O Nascimento das Fábricas.
Edgar de Decca.
Até a época Moderna, trabalho era: cansaços insuportáveis, dor e esforço extremo. Sua origem está ligada a pobreza e miséria, já no séc. XVI seu significado muda, o próprio trabalho ascendeu, valoriza-se as atividades humanas. Locke, "...trabalho fonte de propriedade". Adam Smith, "...trabalho fonte de riqueza". Marx, "...fonte de produtividade e expressão". A fábrica mecanizada alimentou projeções da sociedade burguesa e até de críticos, confirmava a potencialidade, a dimensão ilimitada da produtividade humana através da maquinaria. O lugar da superação das próprias condições humanas! A Revolução Industrial para os homens do séc. XIX foi um acontecimento tecnológico, sentiram na própria pele a transformação radical do conceito de trabalho. O homem pobre a partir do séc. XVIII, foi introduzido no mundo burguês, não existiam outras tecnologias além daquelas conhecidas e o mercado responsabiliza-se em eliminar os "menos qualificados". Uma nova classe em ascensão com auto disciplina, controle de si mesmo, crítica a ociosidade, exigências imperiosas para o comerciante que se envolve na esfera de mercado. Thompson, afirma que "o homem se torna rico quando faz bom uso do seu tempo". E de acordo com o autor a expressão "TEMPO É DINHEIRO" está correta, Decca, usa com outras palavras: "...tempo como moeda no mercado de trabalho". O mercado modifica-se e torna-se uma unidade universal.
A figura capitalista utiliza vários mecanismos de poder que tornam possível ao capitalista o controle sobre o operário. Mais tarde, aparecem probleminhas como o da sabotagem e seus vários tipos, como o desvio da parte da produção, a falsificação de produtos, a utilização de matérias primas de qualidade inferior àquelas fornecidas pelo capitalista. Por isso o mesmo tem um controle maior sobre toda a parte da produção e funcionamento da fábrica. Para os trabalhadores o sistema foi uma perda de controle. Dickson, apresenta quatro razões para o estabelecimento do regime de fábrica: 1º os comerciantes precisavam controlar e comercializar toda a produção de artesãos, com o intuito de reduzir ao mínimo as práticas de desvio dessa produção. 2º a maximização da produção através do aumento da jornada de ritmo e da velocidade de trabalho. 3º o controle da inovação tecnológica para que ela pudesse ser aplicada no sentido de acumulação capitalista. 4º a fábrica criava uma organização da produção que tornava imprescindível a figura do empresário capitalista. Visão totalmente marxista!
Realmente a concentração é maior por parte do trabalhador no ambiente da fábrica adquirindo um condicionamento. E o objetivo alcançado é a organização deste ambiente e destes trabalhadores com um padrão determinado. Pressões sofridas pelo trabalhador inglês, até compreender algumas diferenças entre a industrialização na Inglaterra e na França, um regime de fábrica como novo marco de organização. Impacto de poderosas forças, atrativas ou repulsivas, que o trabalhador inglês se transformou em mão de obra fabril, a resistência do trabalhador ante os avanços do sistema de fábrica foi decisiva durante este período. Como dizia Dickson, "as máquinas não só supunham uma ameaça com respeito aos postos de trabalho, mas contra todo um modo de vida que compreendia a liberdade, a dignidade e o sentido parentesco do artesão". Havia muita resistência e pessoas denominadas quebradores de máquinas estavam tendo vitórias em 1820. Nisto, o povo, revoltado, vai à luta.
A fábrica surgiu muito mais por imperativos organizacionais capitalistas de trabalho do que por pressões tecnológicas e sua introdução se deveu a uma ação consciente por parte dos patrões para controlar as greves e enfrentar as pressões sindicais, assim como outras formas de militância. A máquina não conhece o limite, a dor, o sofrimento e o cansaço. Claro, pois a máquina não reclama, não se manifesta, não opina, ela aceita tudo!
A produção histórica do mercado capitalista deu-se primeiramente na Europa, elemento central para a organização do trabalho, disciplina, ordem e hierarquia. Na Inglaterra, os aumentos de produção se davam pelo aumento das horas dedicadas ao trabalho, quase sempre até o limite da exaustão física, bem como pela introdução de mais escravos no processo de trabalho. Com a fábrica, o capital encontrou as bases para sua expansão e domínio.
A tecnologia, a partir da vitória do sistema, representou uma estratégia de controle do capitalismo sobre a produção. Muda o conceito de trabalho, revolução, tempo, mudança de mentalidade, já se pode falar em Revolução Industrial tirando algumas áreas da Rússia, a escravidão está abolida. A mudança de mentalidade vai acontecendo!... Adam Smith, Marx e Locke mostram a evolução do trabalho como fonte da produtividade, da propriedade e da riqueza.
A primeira reação popular é acabar com as fábricas, o operário revolta-se, pois estão tirando seu emprego. O tempo, como conotação, o progresso, pode ser bom ou mau. Nesse tempo o progresso é bom, para muitos usar produtos químicos é bom.
A Revolução Industrial foi vitoriosa por administrar o tempo do trabalhador, condicioná-lo a uma rotina, e ele aprende a administrar mais o seu tempo, assim faz uso correto do tempo ou desperdiça o de uma vez.
Por Prof. Vanessa.
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