sabem, é que a jovem Pocahontas realmente existiu, mas sua história não é igual a narrativa retratada por Walt Disney. Seu nome, na verdade, era Amonute, onde muitos às vezes era chamada de Matoaka. Nascida em 1596, ela realmente era filha do líder Powhatan, e eles viviam na região conhecida atualmente como Jamestown, na Virgínia.
Durante toda sua vida, a jovem Matoaka acompanhou a eterna briga entre colonos e americanos e, em 1607, foi quando salvou John Smith de ser morto pelo seu pai. Diferente da animação, ela tinha apenas por volta de 10 a 12 anos de idade, e não teve nenhum relacionamento amoroso com o homem.
Nas escrituras deixadas pelo aventureiro, ele escreveu após a morte da nativa que uma doce e bela filha de um poderoso líder nativo o resgatou de uma execução. Por esse motivo, a ideia de que ambos teriam se apaixonado e lutado contra seus próprios povos para proteger um ao outro percorreram ao passar dos séculos, mesmo não sendo real.
Após o acontecimento, Pocahontas ainda participou de mais dois conflitos contra os colonos, mas também costumava visitar o local onde os europeus se encontravam com o intuito de ajudá-los com comida já que, naquela época, o alimento era bastante escasso.
Quando tinha 17 anos, acabou sendo raptada por Samuel Argall, sendo utilizada como moeda de troca para que conseguisse alguns prisioneiros de seu pai, e foi mantida como prisioneira por mais de um ano. Foi durante sua prisão que conheceu o homem com quem realmente se relacionaria, chamado John Rolfe.
John tinha 28 anos, era viúvo e trabalhava plantando tabaco. Após demonstrar grande interesse pela jovem, ele disse que a libertaria com a condição de que se casassem. A ideia logo foi aceita por Amonute, que foi renomeada como Rebecca. Ela casou-se com o britânico em 1614, sendo o primeiro casamento entre um nativo americano e um europeu já registrado.
Pouco tempo após a união, o casal teve seu primeiro filho, Thomas Rolfe. Todos seus descendentes passaram a ser conhecidos como Red Rolfe, fazendo referência a como a Europa denominava a cor de pele dos americanos. Apenas em 1616 Pocahontas foi levada pela primeira vez a Inglaterra por seu marido.
Lá, trabalhou como modelo em uma campanha que apoiava a colônia de Virgínia, servindo como um símbolo de paz entre os dois povos. Passou a ser reconhecida como uma “selvagem domesticada”, gerando inúmeros elogios a John por ter ensinado o cristianismo para sua mulher.
Em uma ida ao teatro, reencontrou John Smith, a quem tinha salvado anos atrás. A mulher não gostou nem um pouco da situação, virando-lhe as costas e o deixando sozinho por horas, até que decidiu voltar atrás do homem, o chamando de mentiroso e pedindo para que não se aproximasse mais.
Durante o mês de março do ano seguinte, a família Rolfe decidiu que iria voltar para a Virgínia. Entretanto, Pocahontas nunca concluiria a viagem. Enquanto estavam na embarcação, Amonute começou a ficar muito mal e acabou falecendo no dia 21 de março de 1617, com apenas 21 anos. A verdadeira causa de sua morte nunca foi comprovada, mas muitos especulam ter sido tuberculose, varíola, pneumonia ou até mesmo envenenamento.
A mulher foi enterrada dentro de uma igreja em Gravesend, todavia, seu túmulo acabou sendo destruído após uma reconstrução feita no mesmo local. Depois de sua morte, os dois povos voltaram a entrar em conflito, com a comunidade de Powhatan sendo completamente dizimada e dominada pelos europeus.
Entenda a situação que levou ao golpe que tirou João Goulart do poder em 1964 e instaurou a ditadura civil-militar
ANDRÉ NOGUEIRA PUBLICADO EM 31/03/2020
O termo golpe de Estado, antes de tudo, é um conceito das ciências humanas. Principalmente os historiadores e sociólogos buscam entender esse conceito para, na utilização em meio à análise, haver precisão metodológica.
Esse conceito já possui muita bibliografia. Há produção sobre essa noção desde o século 17, quando as mudanças no funcionamento do mundo das cortes fez necessária a criação de um novo arcabouço de ideias para entender o mundo autofágico da política. Partindo da realidade política palaciana, o conceito se emoldura em sua forma moderna entre o 18 e o 19.
Um golpe de Estado é uma anormalidade institucional, assim como uma revolução, uma revolta, uma invasão ou um impedimento, mas se diferencia destas outras em sua forma. Os historiadores hoje entendem golpe como a interrupção de um mandato ilegalmente por parte de membros internos à própria instituição.
Este é o caso do ocorrido no Brasil em 1964: há uma interrupção – vacância do cargo de Jango – ilegal – constitucionalmente, o mandato seria inviolável – por membros internos – Exército, que é parte do organograma do Estado – à instituição – Estado brasileiro.
Entenda como se compôs o cenário em que uma atitude drástica como um golpe militar foi viabilizada e com amparo de parte da sociedade.
Para tanto, voltamos a 1961, ano fulcral deste processo. Neste período, o presidente Jânio Quadros, numa tentativa de reatar relações com a população e aumentar seu poder, declara sua renúncia. Com isso, fica legalmente indicado que assuma o vice-presidente eleito, João Goulart, do PTB.
Jango, na visão dos militares, era tido como um comunista – mesmo que sua proposta política desenvolvimentista beire a social-democracia – e não poderia assumir. O gaúcho, para piorar sua situação aos olhos dos militares, voltava de uma viagem diplomática à China. Com a oportunidade, os militares da alta patente se aproximam do Congresso e aprovam um fechamento institucional que é solucionado com um acordo com Jango: ele assumiria como prevê a Constituição, mas seria sob regime parlamentarista.
Essa anormalidade foi estranha não somente pela ilegalidade, mas também pela intangibilidade do regime na tradição política brasileira. Em 1963, por iniciativa da situação, é convocado um plebiscito nacional com o tema do regime político. Ganhando com 82% dos votos, o Brasil volta a ser presidencialista, tendo João Goulart como líder legal.
Jango tinha um histórico relevante, principalmente ao lado de Vargas. Inclusive, foi seu ministro do Trabalho na década de 1950. Com isso, a direita mais conservadora, que ocupava espaços de poder no Clube Militar e na UDN, que detesta o legado varguista, volta a ameaçar o governo do presidente.
Ao mesmo tempo, João Goulart tinha como eixo principal do governo a Bandeira Unificadora das Reformas de Base, um dossiê de propostas reformistas de reajuste estrutural de diversas esferas que competem ao governo, com o objetivo de humanizar e dinamizar a economia brasileira e o funcionamento da máquina democrática.
Com isso, Jango defendia bandeiras como o direito irrestrito ao voto, incluindo analfabetos e soldados (que não votavam na época), a distribuição de lotes de terra na forma de propriedade privada rural (reforma agrária), uma reforma fiscal visando à distribuição da renda etc.
O governo de Jango foi marcado principalmente pela polarização política e ideológica. No cerne da Guerra Fria (e poucos anos após a vitória dos revolucionários cubanos em Havana, fazendo pairar ameaças exageradas da paranoia anticomunista), a sociedade, extremamente politizada à época, experimentou uma radicalização desta polaridade, que se traduz na série de manifestações e expressões públicas da sociedade civil em relação ao governo e suas opiniões, contra e a favor de Jango.
Foi o momento, por exemplo, do Comício da Central do Brasil (que, junto da anistia presidencial aos marinheiros amotinados, alimentou o discurso direitista de que Jango era radical e imprudente demais para governar) dos janguistas e da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, exigindo intervenção militar contra o “comunismo infiltrado e antibrasileiro”.
Por outro lado, os militares estão inseridos num contexto de hipérbole da lógica da Guerra Fria. Versado na Doutrina de Segurança Nacional, o alto escalão das Forças Armadas estava estritamente associado à Escola Superior de Guerra do Panamá, órgão chefiado por órgãos da segurança dos EUA, em que os militares latino-americanos eram ensinados sobre a ideologia liberal americana, a doutrina de alinhamento com o país e a luta anticomunista. Com isso, há a formação de toda uma geração de mandatários militares que têm menos interesse na integridade institucional de seus países e mais no direcionamento ideológico e moral puxado a um nacionalismo conservador e autoritário.
Diante de todo esse contexto, migremos para o fatídico ano de 1964. Os conspiracionistas militares, mesmo que não de forma monolítica, tinham já entendido a suposta necessidade de derrubar João Goulart. Nessa lógica, no dia 31 de março de 1964, o general Olímpio Mourão, do batalhão de Minas Gerais do Exército, pega uma série de tanques e ruma pela estrada em direção ao Rio de Janeiro. Lá havia um grande contingente populacional antijanguista, incluindo o governador da Guanabara, Carlos Lacerda, ícone do antivarguismo. Mourão acumula contingente e apoio no Rio de Janeiro de Lacerda e na São Paulo de Adhemar de Barros.
Do Rio de Janeiro, os tanques conspiracionistas se voltam a Brasília. Na virada da noite, os golpistas já tinham ocupado o Planalto e exigiam a saída de Jango, que, incapaz de reagir, foge da capital e vai para o Rio Grande do Sul, onde tem grande base de apoio. O Rio Grande do Sul, historicamente, se associou à defesa dos projetos ligados a Vargas e Jango, tendo Leonel Brizola como governador e defensor da “Legalidade”, ou seja, a manutenção dos mandatos democraticamente eleitos.
Porém, para além do uso de contingente militar contra um representante do povo eleito, está no momento de ocupação do Congresso Nacional o principal indício de ilegalidade desse processo. Com o recuo de Jango, o líder do Parlamento, Ranieri Mazzilli, associado à conspiração militar, declara vaga a Presidência da República, argumentando que o presidente abriu mão do cargo ao ter fugido e estaria fora do território nacional (supostamente Uruguai).
Porém, Jango estava no sul do país e isso era fato conhecido. Ao assumir o cargo de presidente com esse argumento, Mazzilli rasga a Constituição de 1946 junto aos militares, dando fim a um ciclo político democrático iniciado com a queda do Estado Novo.
Com a vacância da Presidência, o Congresso convoca uma nova eleição indireta para declarar um indicado da junta militar como chefe de Estado. Elegem assim Humberto de Alencar Castelo Branco, primeiro presidente militar e membro da ala moderada entre os golpistas. Todo o processo vai envolver não somente o exílio de Jango, mas uma série de cassações em massa de deputados, governadores e membros de partidos políticos ligados tanto à esquerda quanto à direita.
Até Carlos Lacerda, udenista de extrema-direita, foi perseguido pelos militares depois de um tempo. Logo no primeiro ano, a liberação de longas listas de cassação política remodelou a configuração das forças políticas no Estado. O PTB e o PSD passam a sofrer sanções governamentais claramente autoritárias. O calor do golpe atingiu até as Forças Armadas: além dos membros do Exército que eram de esquerda (Henrique Teixeira Lott se destaca, mas não era o único), hoje se calcula que mais de 6 mil militares, incluindo oficiais, foram afetados diretamente com as cassações e mortes do golpe.
Ao mesmo tempo, o golpe envolveu uma confusão interna dentro da própria aliança golpista, em que pairava a dúvida sobre o retorno ou não da normalidade institucional dos anos anteriores. Castello Branco defendia o retorno do poder democrático às mãos civis, mas foi a ala ligada à Linha Dura, de Costa e Silva, que tomou as rédeas do processo e conduziu o golpe à instalação de um governo ditatorial que vai durar até 1985, com a morte de opositores, o fechamento do Congresso, a tortura sistemática e o uso de eleições indiretas para a manutenção do governo pelo Alto Escalão do Exército.
Muitos morreram e desapareceram durante a ditadura (e não somente esquerdistas ligados à guerrilha) e a democracia brasileira até hoje é abalada pela desestruturação da democracia possibilitada pelo movimento vertical dos militares em 1964. Quando recomendaram a Jango que fechasse o Congresso para passar as Reformas, Jango recusou. A junta militar devia ter feito o mesmo.
Encerra-se com uma citação do presidente, general e ditador Ernesto Geisel sobre a alcunha de golpe ao movimento de 1964: "O que houve em 1964 não foi uma revolução. As revoluções fazem-se por uma ideia, em favor de uma doutrina. Nós simplesmente fizemos um movimento para derrubar João Goulart. Foi um movimento 'contra', e não 'por' alguma coisa. Era contra a subversão, contra a corrupção. Em primeiro lugar, nem a subversão nem a corrupção acabam. Você pode reprimi-las, mas não as destruirá. Era algo destinado a corrigir, não a construir algo novo, e isso não é revolução".
NAPOLEÃO BONAPARTE: A MORTE DE UM DOS MAIS CONTROVERSOS NOMES DA FRANÇA
Fruto de debate, essa questão atravessou gerações — renascendo em 1961, quando traços de arsênico foram encontrados em seu cabelo
JOSEANE PEREIRA PUBLICADO EM 31/03/2020
Um dos personagens mais estudados da História, Napoleão Bonaparte teve sua trajetória definida em mínimos detalhes. Entretanto, umas questão sobre sua trajetória permaneceu por um tempo envolta em mistérios: o grande estrategista militar teria morrido de câncer no estômago ou envenenamento?
Após ser derrotado na batalha de Waterloo, em 1815, Bonaparte foi exilado nos confins do Atlântico Sul, em uma pequena ilha chamada Santa Helena. Após seis anos, com o falecimento do general, seu médico François Antommarchi declarou na autópsia que a causa da morte tinha sido câncer no estômago.
Entretanto, tal diagnóstico foi contestado no ano de 1961, quando traços de arsênico foram encontrados em uma das mostras de cabelo de Napoleão. Isso acabou sugerindo a possibilidade de morte por envenenamento.
FATOS CONSUMADOS
Para validar ou não essa hipótese, é importante entender o estado de sua saúde nos últimos anos. Em julho de 1820, o Imperador se queixou de grande desconforto abdominal, o que o levou a perda de apetite, vômitos e náuseas. Ele perderia ao menos 10 kg nos últimos anos de vida.
Nos primeiros meses de 1821, Bonaparte se alimentava apenas de líquidos e passou a vomitar sangue, com sua condição piorando cada vez mais. Em 5 de maio daquele ano, aos 51 anos de idade, ele viria a falecer. Sete médicos britânicos acompanharam a necropsia, e cinco deles assinaram o relatório oficial. O interior do seu estômago continha sangue e um endurecimento com 10 centímetros de extensão, e o tumor havia se espalhado pelos nódulos linfáticos.
O câncer estava em estado muito avançado, e na época não havia auxílio algum para a doença; afinal, os primeiros tratamentos com quimioterapia só seriam desenvolvidos após a Segunda Guerra Mundial.
Em 2011, o patologista forense Alessandro Lugli publicou um trabalho afirmando que a quantidade de arsênico encontrada em seu cabelo e na parede de sua última casa não eram suficientes para causar a morte. Então, a resposta mais consolidada é que o estrategista teria realmente padecido de câncer estomacal, doença que já havia acometido seu pai e avô.
UM CRIME DE 5.300 ANOS: A MÚMIA DE ÖTZI E O TRÁGICO FIM DO HOMEM DO GELO
O trabalho de um detetive esclareceu os violentos momentos finais do homem que viveu há 5 milênios
SIMONE BITAR PUBLICADO EM 31/03/2020
Ötzi viveu há 5.300 anos e foi encontrado sob o gelo na fronteira da Áustria com a Itália, em 1991. Tão bem preservado que acreditou-se no início ser um esquiador recente. Vivendo na passagem da Pré-História para a História, o bem-vestido e bem-equipado homem de meia-idade morreu de flechadas.
Mas essa não é toda a história. O investigador Alexander Horn, da polícia de Munique, atendeu a um pedido da museóloga Angelika Fleckinger para investigar o fim de Ötzi como se fosse um crime qualquer.
Segundo o policial, o personagem provavelmente foi vítima de vingança. Ele foi morto por uma flecha no ombro, o que já era sabido. Mas, alguns dias antes, havia levado outra flechada, na mão, à qual havia sobrevivido.
A teoria de Horn é que Ötzi enfrentou um inimigo – que deu a primeira flechada – e venceu. Mas o rival continuou a persegui-lo, até atingi-lo com o segundo tiro, este fatal. Quanto à causa da querela, provavelmente era um rixa pessoal – ele foi enterrado pela neve carregando um valiosíssimo machado de bronze, o que indica que o inimigo não estava interessado em suas posses. “Estamos falando de um padrão de comportamento que se repete hoje em casos de assassinatos”, afirma o investigador. “Começa com pequenas coisas, e cresce até o extremo.”
Abominável homem da neve.
O mais famoso homem do gelo não pertence à chamada Era do Gelo, que terminou cerca de 12 mil anos atrás. Ainda assim, Ötzi, como ficou conhecido, é uma das descobertas mais interessantes da Pré-História humana – período anterior à invenção da escrita. A múmia foi encontrada em 1991 por um casal alemão perto de Hauslabjoch, na região alpina de Ötzal.
De início eles pensaram que fosse apenas mais um alpinista desafortunado cujo corpo fora preservado pelo gelo. Mas, após a retirada do cadáver, ficou constatado que era um homem que morreu há 5 300 anos. A descoberta iniciou uma série de estudos para delinear a história pregressa de Ötzi.
Antes mesmo das reconstruções modernas, pelos artefatos encontrados com ele, como um arco e um machado de cobre, sabia-se que morrera em combate. Mas se ele era de fato um guerreiro, ou só um modesto caçador, vítima de um crime ou agressão entre tribos, ainda é um fato controverso.
ELIZABETH ANGELA MARGUERITE: DOS HORRORES DA PRIMEIRA GUERRA A AMADA RAINHA-MÃE BRITÂNICA
Há 18 anos, falecia a integrante da família real mais querida pelos súditos no Reino Unido enquanto dormia, aos 101 anos
PAOLA CHURCHILL PUBLICADO EM 30/03/2020
Nem sempre a vida de Elizabeth Ângela Marguerite Bowes-Lyon, a querida Rainha-Mãe britânica foi fácil. Nascida em 4 de agosto de 1900, a mãe de Elizabeth II e da princesa Margaret, Condessa de Snowdon, sofreu com os horrores da Primeira Guerra Mundial.
A jovem perdeu seu irmão mais velho em batalha, e seu lar na Escócia acabou virando um hospital militar para tratar os feridos durante a guerra. Aos 14 anos, a jovem realeza já ajudava as enfermeiras a cuidar dos soldados, escrevia cartas para os parentes dos atingidos e brincava com eles para passar o tempo. Todos no local amavam a garota.
Casamento real.
Em 1921, o príncipe Albert, que depois ficaria conhecido como rei George VI, a pediu pela primeira vez em casamento. A jovem o recusou por medo de "nunca mais ter a liberdade de pensar e agir como sentia que deveria". O príncipe disse que não se casaria com ninguém que não fosse a mulher que roubou seu coração. E estava certo: após muita insistência, ela se casou com Bertie, e tornou-se a duquesa de Iorque.
Elizabeth sempre foi muito popular entre seus súditos. Para os mais jovens era conhecida como mãe de Elizabeth II e avó do príncipe Charles. Mas, para os que enfrentaram as bombas alemãs explodindo por Londres, se lembram da mulher que permaneceu com o seu povo no momento de maior fragilidade.
Apesar de ser casada com o próximo da linha ao assumir o trono, a majestade nunca imaginou que um dia seria rainha. Em 1936, um grande escândalo abalou a realeza, o até então rei Edward VIII se apaixonou por Wallis Simpson, uma socialite divorciada norte-americana. o que poderia ser comum hoje em dia, era proibido na época. Edward escolheu ficar com a amada e abdicou do seu papel como rei.
O próximo na linha de sucessão, era Albert. Mas o príncipe não se sentia capacitado a governar um país, principalmente em pela guerra. Mas ele teve o total apoio de sua esposa, que o dava força e amparo para enfrentar esse desafio. E no dia 12 de maio de 1937, o casal foi coroado, e Bertie agora ficaria conhecido como Rei Jorge VI.
Segunda Guerra Mundial.
O rei e a rainha viraram símbolos nacionais da resistência durante a Segunda Guerra Mundial. Os dois se recusaram a deixar Londres e fugir para o Canadá com suas filhas, mesmo durante os bombardeiros das tropas inimigas no país. "As crianças não vão sem mim. Eu não vou partir sem o rei. E o rei nunca partirá".
A soberana visitou tropas, hospitais, fábricas e partes do Reino Unido que eram alvo da Luftwaffe. Os encontros, em um primeiro momento, eram vistos de maneira hostil, as pessoas vaiavam e era jogado lixo em sua direção. A hostilidade era devido as roupas caras que a rainha usava durante suas visitas, pois enquanto o povo sofria, ela sempre aparecia elegante.
Elizabeth reverteu a situação ao explicar que se as pessoas a visitassem, eles iriam com seus melhores modelos, então ela tinha que fazer o mesmo. A partir daí, ficou conhecida como o "arco-íris de esperança" do povo.
Nunca deixava de perder a esperança e o bom humor. Quando o palácio de Buckingham foi atingido durante um bombardeio, a rainha disse “Estou feliz que fomos bombardeados. Me faz sentir que agora posso olhar o East End na cara”.
Mesmo com o fim da guerra, a integrante da família real era adorada pelos britânicos. Ela e o marido, governaram até 1952, quando Jorge morreu dormindo.
A Rainha-Mãe
Apesar de estar devastada, então viúva de Jorge VI, com seus 51 anos ganhou o título de Rainha-mãe e mantinha suas atividades reais como um dos membros mais populares da realeza.
Isabel era conhecida por sua longevidade, mesmo no final da sua vida era muito ativa e mantinha os compromissos da agenda real. Em dezembro de 2001, com seus 101 anos fraturou a pélvis, mas mesmo assim insistiu em ficar de pé durante o hino nacional em memória do seu marido.
A monarca morreu em 30 de março de 2002, enquanto dormia no Chalé Real, em Windsor, ao lado de sua filha Elizabeth. A morte foi em decorrência de um resfriado que durava mais de quatro meses.
A majestade plantava camélias por todos seus jardins, e um arranjo especial foi feito em sua homenagem no Salão de Westminster. Mais de 200 mil pessoas foram até seu velório prestar as últimas homenagens.
APÓS DIAGNOSTICO POSITIVO PARA CORONAVÍRUS, PRÍNCIPE CHARLES TEM ALTA
Aos 71 anos, e após ter sintomas leves, o Príncipe de Gales foi liberado
PENÉLOPE COELHO PUBLICADO EM 30/03/2020
Nesta segunda-feira, 30, a Casa de Clarence (nome do palácio onde vive o Príncipe Charles), afirmou em nota que o monarca está em boas condições de saúde. "Depois de consultar seu médico, o príncipe de Gales está fora do isolamento".
Cinco dias após o diagnóstico positivo de Covid-19, o filho mais velho da Rainha Elizabeth II, apresentou apenas sintomas leves e seguiu realizando seu trabalho de casa. Até então, Charles e sua esposa Camilla, a duquesa de Cornualha, estavam isolados em uma residência na Escócia.
Aos 72 anos, Camila - não foi diagnosticada com o vírus. Charles já está liberado do distanciamento. No entanto, os dois continuarão mantendo o isolamento social seguindo as instruções do governo.
A Rainha Elizabeth II, de 93 anos teve contato pela última vez com o filho em 12 de março. Como precaução e temendo o coronavírus, a monarca se mudou temporariamente do palácio de Buckingham em Londres, para sua casa de descanso em Windsor, um local mais afastado.
Coronavírus na Inglaterra
Assim como Charles, o país tem mais duas figuras importantes da políticas britânica com diagnóstico positivo para o Covid-19: o primeiro-ministro, Boris Johnson, e o ministro da Saúde, Matt Hancock. Ao todo, o Reino Unido registra 19.788 mil contaminados e 1.228 mortos, segundo dados divulgados pela ANSA, agência de notícias italiana, hoje.
EM ISOLAMENTO, RAINHA ELIZABETH II APRENDE A USAR FACETIME E SKYPE
Com aulas particulares, a rainha já consegue realizar chamadas de vídeo além de enviar figurinhas e mensagens de voz
WALLACY FERRARI PUBLICADO EM 30/03/2020
A rainha Elisabeth II está instalada no Castelo de Winsdor após um membro do Palácio de Buckingham contrair o vírus, e, desde então, mantém contato com os membros da família real por meio de aplicativos de chamadas de vídeo, como o Skype e o FaceTime. A rainha optou por evitar qualquer contato pessoal considerando o perigo aos 93 anos de idade.
Este tem sido o único meio de comunicação da rainha com a sociedade externa desde o isolamento junto ao marido Philip, de 98 anos, que também está no grupo de risco. Ela recebeu aulas particulares adaptadas aos problemas de equilíbrio e visão causados pela idade avançada.
De acordo com uma fonte interna de Winsdor em entrevista ao jornal Telegraph, a rainha já consegue enviar textos, mensagens de voz e compartilhar figurinhas, além de aprender a fazer, aceitar e recusar ligações de áudio e vídeo. Sua primeira tentativa de chamada foi com o neto William, porém, sem sucesso.
Em nota oficial, Elizabeth publicou que está, desde o dia 19 de março, instalada na residência secundária da família e fez mudanças para adaptar a rotina a vulnerabilidade que possui: “Muitos de nós vamos ter de encontrar novos meios de tocarmos uns aos outros e ter certeza de que as pessoas que amamos estarão em segurança”.
O inglês Robert Weighton é um dos homens mais velhos do mundo. Com 112 anos, completados no último dia 29 de março, Bob – como é carinhosamente chamado – tem muitas histórias para contar. Desde que nasceu, em 1908, o britânico presenciou grandes fatos mundiais como as duas Grandes Guerras, cinco monarcas, vários recordes e importantes feitos, além das pandemias de gripe espanhola e agora do novo coronavírus. A vida de Weighton mostra quantos fatos marcantes da história da humanidade aconteceram no último século.
Poucos anos após Bob nascer, o mundo se preparava para a 1ª Guerra Mundial, que aconteceu entre 1914 e 1918; no entanto, como era muito jovem, o inglês não foi convocado. Imediatamente após esse período, o mundo viveu a pandemia de gripe espanhola; contudo, em entrevista ao site da BBC, Weighton disse que não se preocupou com o assunto, contando que “não sabia que havia uma gripe espanhola porque nenhum dos meus irmãos e irmãs ou pessoas que eu conhecia foram afetados”.
Entretanto, os registros históricos que Robert presenciou estavam apenas no início. Desde que nasceu, o Reino Unido já teve cinco monarcas: Edward VII (1901 – 1910), George V (1910 – 1936), Edward VIII (1936), George VI (1936 – 1952) e Elizabeth II, no trono desde 1952. Entre um rei e outro, viu a 2ª Guerra Mundial eclodir no continente europeu entre 1939 e 1945. Na mesma entrevista concedida para o site inglês, Bob disse que o povo “sabia o que tinha que fazer; poderia falhar, mas os objetivos eram claros quando Churchill uniu o país”; a situação atual, todavia, é diferente porque “ninguém sabe como vamos derrotar o vírus”.
Bob também testemunhou muitos outros acontecimentos históricos, como os três Jogos Olímpicos que aconteceram em Londres (1908, 1948 e 2012), a chegada do homem à Lua, em 1969, o surgimento da Organização das Nações Unidas, em 1945, e da União Europeia, em 2003, o Brexit em 2020 e agora a pandemia ocasionada pelo novo coronavírus. Bem-humorado, o inglês diz que o segredo da vida longa é “evitar morrer”.
CORONAVÍRUS: NA ÍNDIA, BOMBEIROS DESINFETAM ESTRANGEIROS COM JATOS DE CLORO NO MEIO DA RUA
A ação polêmica foi registrada por vídeos amadores; o governador de Bareli já afirmou que o caso será investigado
CAIO TORTAMANO PUBLICADO EM 30/03/2020
Na cidade de Bareli, ao norte da Índia, autoridades locais estão utilizando um metódo muito contraditório para higienizar trabalhadores imigrantes. Nas ruas, estão sendo executados banhos com jatos de cloro no contexto da pandemia do coronavírus.
A ação, entretanto, causou polêmica e o governador da cidade disse que iria investigar os responsáveis pela medida. 40 trabalhadores foram parados pelo corpo de bombeiros de Bareli, e a equipe começou a desinfecção.
Com a maior quarentena de todo o planeta, a Índia promoveu o distanciamento de mais de um bilhão de pessoas por conta do novo coronavírus. Desde que a epidemia teve início, turistas e imigrantes estão relatando casos de xenofobia.
Alguns dos imigrantes relataram mal-estar depois de terem sido atingidos com os jatos de cloro. O hipoclorito de sódio, misturado com a água e projetado nos estrangeiros, pode causar alergia nos olhos e na pele, ainda mais quanto jorrados de uma mangueira industrial com alta pressão e força.
WATCH: Migrant workers who returned from Delhi showered with water mixed with Sodium Hypochlorite, which is used on large scale for surface purification, bleaching, odor removal and water disinfection. Govt says they're investigating the matter. Report on http://indianexpress.com