domingo, 10 de janeiro de 2016

Livro: Pedagogia do Oprimido.


Em seu texto Paulo Freire tem como objetivo alfabetizar para conscientizar, pois a conscientização é um compromisso para se chegar a uma opção de decisão. O alfabetizando consegue criticar o seu mundo sem ser absorvido por ele, tendo uma preparação condicionada pelas suas escolhas através da orientação que lhe foi dada. Ele se redescobre num mundo expressando o seu comportamento e a sua forma de pensar e agir. Uma oportunidade de usar suas palavras de acordo com a devida lógica, empregando criticamente as palavras do seu mundo. "Humanizar o Mundo". Conquistando a sua forma. O homem transforma o mundo num mundo novo, com estímulo e o êxito de suas respostas, neutralizando-se de vínculos e influências exteriores. Trabalha basicamente na conscientização para achar soluções para os problemas e obstáculos que surgem na vida. O mundo é um espetáculo onde o indivíduo é o artista principal. A consciência liberta a força impulsionando o poder de reflexão e constitui a sua objetividade e subjetividade, implicando-se dialeticamente.

"... o homem se redescobre como sujeito instaurador desse mundo de sua experiência. " ¹

A comunicação é fundamental para que haja uma abertura da consciência, em troca de ideias e visões que até podem ser completas ou se chegar a uma decisão para ambas. O isolamento não personaliza por que não há uma socialização.
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¹ FREIRE, Paulo pág. 9, 1979

O projeto humano se dá objetivando o mundo, criticando-o, compreendendo-o e problematizando-o para que a consciência interaja no mundo vivido. Um processo de construção de um mundo para ele. O método de Paulo Freire é pedagógico, para agir como método de aprendizagem aprendendo a exercer sua liberdade de viver. Seu método de alfabetização é uma forma de fazer com que cada aprendiz crie suas palavras e crie assim a sua cultura. Comunicando-se através de sua expressão no mundo e num diálogo, se interagem os mundos de cada um que expressa. A existência da palavra que origina o diálogo e dele, se expressa e elabora uma comunicação mundial de colaboração universal, onde desta retira-se um reconhecimento de si e do outro, tendo como decisão e compromisso, uma construção coletiva de um mundo comum. A pedagogia do oprimido é o resultado de observações em atividades educativas exercidas no Brasil. Há aqueles que sofrem do medo da conscientização libertária, pois aquele que tem medo da liberdade refugia-se na segurança vital, ou prefere arriscar-se. A radicalização é criadora pela crítica que usa e liberta, por que literalmente corta o "mal pela raiz", e denota de um novo esforço para que a realidade concreta e objetiva se transforme. Não se deve ter medo de enfrentar, de ouvir e de desvelar o mundo, e muito menos do encontro com o povo, nem a comunicação com ele, pois não se é dono de nada, somente de si mesmo, não se pode libertar o oprimido, mas pode ajudar para que ele mesmo se liberte, lutando de acordo com o seu entendimento dentro do seu tempo. Os opressores podem se tornar violentos, injustos e exploradores da vocação. Enquanto que os oprimidos lutam pela recuperação de sua humanidade roubada. A desumanização é a distorção da vocação do ser mais, ela é empurrada como um destino traçado, através de ordens injustas gerando violência dos opressores para com os oprimidos. A luta pela liberdade é para desconectar-se da alienação e afirmarem-se como pessoas, para si e para o mundo. O oprimido busca recuperar sua humanidade e criá-la, e cientes de que não se tornarão opressores dos opressores e sim restauradores de um todo, inclusive de ambos. A pedagogia do oprimido é uma eterna guerra incessante de recuperação da humanidade. A liberdade é uma conquista que estará eternamente em permanente busca, que será existente apenas em ações responsáveis de quem a faz. Tudo é existente a partir das ações humanas e não se transformam por acaso "não da noite para o dia, ou vice versa". Como os homens são produtores da realidade, deve condicionar-se; pode ser tarefa histórica transformar a realidade opressora, mas mesmo assim é tarefa para os homens. As massas populares, aos poucos, estão compreendendo e desmascarando a realidade objetiva e com isto estão interagindo assim como transformando, mas também inserindo se nela criticamente. A educação sistemática só poderá ser mudada com o poder e os trabalhos educativos que devem ser organizados e aplicados aos oprimidos, de uma forma didática mais pedagógica como o método de transformação e conscientização de Paulo Freire. Quando modificada e aplicada corretamente, a pedagogia será de libertação, mudando a realidade de opressão. A sociedade opressora reflete a concepção bancária onde o conhecimento é literalmente vendido, ou seja, a educação é o ato de depositar, transferir valores e conhecimento. O educador educa e os educandos são educados, o educador sabe e os educandos não, o educador diz e os educandos escutam e assim vai. A educação problematizadora coloca a exigência da superação da contradição: educador - educando. O educador educa e é educado em diálogo com o educando que também está se educando e educa; os dois fazem parte do processo em que crescem juntos, pois os homens se educam em comunhão. A educação constitui-se na comunicação e os homens são por que estão em situação, e serão tanto mais quando criticamente pensam e atuam sobre a situação em que estão. A inserção é um estado maior que a emersão e resulta da conscientização da situação sendo a própria consciência histórica.


Por: Prof. Vanessa.

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